Capítulo 6

7 1 0
                                    

6

Já se passaram dois dias desde a visita de Noah, achava estranho o seu sumiço, tentei esquecer que o mesmo havia prometido que voltaria no dia seguinte. Mas estava difícil, havia me acostumado com a sua presença. Horas mais tarde, o mesmo entrou no quarto no exato momento em que a enfermeira me ajudava a se sentar na cama. Ao contrário da visita anterior, ele usava roupas comuns, me deixando em dúvida sobre como o achava mais atraente.

–– Olá. –– Cumprimento, sorrindo e denunciando a própria alegria por revê-lo. –– Por pouco não nos desencontramos. Estou saindo do hospital.

–– Eu sei, por isso vim até aqui. Conversei com o seu médico e ele disse que só olhe dará alta sob uma condição.

Franziu a testa, intrigada.

–– Mas que condição e essa?

–– Que você aceite ser minha hospede por alguns dias.

Fico surpresa com a sua condição.

–– E você acha mesmo necessário tudo isso?

–– Acho que sim. Quero que você esteja a salvo até o final do ano.

O sorriso de Noah se alargou quando viu que eu fiquei vermelha. Me levantei da cama, atordoada com os últimos acontecimentos. Ainda não sabia direito como iria dispensar o convite de Noah, eu tinha uma casa e uma amiga para ajudar com as suas necessidades.

–– Noah, isso é loucura! Eu tenho a minha vida e você a sua. Não quero te atrapalhar. –– Aviso.

–– Você não me atrapalha em nada, quero uma companhia para os últimos dias. Você seria perfeita para essa grande aventura. ––Noah fala brincalhão e fico com o pé atrás.

–– Acho que deveria aceitar senhorita. –– A enfermeira fala saindo do quarto me deixando acanhada.

–– Eu tenho o meu trabalho. Não posso ficar tirando férias. Tenho minhas responsabilidades. –– Falo suspirando.

–– Não se preocupe. Bárbara me avisou que o seu chef te deixará afastada por um longo tempo. Até você melhorar.

–– Não acredito! Eu devo estar tendo um pesadelo...

***

Me sentei ao seu lado no Jeep e, suspirando, estiquei as pernas para aproveitar o fluxo de ar gelado que saia do ar.

A parte o barulho do transito, os únicos sons audíveis vinham dos pneus no asfalto, do motor do carro e do para-brisa.

As luzes da cidade começavam a se acender enquanto Noah, concentrado, dirigia em silencio através do trafego de sexta-feira. Eu olhava para ele, ansiosa para iniciar uma conversa. Mas algo estava diferente.

Ciente de estar sendo observado, Noah me fitou, e eu, desejando estabelecer alguma intimidade, sorrir. Pela primeira vez ele não retribuiu o sorriso, e seus olhos exibiam um brilho estranho. Estremeci quando ele desviou o olhar.

Contemplando a iluminação de Seattle através do arco que o limpador formava no vidro, via a neve que continuava a cair. Lufadas de vento forçavam os pedestres a baixar a cabeça para se proteger do frio.

A neve caia mais forte naquele momento, cobrindo a grande metrópole de branco.

–– Você está com frio?

–– Não. –– Eu sorri, olhando para as mãos que repousavam displicentes no aro da direção. Dedos longos, unhas bem aparadas, pulsos morenos e másculos contrastando com os punhos imaculadamente brancos da camisa. " Tolice", pensava, procurando se convencer. Noah mantinha-se num silêncio cada vez mais constrangedor.

Convite SuspeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora