Capítulo 32

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Chego em casa e minha mãe estava surtando, dava pra ouvir seus gritos no bairro vizinho. Matthew tentava acalma-la mas era totalmente em vão. O dia do casamento estava chegando, deixando minha mãe maluca.

— A banda cancelou! A banda cancelou! - minha mãe dizia indo de um lado para o outro. — Esse tipo de coisa só acontece comigo mesmo!

— Calma, amor. O que não falta por aí é banda talentosa pra gente contratar. - Matt tenta amenizar a situação.

— Esse casamento tem que ser perfeito, e aquela era a banda perfeita, mas parece que a vocalista ficou gravida e entrou em licença maternidade, pelo menos eles pagaram pela quebra de contrato.

— Há males que vem pro bem. - digo subindo as escadas pra ir pro meu quarto.

— Larissa, você vai me ajudar a escolher as flores hoje! - minha mãe diz e eu penso em como sair dessa situação. Da última vez que eu acompanhei minha mãe nesses momentos de loucura, foi na organização da despedida de solteira dela e o dia acabou com ela bêbada sem ter nem condições de dirigir.

— Eu tenho um trabalho de escola pra fazer! Que pena - digo. Nicolas logo depois se oferece pra ir com ela. Sorte a minha.

Entrei no meu quarto e mandei mensagem para Diego, disse que chegaria em sua casa às 2 horas.

Todos nessa casa estavam tão desesperados que até se esqueceram do almoço. Minha barriga já estava virando um monstro então decidi ir na cozinha testar meus dotes culinários.

Decidi fazer um strogonoff, vi a receita na internet e parecia ser simples de se fazer. Mas como sou eu que estou cozinhando, eu não duvido que dê errado. Peguei os ingredientes e coloquei na bancada. Mas assim que olho em direção à porta da cozinha, vejo Nathan parado encostado na porta. Eu não esperava vê-lo agora e nem queria. Até pisquei algumas vezes pra ter certeza se era real. Ele estava mesmo ali.

— Não precisa me olhar como se eu fosse uma alma penada - ele se aproxima de mim com as mãos no bolso.

— Vai por mim, eu preferia que fosse uma alma penada do que você. - digo começando a fazer o strogonoff

— Ouch... Ok, eu mereci essa... Quer ajuda? - ele diz me fazendo respirar fundo. O que eu realmente queria era socar a cara dele, mas não ia fazer isso.

— O que você quer Nathan?

— Aproveitei que seu irmão saiu junto com a sua mãe pra conversar com você. Na verdade só pra me desculpar. Eu até entendendo que você não queira me ver nem pintado de ouro mas só quero que saiba que eu sinto muito. Eu fui um babaca nesses últimos dias e sei que você merece mais que isso. Desde a primeira vez que eu te vi, eu não te vi só como a prima da minha ex, mas sim como uma menina super gente boa que acabou me conquistando. Mas como eu disse, você merece mais que isso e... Agora eu te pergunto. O que você quer, Larissa? Se quiser que eu me afaste, é só pedir e eu vou respeitar sua decisão - Suas palavras me deixaram tão... estranha. Era isso que eu sentia perto dele, confusão. Eu não quero isso pra mim, se ele realmente me considerasse do jeito que disse, teria vindo conversar comigo antes de me julgar, como dois amigos deveriam fazer. Eu só quero o apagar da minha vida, é isso que vai me fazer bem por agora.

— Eu só quero que você vá embora e finja que nunca me conheceu, de preferência. - digo sem olhar pra ele, mas ele deve ter percebido meus olhos marejados.

— Tem certeza? - Nesse momento eu olhei pra ele. Não consegui decifrar se aquelas palavras eram verdadeiras ou não, só estava ficando mais confusa.

— Absoluta - Respondo firme.

— Ok... Bom... Eu vou te dar o espaço que você quiser, mas saiba que você sempre vai ter um espaço reservado dentro de mim... Vou pegar minhas coisas que ainda estão aqui pra levar pro meu apartamento. - Ele sorri fraco e vai embora.

Tentei ignorar tudo que aconteceu e só terminar de fazer o strogonoff, sempre que ele aparecia na minha mente, eu fazia de tudo pra pensar em outra coisa.

O strogonoff não deu muito certo, acho que depois do que aconteceu eu acabei ficando um pouco desfocada.
Quando deu 2 horas, fui pra casa de Diego fazer o trabalho, era perto então decidi ir andando mesmo. Não sei que azar foi esse que aconteceu mas trombei com Nathan assim que saí da minha casa.

— Achei que iria me dar espaço.

— Não é culpa minha se você resolveu sair de casa bem quando eu também estava saindo. - ele diz olhando pra mim e sorrindo, ele estava se divertindo com a situação. — Ah, esqueci de uma coisa. - ele coloca a mão no bolso e joga uma chave para mim.

— O que é isso? - digo olhando para as chaves que ele tinha me entregado. Não pode ser...

— Do meu carro, ué. Perdi a aposta né? Sou um cara de palavra. O carro tá lá dentro na garagem, é seu agora. - ele diz sorrindo de leve.

— Ah, sua palavra não anda valendo muito ultimamente - brinco. — Não precisa, não quero seu carro.

— Você ganhou a aposta, pode ficar com a Taylor. Luiz vai vir me buscar. Aliás, foi ele e a Ariana que praticamente me obrigaram a dar o carro pra você logo. Eles disseram que você tinha todo o direito de me extorquir.

Isso é bem a cara dos dois mesmo. Ariana deve ter descido a porrada no Nathan e depois feito ele me dar o carro dele. Essa vingança está sendo ótima.

— Não sei se você lembra, mas quando eu te dei a primeira carona nesse carro, você me perguntou quantas garotas eu já tinha levado pra dentro dele.

— É, eu lembro. Você disse que várias. - lembro e ele ri negando com a cabeça

— Você foi a primeira. E pelo visto a única, já que o carro agora é seu. - Assim que ele disse isso eu paralisei pensando na possibilidade disso ser verdade. Por mais que eu esteja conversando normalmente com ele aqui agora, eu ainda estou machucada por dentro, e por isso tenho dificuldade em acreditar que eu era importante pra ele.

— Adeus, loirinha. De verdade dessa vez. - ele sorriu e entrou no carro de Luiz que chegou bem na hora. — Só cuida bem da Taylor por favor - dava pra sentir o desespero em sua voz e eu teria pena se não estivesse brava com ele.

Só não entendi por que ele me deu adeus. Querendo ou não, somos meio-irmãos e vamos nos ver frequentemente.

— Pra onde você tá indo? Quer carona? - Luiz pergunta enquanto abaixa os óculos de sol que estava usando. Se existe alguma pessoa mais estilosa que esse menino, eu desconheço.

— Não precisa Luizinho, vou pra casa de um amigo meu que é aqui perto. - falo e Luiz começa a rir olhando pra Nathan.

— Humm, "amigo"? Parece que a fila andou rápido hein? Perdeu, Nathan. - ele dá partida e vai embora, mas antes eu ainda consegui ver a cara de tédio de Nathan. Olhei para as chaves que ele tinha me dado e ainda não estava acreditando que ele realmente tinha me dado o carro favorito dele.

Guardei as chaves no meu quarto e fui pra casa de Diego. Passei o caminho tentando esquecer de Nathan, tenho que focar em fazer esse trabalho, apenas.

Você Perdeu a ApostaOnde histórias criam vida. Descubra agora