Convite Suspeito

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Na manhã seguinte, quando deixamos a casa, Noah juntou os presentes que eu havia trazido para papai, um minúsculo jogo de xadrez, que trouxe guardado no porta luvas do carro. A caminho do hospital eu refletia, contente, que apesar da penosa lembrança da morte de Edward, meu Natal estava sendo mais feliz do que tinha imaginado.

–– Eu me divertir muito ontem à noite. –– Falo olhando ligeiramente para Noah enquanto estava concentrado no volante.

–– Apesar de você ter corrido de mim... eu também me divertir muito parceira de sinuca. –– Um sorriso zombador apareceu no rosto de Noah e fez com que eu tivesse um ataque de riso.

–– O que foi?

Pergunta.

–– Nada, só que a cena de ontem à noite, você correndo de cueca pela sala foi uma das mais divertidas da noite. Nunca irei me esquecer. –– Falo relembrando da cena.

–– Também não iriei se esquecer. –– Noah fala piscando o olho e lhe dou um leve tapa nos braços.

Não demorou muito para que nos chegassem ao hospital. Um médico nos conduziu até o quarto onde papai estava repousando e logo fomos nos sentar ao seu lado para saber das novidades do seu estado.

–– Eu estou muito feliz de ver vocês de novo. Pensei que me deixariam aqui sozinho enquanto se divertiam, fazendo Deus sei lá o que. –– John fala irônico e o meu rosto passa para um tom vermelho de vergonha.

–– Pai! –– A filha o repreendeu. Nós somos bons amigos.

Conclui.

–– Eu e a sua mãe também éramos bons amigos. –– John fala se divertindo da situação que se acabou de se instalar.

–– Sr. Alencar, eu respeito muito a sua filha e pretendo continuar agindo assim a longo tempo. –– Noah fala firme e acaba me surpreendendo.

–– Sei que você é um bom rapaz. Aliás quantos anos você tem?

A cada pergunta que papai fazia, me deixava cada vez mais envergonhada.

––Tenho 30 anos senhor. –– Noah responde tranquilamente.

–– Oh! Deve ter vivido várias experiências na vida amorosa.

–– Papai! Você está o constrangendo com essas perguntas. –– Acabo o repreendo. Contudo, estava curiosa em saber a resposta.

–– Não muitas. Espero vive-las ainda. –– Noah fala olhando discretamente para mim e eu acabo tossindo para disfarçar.

O comportamento de Noah durante esses dois dias foi impecável. Não fez a menor tentativa de me tocar. Contudo eu não se sentia segura quando estávamos a sós, não raciocinava direito. Talvez pelo fato de não entender por que ele decidiria passar o Natal com ela num quarto de hospital a fizesse se sentir ameaçada. Mas nada estava como os seus seguintes planos, não se apaixonar por nenhum homem até então.

***

Depois de passar toda a tarde na companhia do pai e de Noah. Era a hora de voltar para casa. Esforçava-se para parecer controlada, porém sabia que suas defesas não resistiriam a uma investida e preferia não correr o risco. Por isso decidiu não o convidar a entrar em casa.

Noah me acompanhou pela escada, carregando a maleta, e esperou que eu abrisse a porta.

–– Você foi muito amável comigo e com meu pai. Nem sei como lhe agradecer... –– De repente me virei, o encarando-o como se estivesse se despedindo com aquelas palavras.