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Esforçava-se para não perder o controle. O menor movimento daqueles lábios, a mínima provocação daquela língua atiçada, me atormentava por completo.

–– Chegamos. –– Anunciou Noah.

A antiga casa ficava perto do lago de pugne. Uma casa de férias, onde várias famílias gostavam de passar a tarde se divertindo.

–– Como você sabia que a minha casa era essa? –– Pergunto surpresa.

–– JPS! E também as suas coordenadas capitã.

–– Desculpas, eu pensei que... espera aí... você está zombando da minha cara?

–– Não. Mas você está perfeitamente insegura a minha relação. –– Noah fala desligando o carro.

–– Bem, eu...

–– Não precisa me dar justificativas Marina.

Um clima tenso se instalou dentro do carro e isso fez com que eu me desculpasse repetidas vezes. Nunca um homem havia me proporcionado tantas aventuras em um só dia, como Noah estava me dando.

––Tem certeza? –– Pergunto e ele acaba enrugando a testa.

–– De que?

–– De dormir nesta casa velha e desarrumada.

A resposta foi um tanto constrangedora para mim, mas Noah já havia saído de dentro do carro e analisado de perto a casa.

–– Tenho certeza. Você não precisa se incomodar em quanto a bagunça. Eu já fui treinado para coisas piores.

Ri da situação, o movimento da minha mão destrancando a porta, fez com que Noah prestasse atenção ao redor de nos dois. O frio consumia os meus ossos e o único barulho que ouvia, era o zumbido da corrente de vento entre nós.

–– Fique à vontade. –– Digo e o meu convidado segue para a sala de estar olhando tudo atentamente.

–– Realmente, este lugar é incrível para as férias. –– Noah anuncia e percebo que não foi um tom zombador e sim admirável.

–– Esse lugar existe desde quando eu era criança. Me lembro da minha infância como se fosse ontem.

Digo recordando dos momentos em que passei nesta casa. Adorava andar de patins e era uma ótima jogadora de sinuca.

–– Reparei que no quarto do hospital tinha uma imagem sua mais nova com o cabelo diferente. –– Noah fala se sentando no pequeno sofá de couro.

–– Sim. Meus cabelos eram mais escuros quando era criança.

–– Entendo. Todos nós passamos por uma transição quando éramos crianças. ––Noah completa.

–– Não creio muito. Você é um homem lindo, com certeza era gato quando criança. –– Digo ligeiramente e vejo a expressão surpresa em seu rosto.

***

A noite estava agradável entre nós dois, Noah me ajudou em uma boa parte do jantar. Ele ensinou alguns dotes culinários e eu me divertia com a sua companhia. A neve havia acabado de piorar e acabamos acendendo a antiga lareira que havia na casa.

–– Pode me dizer o nome deste prato? –– Pergunto me sentando em uma almofada em frente ao fogo.

–– Tacos mexicanos. –– Responde.

–– Não sabia que você era bom na cozinha. Isso está muito bom.

–– Faça as devidas reverencias a minha mãe. Ela que me ensinou uma boa parte dos seus dotes culinários. –– Noah fala saboreando. Realmente, está muito gostoso.

Convite SuspeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora