Live or die?

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Hoje iremos gravar a cena que a personagem de Mary tenta me matar. Eu ainda não havia visto Mary pelo o estúdio mas sabia que ela estava no camarim se trocando para gravar.
A vontade que eu tinha era de entrar lá e contar toda a verdade sobre o marketing mas eu não poderia. Isso prejudicaria tudo e eu tinha um acordo com o diretor e com Prudence. Ambos pediam para que eu ficasse longe da Mary, um por Marketing e outro por hate. De um jeito ou de outro, eu não poderia me aproximar mais dela e isso estava acabando comigo.

- Hey - Marie diz com um sorriso e me abraça. Nesse meio tempo do marketing nós desenvolvemos uma amizade.

- Oi - sorri fraco.

- O que houve?

- Nada, besteira - suspiro.

- E essa besteira tem haver com uma certa morena de olhos azuis? - ela passa a língua pelos dentes e sorri.

- Eu sinto falta dela

- Eu sei e sinto muito por isso

- Não é culpa sua. Os fãs, o Roberto... eles estão acabando com a gente

- O melhor jeito é esperar e ir se aproximando aos poucos e discretamente

- Prudence me disse isso, quando ela não me odiava

- E por que ela te odeia agora?

- Talvez seja porque eu estou com você e machuquei a Mary - digo em tom irônico mas logo me arrependo.

- Me desculpe... Eu estou uma pilha

- Tá tudo bem - ela me abraça e beija meu rosto.

Olho a hora no celular e faço uma careta.

- Droga! Estamos atrasadas pra gravar

- Você está... a cena é entre você e Mary, esqueceu?

- Argh... é verdade, eu tô indo - digo me levanto e saindo do meu trailer.

- Vou assistir vocês - ela diz e me segue.

Vou até o estúdio que iríamos gravar e encontro todos com uma cara nada paciente.

- 10 minutos? Sério? - Roberto diz sem paciência alguma.

Mary apenas nos olha e depois volta a olhar para seu script.

- Vamos, se pocisionem - ele diz se sentando em sua cadeira.

A cena se passaria na casa de Eva, onde ela ouviria a campainha, atenderia e encontraria Lilith com uma adaga na mão.

A campainha toca.
Eva se levanta da cadeira, onde estava lendo seu livro e vai atender.

- Lilith?

- Vire-se - ela pede apontando a adaga pra mim.

- Lilith... por favor - peço com o resto de tranquilidade que ainda havia em minhas veias.

- Eu disse que mataria você se esse fosse o único jeito - ela diz sem nenhuma emoção.

- E você está disposta a fazer isso - digo decepcionada.

- Vá em frente, me mate - digo e me ajoelho de costas para ela.

A ouço suspirar e fecho os olhos.
Vejo a adaga cair no chão, ao meu lado.

- Eu não consigo - ela diz e passa as mãos pela testa.

- O que aconteceu com a gente? - a vejo chorar pela primeira vez.
Me levanto e a abraço, ela mantinha seus braços rígidos e se recusava a me abraçar e eu a abraçava ainda mais forte.

- Eu não sei - digo em meios as lágrimas.

- Me solte, Eva - ela pede séria e limpa as lágrimas de seu rosto.

A solto devagar.

- Suba pro quarto, Mambo não irá gostar de ver você chorando desse jeito - ela diz e retoma sua postura de superior de antes.

- Lilith... - ela me interrompe.

- Agora - ela eleva seu tom de voz e eu a obedeço.

A olhei e subi as escadas correndo.
Lilith não me queria mais e eu era a culpada disso.

- Corta, maravilhoso! - Roberto diz satisfeito e toda a equipe nos aplaude.

Olho pra Mary e ela desvia o olhar.
Sinto meu coração quebrar e assim como Eva, eu tinha uma parcela de culpa em tudo aquilo que estava acontecendo.

- Eu estou liberada, Roberto?

- Claro, pode ir tirar seu dia de folga Mary - ele diz divertido e ela abre um pequeno sorriso, se retirando dali.

Penso em ir atrás dela mas mudo de ideia ao pensar que isso só traria mais sofrimento para ambas.

- Parabéns, arrasaram - Marie diz com um sorriso.

- Obrigada - a abraço e seguimos juntas para nossos respectivos camarins.
Passamos por Mary e Prudence, que já estavam indo para o estacionamento.
Mary me olhou por alguns instantes mas Prudence a puxou pela mão para que andassem mais rápido.

- Quer carona? - perguntei pra Marie, tentando me distrair.

- Estou com meu carro, obrigada

- Se cuida tá bom, qualquer coisa pode me mandar mensagem - ela diz e me abraça.

- Obrigada, até amanhã - digo baixo.

Entro em meu carro e dou a partida, seguindo para casa.

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