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A festa já estava animada quando chegamos no edifício de festas da empresa. Uma grande árvore de natal reluzia num dos cantos do enorme salão abarrotado de gente tanto elegante quanto animadas. Não iria demorar para eu ficar zonza com tantos flashes e luzes, vozes e risos tomavam conta do ambiente de um modo torturante. Estava habituada a chorar de angústia, mas, reunindo forças interior, fiz o possível para participar da alegria de todos. Conversando com um grupo de amigos de Bárbara, eu se sentia um pouco à vontade.

Uma, duas, três taças de champanhe me fizeram perceber um olhar fixo sobre mim. Um sorriso apareceu no rosto do desconhecido, como se ele estivesse esperando que eu o notasse.

Sem deixar de olha-la, ele atravessou o salão, vindo ao seu encontro de modo impecável. Em uma roupa social, o estranho era alto, de porte forte, de ombros largos, e irradiava charme quando parava para cumprimentar alguns dos convidados.

Quase perdi a respiração quando ele parou a minha frente:

–– Vamos para um lugar mais discreto? –– Sem esperar a resposta, segurou o meu braço e me conduziu a saída do salão, parando somente para que apanhasse outra taça de champanhe.

Bem mais tarde, se surpreenderia ao lembrar como deixará que ele tomasse as decisões, como se eu estivesse sob algum encanto.

Ele me levou até o elevador e apertou o botão. Enquanto esperávamos, observava aquele rosto atraente, a pele bronzeada e os cabelos claros bastante alinhados. Como eu não o conhecia?

–– Aonde estamos indo? ––Perguntei se sentindo um pouco zonza.

–– A cobertura do prédio, para conversamos... e talvez jantar. –– Ele respondeu com naturalidade, como se a conhecesse há bastante tempo.

–– Como tem tanta certeza? –– Os olhos azuis de Marina voltaram-se para o rosto dele.

–– Certeza?

–– De que vou ter uma conversa civilizada com você e muito menos jantar?

Falei com a voz um pouco embargada. A essas alturas nem se conhecia. Nunca tinha bebido tanto na vida como esta noite, malmente ingeria álcool em festas.

––Tenho tanta certeza, pois você já está a sós comigo. –– O desconhecido fala com um sorriso zombador nos lábios.

Abrir a boca para protestar, mas estava zonza para articular qualquer coisa. Mesmo assim, sendo teimosa e destemida, falei algo em minha defesa:

–– Eu quero voltar para a festa, agora. –– Falo apertando o botão do elevador, sem ao menos esperar uma resposta.

–– Mocinha. Se acalme, não vou fazer nada contra você e ao menos te estressar.

–– Você já me estressou o bastante. –– Respondo irritada.

–– Me desculpe por isso. Mas eu te peço, só um jantar e nada mais.

Fico em silencio até o elevador parar no saguão da festa.

–– Tudo bem. Eu aceito.

***

Chegando a cobertura, eu o segui através da sala. O ambiente de um jardim de inverno repleto de plantas tropicais, circulando um pátio ladrilhado tomou a minha visão. Uma piscina coberta por neve cintilava toda a beleza do local.

Toda a mobília era luxuosa e de bom gosto. Uma lareira se destacava numa das paredes de pedra. O sofá de couro preto agrupava-se em torno da lareira e, do outro lado da sala, uma mesa quadrada estava posta para os dois, com velas acesas nos castiçais.

Convite SuspeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora