Os olhos castanhos de Will me observavam alarmados. Eu o conhecia suficiente para saber que ele estava tão preocupado quanto desesperado por não saber o que fazer ou dizer.
Tomei fôlego.
- Estou grávida.
Por alguns segundos, Will ficou sem reação. Mas então, seus olhos lacrimejaram. Compreendi sem que ele precisasse dizer.
Um soluço escapou de meus lábios e eu cobri o rosto com as mãos, para evitar que ele visse meu rosto vermelho e inchado. Não que fosse mudar alguma coisa, considerando a meia hora anterior que ele tinha visto o mesmo rosto.
Seus dedos tocaram meus pulsos, puxando minhas mãos para poder olhar para mim. Assim que pude vê-lo, notei as lágrimas em seu rosto.
- Isso é verdade? - Ele perguntou. Meu coração doeu ao ouvir a esperança em suas palavras.
Assenti.
- Deus, Effie.
Uma risada incrédula escapou de seus lábios antes de seus braços enlaçarem meu pescoço e me puxarem para um abraço.
Will tinha cheiro de casa. Talco, erva-doce e cachorro. Certo, cheiro de cachorro é um pouco estranho, mas quando se é veterinário, acho que não se pode fugir muito.
Minha avó dizia que abraço com cheiro de casa cura tudo. Eu nunca acreditei muito nisso, mas naquele momento, no abraço quente do meu quase namorado sentindo seu cheirinho de casa, eu relaxei.
Bem, até o cheiro me deixar enjoada e eu empurrá-lo para longe.
- O que... - Ele começou, mas eu já estava longe.
Set pulou nas minhas pernas assim que eu abri a porta do quarto. Ele latiu no meu encalço até que eu chegasse no banheiro.
Agradeci por estar com o cabelo preso, pronta para o trabalho, porque quando enfiei minha cabeça no vaso e joguei fora as poucas torradas que eu tinha conseguido ingerir.
Set pulava nas minhas costas enquanto eu vomitava. Quando as unhas pararam de atingir minhas costas, supus que William tivesse tirado o cachorrinho do banheiro, pois o som das patinhas no chão também parou.
Dei descarga antes de me afastar da latrina e recostar as costas na parede. Will estava na porta, com um Set elétrico nos braços, de olhos arregalados e um tanto pálido.
- Tudo bem? - Perguntei.
Ele engasgou.
- Eu quem deveria perguntar, acho. - Ele gesticulou para mim, quase deixando o cachorrinho cair no chão. Will abraçou Set com força obrigando-o a se aquietar, arrancando um suspiro irritado do pequeno. - Você está bem?
Suspirei, apoiando as mãos no chão para levantar. Passei as mãos no jeans claro para tirar qualquer sujeira antes de ir até a pia para lavar a boca.
- Pode usar minha escova se quiser.
Não usei. Eu tinha uma escova no armário da clínica e faria uma limpeza apropriada assim que chegasse no vestiário.
Enxuguei as mãos e a boca na toalha de rosto antes de me apoiar na bancada de granito na pia.
- Não precisa se preocupar, Will - Ele franziu o cenho, confuso. - Eu já resolvi tudo, então pode ficar tranquilo. Eu não vou te incomodar com nada mais e, se quiser, não precisamos mais sair. Se bem que isso não era um relacionamento sério de qualquer maneira e...
- Effie - Ele me interrompeu. - Do que está falando? Você quer terminar? É isso?
Não respondi imediatamente. Veja bem, Will era o cara dos sonhos. Gostoso, sorriso bonito, cabelo bom, faz academia, tem alimentação saudável mas adora uma porcaria, serviu no exército então está acostumado a fazer tudo, me trata como uma princesa, sabe escolher restaurante, não controla minhas roupas, me presenteia com bolsas e sapatos...
Enfim. Eu nunca encontraria um homem como ele. Por isso, me doía fazer aquilo. Eu gostava dele de verdade e eu sentia que era mútuo, além de que ele era veterinário e eu enfermeira, ele sabia bem como era a vida hospitalar e entendia os meus atrasos ou aquele cochilo na hora H. Tudo estava bem.
Quer dizer, até o monstrinho surgir.
E eu queria que voltasse tudo ao normal. Só tinha uma maneira de fazer isso.
Respirei fundo.
- Eu vou fazer um aborto.
Hey, meninas! Então, um pouquinho de Effie e William para vocês. Primeiro capítulo sairá em breve, prometo.
Comentem o que estão achando e não se esqueçam de votar.
Beijo, beijo.
> Bree
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Aprendendo A Amar ✔
RomanceEffie nunca gostou de crianças. Em sua concepção, crianças traziam apenas despesas, dor de cabeça e muitas, muitas fraldas. A última coisa que ela queria em sua vida era um bebê. Contra todas as suas vontades, agora ela tem um bebê a caminho com ent...