Hours before and after

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Horas antes do ocorrido, Hilda havia me mandado um print do post de Mary. Eu entrei automaticamente em pânico ao ver que aquele post era claramente uma despedida. A primeira coisa que fiz foi ligar pra Prudence e contar sobre o post. Ela ficou desesperada e disse que estava indo pra casa de Mary naquele exato momento. Peguei as chaves do meu carro, liguei para Hilda e disse para encontrar a gente lá. Como Mary sempre deixava a porta do apartamento aberta, entramos e fomos todas para seu quarto. Quando cheguei lá a vi convulcionando e não pensei em outra coisa a não ser a pegar em meus braços.

- Vire ela de lado, agora! - Prudence gritava nervosa.

A virei de lado e vi minhas lágrimas caindo por seu rosto.

- Por favor, fique viva

- A ambulância tá chegando - Hilda diz desligando o telefone.

- Por favor fique comigo - Eu susurrava em seu ouvido.

Vejo os paramédicos entrando no quarto e me tirando de perto dela.
Eu não estava raciocinando direito e consequentemente não ouvia nada do que eles falavam.

Os vejo a carregarem na maca, ela permanecia imóvel e eu parecia ter entrado em estado de choque.

- Vem Zelda, vem comigo - ouço a voz doce de minha irmã, me carregando pra fora do apartamento.

- Hilda, a leve pra casa - vejo Prudence dizer e as portas da ambulância se fecham.

Pisco meus olhos diversas vezes.

- Mary tentou se matar - digo baixo.

- Vamos pra casa, eu vou cuidar de você - Hilda diz alisando meu braço.

- Eu quero ir pro hospital, ela tem que viver - digo.

- Você está em choque, Zelds - Hilda diz.

- Me leve pro hospital, agora - digo nervosa, recobrando aos poucos k resto de consciência que eu ainda tinha.

Fomos no carro de Hilda, porque eu não tinha condições para dirigir o meu.
Como o hospital era perto, chegamos rápido.

- Ela vai viver, ela vai viver, ela vai - repetia pra mim mesma. Eu precisa me convencer disso.

- Mary Wardwell, por favor - minha irmã diz para a recepcionista do hospital.

- Um momento - vejo a mulher checar no computador, enquanto repetia inultimente em minha cabeça que Mary saíria viva de lá.

- Segundo andar, CTI - ouço a mulher dizer e vou caminhando apressada.

- Zelda, espere - Hilda diz, vindo logo atrás de mim.

Pegamos o elevador e fomos para o segundo andar. Encontro Prudence sentada em uma das cadeiras com as mãos no rosto.

- Cadê ela? - pergunto nervosa.

- Ninguém veio até agora - Prudence passa as mãos pelo rosto, seus olhos estavam vermelhos, provavelmente havia chorado.

Me sento ao seu lado, junto com Hilda e fico em silêncio. Minha mente ainda estava em choque e a cena de Mary convulcionando não saía de jeito nenhum da minha cabeça.

- Parentes de Mary Wardwell? - ouvimos a voz do médico.

Nós três levantamos. Meu coração se encontrava terrivelmente acelerado.

- A paciente se encontra em observação e deverá permanecer assim por 48 horas. Tempo para que restos do efeito do medicamento que ela ingeriu saia de sua corrente sanguínea

- Então ela está viva? - pergunto.

- Sim e isso é praticamente um milagre, devido à quantidade alta de remédio que ela ingeriu

- Ela tá viva, Hilda, ouviu isso? - meu coração se encontrava aliviado mas não livre do peso da culpa.

- Podem ir pra casa se quiserem, iremos ficar de olho nela - O médico diz simpático.

- Nós ficaremos, obrigada - Prudence diz com uma feição mais aliviada.

- Façam o que achar melhor, com licença - ele diz com um sorriso e nos deixa.

Me sentei novamente e comecei a chorar. Um choro de alívio mas ao mesmo tempo de culpa.

Sinto mãos me envolverem em um abraço. Era Prudence e Hilda.

- Eu quase a perdi - digo entre soluços.

- Mas não a perdeu - Prudence diz.

- Eu preciso contar algo pra vocês - limpo as lágrimas e tenho a atenção delas para mim.

- Eu e Marie não estamos juntas

- Como assim? - as duas perguntam confusas.

- Marketing - digo e elas têm uma feição de surpresa.

- Pera... você poderia ter contado isso pra Mary e preferiu esperar ela quase morrer pra isso? O que você pensa que está fazendo, Zelda? - Prudence diz com raiva e tira seus braços em volta de mim.

- Não! Roberto nos disse que não poderíamos contar, tinha que ser real até dentro do set. Não tivemos escolha, era um buzz pra série

- Homens - Hilda diz com certo desprezo em sua voz.

- Idiota, que ódio!

- Quando Mary se recuperar, eu vou contar tudo pra ela

- É melhor mesmo - Prudence diz semicerrando os olhos.

- Me desculpem - pedi.

- Não importa, vamos pensar na Mary agora - Hilda diz e me abraça um pouco mais forte.

Dormimos ali mesmo, uma com a cabeça no ombro da outra. Não iríamos sair dali sem ter a certeza de que Mary estava bem.

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