Capítulo VI

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Effie estava se encarando no espelho há quase uma hora

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Effie estava se encarando no espelho há quase uma hora. Quando eu lhe disse que minha mãe havia nos convidado para jantar — garantindo que haveria pudim —, ela simplesmente entrou no banheiro e começou a se emperiquitar.

Tudo bem, se arrumar era necessário. Afinal, no tempo em que eu a via, em um momento estava comendo bolachas de água e sal e noutro, estava com a cabeça no vaso.

O cabelo loiro estava mais brilhoso. Em contrapartida, estava sempre molhado por conta das inúmeras vezes que ela o lavava por tê-lo deixado cair no vômito.

Ela também estava começando a deixá-lo apenas embolado no topo da cabeça.

Ok, serei sincero: Effie tinha desistido de tirar o pijama depois de acordar há 3 dias, quando a doutora Porter descobriu de sua gravidez e deu uma semana de repouso, antes de limitar seus plantões. Ela sairia de casa às 07 da manhã e chegaria às 11:00.

Tudo ficou melhor quando Derek, o dono da clínica veterinária onde trabalho, decidiu reformar a clínica antes que algum cliente o denunciasse para a vigilância sanitária pela infestação de baratas em um dos consultórios.

Pelo menos um mês até que ele terminasse as obra.

O que significava que eu tinha mês livre para acompanhar Effie de perto e fazer com sua gravidez fosse tranquila para que ela começasse a aceitar a nossa princesa.

Nota mental: descobrir o que acaba com os enjoos.

— Will? — Ela chamou, dando mais uma voltinha.

Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo baixo para esconder suas costas no decote cavado nas costas do vestido azul. Era um vestido que eu nunca a vira usar, mas sabia que não era novo.

A saia ia até pouco acima dos joelhos. O veludo cobria cada pedaço de pele até as clavículas, se entendendo para os braços, até os antebraços. Effie colocara um par de saltos pretos nos pés.

Acho que estava aproveitando enquanto podia.

— Sim, Linda?

Um sorriso surgiu em seu rosto. Ela adorava quando eu a chamava assim.

— O que achou?

— Linda, amor — Ela crispou o nariz, desgostosa. — Está linda como das últimas dez vezes que me perguntou.

Ela revirou os olhos. Deu mais uma voltinha e se deu por vencida, puxando o elástico que prendia os fios. A cascata loira derramou por suas costas e ombros.

— Agora sim — Ela estalou a língua. — Preciso fazer xixi. Pode pegar minha bolsa no sofá? Eu te encontro no carro.

Assenti, levantando da cama e seguindo para a sala. Vi sua bolsa de couro preto no sofá e agarrei as alças, passando pelo ombro. Enfiei a carteira no bolso e meu molho de chaves no pote de cerâmica.

— Merda. — Chiei ao tropeçar em uma bolinha de Set, deixando que a bolsa de Effie caísse. Seus batons e papéis se espalharam pelo tapete.

Agarrei os batons e os papéis, jogando na bolsa de qualquer jeito. Já estava bagunçado mesmo, ela nem iria reparar. Mas um dos papéis atraiu minha atenção.

Uma receita médica carimbada por uma obstetra. Bem, seria normal, já que ela é uma enfermeira da maternidade, mas então eu a vi. A foto preta e branca.

E o motivo dos meus sonhos estampada nela.

Era apenas um pontinho na tela, mas eu conseguia vê-lo. Tão pequenino. Pequenino, indefeso e meu filho.

Ela estava com 10 semanas pela descrição e foto era datada na semana passada. Ou seja, 11 semanas agora. Quase 3 meses.

3 meses era bom. Effie já tinha me dito diversas vezes que uma gravidez se tornava mais segura após o primeiro trimestre. Antes disso, qualquer alteração poderia causar algum dano e levar à um aborto.

Effie não me contara da ultrassom, nem de quanto tempo estava.

Eu queria que isso desse certo, mas sozinho não dava. Amor nenhum nasce sem esforço.

E Effie não fazia esforço para amar o bebê. Certo, ela se emocionava quando eu falava com sua barriga ou era mais cuidadoso na hora do sexo, mas colocava a culpa nos hormônios.

E talvez fosse.

Meg dizia para que eu desse um esporro nela. E se eu não o fizesse, ela o faria. Colin me dizia para ter paciência, afinal é uma realidade completamente diferente para ela.

Colin, claro, senhor sensatez.

Então liguei para Celeste. E a morena me disse que eu a estava mudando. Para melhor.

Mas então, porque quando eu acho que as coisas vão bem, Effie faz algo para que não dê certo?

Eu quero fazê-la aprender a amar. Sim, quero. Mas não posso obrigá-la a ser algo que não é.

Não se pode obrigar alguém a ser mãe. Não se pode obrigar uma mulher a nada.

 Não se pode obrigar uma mulher a nada

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