Décimo Quinto

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Harry chorou quando o final do mês de outubro chegou, sua mãe e ele tinham a antiga tradição de saírem para pedir doces, tradição essa que perdurou até seus dezoito anos. Sempre nessa época Lilian o visitava por alguns dias na casa de Molly.

Hoje, dia trinta e um de outubro, ele chorava por ter perdido três coisas importantes em sua vida. Hallowen, sua mãe e os Weasley.

Ele era tão insignificante assim para todos eles para que o abandonassem por decidir ter sua própria vida ao lado do homem que havia se apaixonado?

Isso o fez refletir sobre o assunto felicidade, sempre ouviu que Molly, Lilian, Arthur, Fred, etc o amavam e desejavam sua felicidade, mas talvez para eles a felicidade que desejavam sobre Harry, as expectativas que jogavam sobre ele, não era a mesma felicidade de Harry. Sua felicidade era Londres, a Universidade, os Weasley, Lilian e Draco, mas aparentemente ele não poderia ter todas essas coisas ao mesmo tempo. Pois a felicidade que lhe era desejada não era a sua, e as pessoas não sabiam lidar quando algo saía de seu controle.

Quem mais dizia desejar sua felicidade eram aqueles que o tornava infeliz nos dias de hoje.

Hipócritas.

- Docinho, por que está chorando? - Draco questionou ao entrar na biblioteca, onde Harry estava encolhido na cadeira do escritório, com a mesa à sua frente coberta de cadernos, apostilas e canetas.

- Porque todo mundo me odeia e mente para mim! - gritou, tentando conter as lágrimas. Não queria que Draco o visse chorar, queria chorar sozinho. Mas que inferno!

- Hey! - ergueu as mãos. - Eu não te odeio.

- Mas isso não é sobre você, seu babaca! Minha vida não gira ao seu redor!

- Pare de descontar em mim! - pediu, tentando não soar mandão. Só queria ajudar.

- Desculpa, eu sou um monstro. - mordeu os lábios, para tentar engolir o choro.

- Você não é, doce. - aproximou-se do menor, ficando de joelhos ao lado da cadeira dele. - Por que está assim?

- Porque ninguém me ama de verdade, só fingem! Meus pais são uns falsos egoístas e eu queria nunca ter nascido!

- Eu sinto muito, a culpa de você estar afastado deles é minha.

- Não é sua culpa, Dray. Minha mãe fugiu do meu pai e me privou dele por toda a minha vida, apenas porque ela tinha problemas mal resolvidos com ele, eu sei que James era horrível com ela, mas ele é meu pai e era direito dele e meu termos esse contato. Muitos pais não querem assumir os filhos, mas James quis e eu sempre quis ter um pai, e eu poderia ter tido. Arthur era como um pai para mim e Molly uma mãe, mas eles não eram meus verdadeiros pais. - fungou. - Minha mãe é tão irresponsável que me largou para ser criado por uma amiga dele, uma mulher que já tinha seis filhos e teve mais um depois do meu nascimento.

- Eu... Nem sei o que dizer.

- Eu só queria que Lilian tivesse me abortado, a minha existência é um peso na vida de todos eles e ser rejeitado por todo mundo dói tanto. - choramingou com um beicinho nos lábios pequenos. - Eu sou a materialização do ódio e dos erros que Lily nutriu a vida inteira, tudo isso rendeu consequências na minha vida. Eu odeio a minha mãe! - Harry chorava com tanta força que Draco começou a se preocupar com uma possível crise respiratória.

- Eu vou cuidar de você, tudo bem? - o pegou no colo, apertando em seus braços, sentindo o corpinho menor tremer contra o seu. Estava cansado do plantão, mas não queria deixar Harry no estado em que o mesmo estava. Jamais deixaria que ele pensasse que era mais um dos que o havia deixado de lado.

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