Era um vídeo. Meu. Caindo.
O vídeo da minha queda na patinação. A queda que quase me fez ficar sem andar permanentemente. A médica me disse que eu tinha sorte por só ter quebrado o tornozelo e ter recuperado totalmente em duas semanas. E a minha prima simplesmente pega esse vídeo e posta na internet com a legenda "Patinadoras novatas... Acontece". Os comentários eram todos perguntando se eu tinha morrido, já que no vídeo me mostra desmaiada no chão.Nathan narrando:
Hoje eu não estava com o mínimo ânimo de estar na escola, por mais que eu tenha que estudar mais pra não repetir de ano de novo, não é fácil. Hoje me levaram pra diretoria por "passear pelos corredores da escola". Falei que só estava indo no banheiro mas essa desculpa não colou.Vejo as meninas sentadas em uma mesa e vou até lá.
— Eai, gatinhas. - me sento em uma das cadeiras vazias. Assim que me sento, Larissa derruba o celular que estava mexendo e sai da mesa.— Ua, ela tá com raiva de mim, é? - não lembro de nada que posso ter feito pra ela ter ficado desse jeito. Isabela aponta pro celular e eu vejo o vídeo que ela estava vendo. — Merda. - Vou correndo atrás dela. Já a perdi de vista mas ainda posso achá-la.
Os corredores estavam vazios por que todos os alunos estavam no pátio, então não tinha ninguém pra perguntar se tinha visto ela. Já estava quase desistindo de procurar quando a vejo em uma sala vazia. Costumava ser uma sala de aula mas tinha sido desocupada.
Vejo que ela estava sentada em um canto olhando pra parede. Apenas me sento ao lado dela.
— Você me achou - ela diz com um leve sorriso.
— Devo admitir que foi bem difícil, mas eu sempre fui bom nesse negócio de esconde-esconde. - digo rindo e ela ri comigo. — Quer conversar sobre o que aconteceu?
Ela fica um pouco em silencio antes de me responder, como se estivesse pensando no que dizer.
— Na verdade não. Eu tô bem, essa queda não se tornou um trauma pra mim. Acontece, patinadores caem e se envolvem em acidentes.— Então por que saiu correndo?
— Foi por impulso mesmo... Eu não imaginava que aquilo fosse acontecer, ainda mais por causa da minha prima - ela ri baixo.
— Você vai conseguir participar dessa competição e vai arrasar, mesmo perdendo 2 semanas de treino. - digo encostando a cabeça na parede — Talvez você não consiga o 1° lugar mas eu sei que vai arrasar.
— Acho que não vou participar da competição esse ano. Sei lá... Vou me preparar mais pro ano que vem, e vai dar tudo certo.
— Eu sei que vai. Você é uma pessoa corajosa, loirinha. - sorrio pra ela, e ela sorri de volta.
Larissa Narrando
Nathan colocou seu braço em volta do meu pescoço e me abraçou. As provocações de antes já não existiam mais, ele estava me abraçando como um amigo e isso era tudo que eu precisava.
Quem diria que o cara mais rodado e insuportável dessa escola estaria nesse momento sentado em um chão sujo de uma sala abandonada me consolando e me abraçando. É, talvez esse lance de irmãos possa funcionar.O clima tava muito bom mas claro que alguma coisa tinha que atrapalhar. E essa coisa foi a dona Heloísa, vulgo minha mãe, que não parava de me ligar. Eu e Nathan nos soltamos e eu atendi o celular.
— Filha! Desaprendeu a como atender um celular pra ter me ignorado desse jeito? - ela começa a falar e continua antes que eu possa dizer algo — Eu vou te buscar depois da aula porque preciso que você me ajude a decidir os últimos detalhes da minha despedida de solteira.
Sim, minha mãe vai fazer uma despedida de solteira e sim, ela convidou a filha dela pra participar.
Mas não vai ser uma despedida normal dessas que tem strip tease ou bombeiros de cueca, vai ser só uma comemoração simples com algumas amigas próximas. Pelo menos foi o que minha mãe disse e eu espero que seja verdade.— Ok mãe, eu te espero no estacionamento. Só não me esquece de novo, por favor. - Respondo e ela se apressa em se despedir e desligar a ligação, porque ainda estava no trabalho.
Eu e Nathan saímos daquela sala suja e empoeirada pra voltar pro intervalo mas já tinha acabado, todos estavam voltando para suas salas.
Dainara nos viu saindo de um corredor sozinhos e sua cara de brava foi impagável.Assim que as aulas acabaram, minha mãe veio me buscar pra olhar os últimos detalhes de sua despedida de solteira, que seria no sábado. Tia Daíse estava ajudando ela a organizar a festa, mas hoje ela não poderia acompanhar minha mãe. então eu estou servindo de 2° opção.
Primeiro nós almoçamos, minha mãe fez alguns pagamentos da decoração da festa, me fez experimentar um trilhão de petiscos diferentes enquanto ela experimentava bebidas. Eu nunca vi minha mãe tão bêbada. Mesmo com ela bêbada e me passando a maior vergonha, nós ainda fomos comprar a roupa que ela iria usar, e eu aproveitei pra comprar algumas pra mim também. No final do dia Matthew teve que nos buscar porque eu não deixei minha mãe dirigir nesse estado que ela estava, sou nova demais pra morrer.Meu dia foi bom, claro que com algumas exceções como eu não entender nada do que nenhum dos professores falavam ou que por causa da Dainara metade da escola achava que eu estava morta. Mas ok, acontece.
Os dias se passaram bem rápido, fui pra escola, aos treinos... Estava tudo voltando ao normal aos poucos. Mesmo não participando das competições esse ano, ainda ia aos treinos por diversão e pra já começar a treinar pras competições do ano que vem.
Hoje é quinta-feira, 5 horas da tarde e eu estava no sofá enquanto ganhava de Nathan no vídeo-game pela milésima vez. Sim, ele ainda está na minha casa e todos os dias eu rezo pra ele ir embora logo porque ele é muito chato e entra no meu quarto sem bater na porta todos os dias.
Mentira, até que eu gosto de tê-lo por perto. Ele é um palhaço e me faz rir as vezes.— Porra! - Nathan reclama colocando as mãos no rosto ao perder o jogo pra mim de novo. — Tem certeza que nunca jogou esse jogo antes?
— Juro que não. Você que é ruim mesmo.
— Eu sou ótimo nesse jogo, só estou em um dia ruim, ok?
— Dia ruim... Sei... - digo — Cansei de jogar, preciso sair de casa.
— Pra onde quer ir? - ele levanta uma sobrancelha.
— Não sei... Algum lugar que eu não precise me arrumar porque tô com muita preguiça.
Ele me olha de cima a baixo. — É, algum lugar que dê pra você ir de pijama é meio complicado.
— Isso não é pijama, é minha roupa mais confortável - Eu estava usando uma calça de moletom e um top, eu amava me vestir assim e Nathan vivia falando que moletom era pijama.
— Resumindo: pijama. - ele ri.
— Já sei pra onde a gente pode ir. - ele olha pra mim esperando que eu diga onde. — Vai ser surpresa, eu dirijo. - Vou até meu quarto buscar meu casaco.
— Só nos seus sonhos que eu deixaria você dirigir a Taylor! - ele grita.
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Teen FictionLarissa Scarllett tem 18 anos, filha de pais divorciados. Mora com a mãe, enquanto o pai mora na Inglaterra. Está no 3° ano do Ensino Médio. Sua vida ia bem até que sua mãe anuncia um casamento. Espera, o quê? Casamento? Nathan, filho de seu novo pa...