8. the declaration

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Consigo ter algum momento de paz depois de tudo que vi acontecer. Não consigo parar de chorar, vi pessoas boas morrendo nas mãos de assassinos carniceiros, sem um pingo de compaixão. Miraz trancou os narnianos dentro do castelo e os matou a sangue frio. Eles foram deixados para lutar até a morte. É cruel demais pensar que tudo isso poderia ter sido evitado se tivessem ouvido meu irmão, podíamos ter ficado aqui. Pedro trouxe a confiança e a esperança para o povo e eles o seguiram. Não o culpo por tudo isso, não, Pedro não é culpado afinal foi um plano, uma tentativa de resolver os problemas e erros podem acontecer, tínhamos metade de chance para dar certo e a outra metade para dar errado e acabou que deu tudo errado. Os narnianos confiaram em Pedro e estavam dispostos a tentar, mas é impossível não se entristecer pelo que ocorreu, o que eles passaram ali presos dentro do castelo deixados para morrer, não desejo para ninguém, exceto a Miraz e seus soldados que foram os responsáveis por essa crueldade. Quando fecho meus olhos é só caos que vejo, como ter forças para seguir novamente e tentar?

- Irmã. – É Caspian.

Ele vem até mim e senta se ao meu lado. O abraço e choro em seu ombro.

- Também estou devastado maninha, mas precisamos ser fortes. A guerra ainda não acabou.

- Eu sei. – Desfaço o abraço. Só não consigo aceitar que alguém seja capaz de fazer tamanho mal as pessoas Caspian. Os narnianos foram deixados lá para morrer... e não podíamos fazer nada.

Caspian respira fundo.

- Olha a morte deles será vingada, vamos vencer essa guerra e devolver a paz para esse povo. Precisa ser forte para lutar em nome daqueles que entregaram suas vidas para acabar com tudo isso.

Caspian tem razão.

- E agora precisa ser forte para ouvir o que tenho a dizer.

Olho para ele preocupada.

- Caspian o que houve?

Ele parece estar tomando coragem para soltar o que tem a dizer, encosta a cabeça na parede e pensa por alguns segundos.

- Caspian por favor sem suspense, eu odeio suspense você sabe.

- Não tem jeito fácil de dizer isso. – Vejo em seus olhos algumas lágrimas querendo sair.

Caspian está segurando o choro para me dar forças, é a cara dele fazer isso.

- Miraz... ele... matou nosso pai.

As lágrimas voltam a cair, não apenas de tristeza, mas agora de raiva também.

- Como... como ele pode?

- Disse que foi para proteger o trono, mas é por pura ambição. Sabemos mais do que ninguém que foi para pegar o trono isso sim. Se livra de nós, tem um primogênito homem... sem nós ele se torna rei e seu filho seu sucessor.

É obvio que foi por isso, como ele pode? Agora mais do que nunca quero vingar as mortes dos narnianos e acima de tudo a do nosso pai. Permaneço em silencio, meu coração está tão apertado, cheio de amargura e tristeza. Não sei o que responder para Caspian. Ele segura minha mão e a beija.

- Sempre foi nós dois e vai continuar sendo nós dois. Vamos mudar isso aqui Emília, eu te prometo isso.

Olho para Caspian e sorrio sem mostrar os dentes. É o melhor sorriso que consigo dar nesse momento. Deito em seu ombro.

- Eu sei, eu te amo você sabe disso. – Digo.

- Eu também amo você.

Ficamos um tempo aqui, em silencio. Apenas aproveitando a presença um do outro. Me sinto bem e segura com meu irmão. Ele sempre foi mais do que isso para mim, Caspian foi meu pai depois de tudo que nos aconteceu, além de irmão e pai, também é meu melhor amigo.

My boy - With Edmund PevensieOnde histórias criam vida. Descubra agora