3.

302 21 6
                                    

atlanta, georgia, estados unidos

Mesmo depois de horas dirigindo, Bieber e Ariana ainda nem sequer trocaram uma palavra. Ele ainda tinha os ferimentos de dois dias atrás causados por ela, e bem, ela preferia poupar sua grosseria para um momento mais adequado. Justin já estava irritado por causa do calor infernal que fazia do lado de fora, e tudo só piorava com a mala de mão, que Ariana insistiu em trazer, batendo frequentemente nos extremos do carro a cada curva feita.

Para melhorar tudo, a gasolina estava no fim, e o próximo posto seria há mais ou menos dois quilômetros. Para Bieber, isso era uma infeliz coincidência, mas Ariana sabia que na verdade, era Louis testando o espírito de trabalho em equipe dela. Ele sabia que ela odiava trabalhar em dupla com alguém, ainda mais alguém como o Bieber. Isaac ainda era fácil de aturar, ele gostava de receber ordens e Ariana gosta de dar ordens. Mas as coisas não funcionam assim com Bieber.

Aos poucos, o carro vai diminuindo a velocidade e Bieber bate as mãos no volante. Impaciente. Ariana abre a porta do carro, e estica suas pernas. Ela caminha até a parte da frente, e tenta alcançar algum veículo que pudesse ajudá-los, mas está tudo vazio. Afinal, estavam perto do Natal e ninguém se atreveria em ir viajar e perder a ceia com a família. Ninguém menos os dois. Na verdade, Ariana não mantém muito contato com sua família. Eles moram em Boca Raton, onde a garota nasceu, e desde que se mudou para Atlanta, ela não tem falado muito com eles.

- Eu vou caminhando até o posto. Vou buscar gasolina. - Ela disse recolhendo suas coisas.

- Ta louca? Já passa das seis da tarde. - Ele diz óbvio. - Vai ficar escuro, e eu não vou atrás de ninguém.

- Obrigada, mas eu sei olhar as horas! - Ela bufou.

Ariana saiu do carro e guardou sua pistola em sua calça. Estava preparada para andar por dois quilômetros. Aquilo não era nada, comparado ao treinamento em que recebeu com Louis. Ele a fez andar doze quilômetros sem parar, e sem beber mais que uma garrafa de água. Bieber revirou os olhos, e trancou as portas do carro. Ele deu uma breve corrida, apenas para alcançar a mulher.

- Acho que alguém tem medo de escuro. - Ela disse debochada.

- Cala a boca antes que eu desista! - Ele cruzou os braços.

Ambos andaram por quase setecentos metros em um silêncio extremo, ela queria quebrar aquele clima constrangedor, mas sabia que assim que abrisse a boca, seria recebida com paus e pedras. Não era culpa dele, ela só não sabia disso. Bieber nem sempre fora assim grosso e rude. Ele já fora ingênuo e indefeso, por trás desse coração de pedra, tem um garotinho amedrontado. Ele só usa a grosseria como válvula de escape.

- Tem filhos, Ariana? - Ela se surpreendeu com a pergunta vinda do rapaz, mas resolveu responder. - Só estou tentando quebrar esse clima horrível.

- Não tenho filhos. - Ela comenta simples. - Nem marido. Nem namorado. Nem irmãos. Nem família. Estou sozinha.

- Eu tenho dois irmãos. - Ele comenta simples. - Eles moram no Canadá. Eu os vejo duas vezes por ano apenas. No meu aniversário, e no ano novo. Vai passar o Natal sozinha então?

- Acho que vamos passar o Natal juntos. - Ela deu de ombros. - Deve ser legal saber que tem gente te esperando. Mesmo que seja em outro país.

- Você tem que ter uma família. Uma mãe e um pai, não é possível! - Ele disse indignado. - Eles morreram ou algo assim?

- Não. Na verdade, eles estão vivos sim. Moram em Boca Raton, foi onde eu nasci. Mas, desde que eu me mudei, pareço não existir mais pra eles. - A garota deu de ombros. Ela não gostava de falar sobre, mas se era o único jeito de quebrar aquele clima chato, ela estava disposta a falar.

𝘚𝘛𝘙𝘈𝘞𝘉𝘌𝘙𝘙𝘠 𝘓𝘐𝘗𝘚 ::: 𝘫𝘢𝘳𝘪𝘢𝘯𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora