Sumário: Nove meses após o motim da prisão, Macarena volta com uma oferta e Zulema se encontra incapaz de recusar.
A tempestade lá fora era suficiente para distrai-la, mas não o suficiente para entreter-la.
Zulema desejou ter uma janela ao nível dos olhos para poder ver a vista. Em sua mente, ela podia imaginar, o céu escuro desencadeado apenas por um raio, a maneira que as gotículas pareceriam sob a luz dos postes da lâmpada, folhas ao vento.
Infelizmente, tudo o que ela tinha eram janelas tão altas que a única coisa que conseguia ver através delas era a chuva respingada de preto.
Zulema se virou quando um guarda estava em sua cela.
"Você tem uma visita", o guarda — Gary, ela descobriu — disse, com os braços cruzados sobre o peito. Ele parecia melhor agora, melhor do que há algumas semanas atrás, quando ela o estrangulou. Ele é novo e aprendeu da maneira mais difícil a não chegar muito perto.
Zulema olhou para ele com uma sobrancelha levantada. "Eu não tinha percebido que tinha permissão para receber visitantes, muito menos que alguém iria querer visitar".
Ele resmungou e voltou a sair.
Curiosa, Zulema rapidamente marca sua página e parágrafo com uma nota mental e fecha o livro.
Após a morte de Sandoval, as coisas preciosas, como livros, estavam ficando mais difíceis, e depois que o tempo de prisão de Macarena chegou ao fim, elas eram sua única companhia agora.
Elas nunca se deram bem, exatamente, mas sempre trabalharam melhor juntas. Às vezes, quando os livros se tornam uma companhia tediosa, ela tenta imaginar uma cabeça loira roncando suavemente abaixo de seu beliche.
Saindo de sua cela, Gary a leva para a sala de visitantes, andando um metro ou dois a mais que o necessário — seu aviso muito claro em sua mente, ela percebe.
Ela se senta na mesa mais distante que encontra, esperando a sua visita entrar. Depois de alguns minutos, sente-se encantada quando o som de botas no corredor do lado de fora da sala responde o mistério: Macarena.
O que poderia ter lhe dado a motivação - e a capacidade - de chegar até aqui? Depois de seu pequeno incidente alguns meses atrás, eles suspenderam seu direito de receber qualquer visitante.
Quando a mulher em questão entra em sua visão, Zulema lhe da um sorriso e diz "Que surpresa mais agradável. Como você conseguiu entrar aqui? Fabio?"
Macarena faz uma careta "Ele não sabe que eu estou aqui."
Após ela não dar mais explicações, o sorriso de Zulema se alarga "Bem, suponho que uma garota tenha seus segredos. Não vou pressionar. Mas, nós duas estamos muito cientes que você não passaria por aqui para pôr o papo em dia. Há uma razão para você estar aqui."
Elas se entreolharam com uma tensão peculiar preenchendo a sala. Zulema aproveitou a oportunidade para estudar Macarena adequadamente — desde as cutículas roídas das unhas até o brilho do batom nos lábios, das botas gastas até as luvas novas de lã, assim como a quantidade de chuva acumulada nas lapelas do casaco, levantadas até o pescoço contra o vento. A vida livre não a fazia muito bem.
"Eu não tinha pensado que você aceitaria minha oferta. De fato, não faz exatamente um ano, mas entendo se você sentiu minha falta e queria fazer uma visita." Zulema continuou, esperando que isso lhe provocasse uma resposta, mas sem sucesso.
No dia em que Macarena foi marcada para deixar a prisão, Zulema havia oferecido uma maneira de manter contato. Cartas. Um ato de desespero, na verdade. Ela não tinha mais aliados dentro da prisão e sentia a necessidade de manter a coisa mais próxima de um fora da prisão. Macarena apenas olhou para ela antes de se virar e sair.
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Waterloo
RomanceNove meses após o tumulto na prisão, Macarena volta para fazer uma oferta e Zulema se vê incapaz de recusar. Eu não possuo Vis a Vis, nem seus personagens, referências foram usadas, elas pertencem aos seus respectivos proprietários. Durante os prime...