Sumário: Dois passos à frente, um passo atrás — nem um progresso, nem uma dança. Uma sedução.
Notas: A partir deste capítulo, eu passei a escrever de uma forma mais prolongada — essa é minha primeira história, então eu acabei aprendendo a contá-la enquanto eu escrevia. Eu gosto de pensar que a essência de Waterloo é capturada melhor a partir deste ponto.
Ah, e eu leio todos os seus comentários! Me acabo vendo a reação de vocês. xD
Macarena observa o homem à sua frente com uma bola de culpa afundando em seu estômago.
Ela o encontrou trabalhando silenciosamente consigo mesmo na van deles, metade do corpo jogado sobre o motor, provavelmente certificando-se de que estava em boas condições antes de usá-lo.
Ainda não desejando atrair a atenção dele para si mesma, ela havia abordado a cena em silêncio, escolhendo descansar o ombro na soleira da porta da frente, cruzando os braços para se proteger do frio da manhã.
Ela acordou naquela manhã em uma cama vazia.
No minuto em que ela abriu os olhos ela sentiu que algo havia mudado dentro dela — sua mente ainda enevoada de sono — ela passou alguns minutos tentando descobrir o que estava faltando, apenas para perceber que não havia nada.
Era, de fato, um sentimento de totalidade.
Como uma rocha que é gradualmente degradada pela maré, Macarena caiu lentamente nas garras de Zulema, dissolvendo — onda após onda, dia após dia — afundando mais fundo em seu oceano.
Macarena se pergunta brevemente se é assim que os toxicodependentes se sentem sobre si mesmos — relutantes em admitir derrota, mas totalmente incapazes de deixar ir. Ela acabou precisando de Zulema em mais de um maneira.
Ela solta um suspiro antes de começar a se aproximar dele, contornando a van para encontrá-lo no capô aberto.
Fabio leva um segundo para notá-la, profundamente concentrado — seus olhos instantaneamente se tornando calorosos no segundo em que ele a nota, um sorriso se formando em seus lábios. Ela sente a bola de culpa afundar ainda mais.
"Bom dia, princesa." Ele diz, pegando a toalha no ombro para limpar as mãos oleosas.
"Bom dia." Ela responde, apertando mais os braços, sentindo-se desconfortável na presença dele. Ele certamente parecia feliz, como a maioria dos homens depois de finalmente conseguir o que quer — olhos brilhantes e sorriso atrevido. Ela se pergunta se ele pode ver a mesma aura nela, se a marca de Zulema nela era tão visível por fora quanto ela se sente por dentro.
"Eu gostei do nosso tempo juntos na noite passada." Fabio tem um sorriso no rosto enquanto ele acaricia os dois braços dela com as mãos agora limpas, fechando o espaço entre eles. A essa distância, ela pode sentir o calor irradiando de sua pele, resultado de trabalhar horas na frente de um motor mecânico.
A mente de Macarena se enche das lembranças erradas com as palavras dele — olhos de mel e pele pálida sob as palmas de suas mãos, gemidos suaves atingindo seus ouvidos, dedos esbeltos percorrendo sua túnica, fazendo-a tremer — ela levanta a mão no peito dele para se apoiar no presente, momentaneamente fechando os olhos.
"Eu gostei também." Ela diz, piscando os olhos abertos, não exatamente se referindo à mesma coisa que ele. Forçando um sorriso nos lábios, largo o suficiente para enganá-lo, ela se chuta mentalmente por não se sentir mal por mentir para ele — a culpa efervescente se acumulando em seu estômago reservada inteiramente à sua falta de remorso.
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Waterloo
RomanceNove meses após o tumulto na prisão, Macarena volta para fazer uma oferta e Zulema se vê incapaz de recusar. Eu não possuo Vis a Vis, nem seus personagens, referências foram usadas, elas pertencem aos seus respectivos proprietários. Durante os prime...