13- Onde tudo se encaixa

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10:15 P.M

Frederick ainda estava com a arma apontada para a direção dos dois homens a sua frente, Ivan Fleury e Lilito Lecter. Os dois se encontravam paralisados e Frederick revezava para onde apontava a arma, para o peito de Lecter e depois para a cabeça de Fleury. Frederick estava calmo, suas mãos estavam firmes enquanto apontava a arma, o suspense que fazia ao não atirar, apenas encarando os dois a sua frente era puramente para torturá-los, ver o medo estampados em seus rostos. O mordomo se sentia imponente, mesmo que seu plano não fosse totalmente como o planejado, ainda podia virar o jogo, mesmo que pela escuta em seu ouvido descobriu que Brench começou a desconfiar dele. Lecter que estava na frente de Fleury deu um leve passo a frente e disse:

— Fred, não faça isso. Olhe para mim, nós dois não vamos contar nada, faça seu jogo e nos deixe fora disso. Pode abaixar a arma, por favor? - Lecter dizia com a voz calma tentando manter as batidas de seu coração controladas, dando mais um passo lento para frente. — Vamos... Abaixe a arma,  — sussurrou olhando nos olhos de Frederick, dando outro passo lento. Frederick olhou no fundo dos olhos de seu colega e sentiu um aperto no peito, sua mão começou a ter leves tremores enquanto apontava a arma para Lecter.

Lembrou-se de quando o prefeito saía e os dois gostavam de sentar no jardim e rir como se não estivessem no trabalho. Lecter era bem gozador na ausência do prefeito, nem parecia o mordomo exemplar que sempre mostrava ser.

"Ele não vai largar a arma! Não mesmo e minha vida vai acabar... Esse idiota continua indo em direção à arma, se pelo menos ele tentasse tirar a arma da mão do dele e o imobilizasse, mas precisaria de ajuda e com um covarde como eu não daria certo. Merda", pensou Fleury.

Lecter se aproximava cada vez mais de Frederick e de sua arma, deixando ela quase encostada ao seu corpo. As mãos de Lecter estavam para cima na altura do ombro, ele olhava para Frederick e depois para a arma. Seu corpo já estava cheio de adrenalina pelo perigo que corria, sua respiração estava desregular, tentava se manter calmo inspirando e expirando profundamente.

Frederick estava pensando se deveria mesmo matar os dois ou não. Até já tinha uma simples desculpa, quando os matasse contaria para todos que Lecter e Fleury eram cúmplices do assassino e até se machucaria em algum lugar de propósito, assim Frederick continuaria com seu jogo sendo o misterioso assassino, e a arma que estava com ele diria que na realidade era de Lecter que tentou matá-lo com ela, o plano era mediano, poderia dar errado e desconfiarem muito mais dele, e a visão a sua frente, de Lecter, o fazia entrar em conflito consigo mesmo, não estava mais tão confiante na sua decisão de matar Lecter.

Conhecera seu colega há 19 anos, é muito tempo para fazê-lo matar Lecter a sangue frio assim, até porque Lecter nunca fez nada contra ele... Frederick pensou melhor, iria abaixar a arma, mas antes que o fizesse Lecter em um movimento muito rápido tirou ela da mão dele e deixou cair no chão, perto de seus pés. Tentou imobilizá-lo dando um mata-leão, mas ele conseguiu se soltar, entretanto tropeçou nos seus próprios pés e tentando se equilibrar foi em direção a Fleury que sem pensar duas vezes deu um soco no rosto de Frederick, mas ele não caiu, então Fleury pegou a primeira coisa que viu pela frente, um abajur na mesinha da cabeceira, e o quebrou na cabeça de Frederick, fazendo-o cair para trás e desmaiar.

— E eu pensando que você só era um homem melancólico e esquisito, — disse Lecter endireitando seu uniforme.

— Eu sou. Isso foi... Instinto de sobrevivência. — Suspirou e jogou no chão o resto do que sobrou do abajur. — E agora?

— Vamos amarrá-lo... Só tem lençóis aqui, então vai ser com isso mesmo. Depois o levamos para baixo. — Lecter tirou o lençol da cama e o enrolou do lado maior para conseguir dar vários nós. O mordomo olhou para Fleury que estava virando Frederick de bruços para amarrar a mão dele atrás das costas. Lecter olhou de esguelha para Fleury.  — Quando ele sacou a arma o ouvi dizendo que você descobriu cedo demais. Explique isso e como ele soube? — Deu o lençol enrolado para Fleury que o olhou de esguelha rapidamente e depois começou a amarrar as mãos de Frederick.

O Jogo do Detetive: Contra o TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora