9- Toque o play: parte quatro

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9:33 P.M

— Eu tive um imprevisto no caminho, mas agora vamos conversar, detetive — disse Maynard e Felícia a entregou o envelope. — E eu não roubei nada. Salvei uma vida. — Desceu as escadas com Felícia ao seu lado e ficou em frente à mesa onde estão Brench e Lecter.

— O que tem no envelope? — Perguntou Brench e Maynard pediu que ele esperasse. Ela entregou o envelope para Lecter.

Lecter hesitou em abrir o envelope, ficou olhando para sua colega de trabalho, suspeitava de algo, mas mesmo assim criou coragem e abriu. Primeiro pegou uma foto que tinha dentro. O mordomo franziu o rosto quando reconheceu a mulher da foto, era uma jovem faxineira que trabalhou na mansão por apenas 2 meses um pouco antes de Maynard começar a trabalhar nela, 5 anos atrás. Lecter colocou a foto na mesa e depois olhou dentro do envelope novamente. Pegou de dentro dele uma quantia em dinheiro, 600 libras (quase 4 mil reais), colocou sobre a mesa e pegou a ultima coisa que tinha dentro do envelope, uma receita médica para um remédio chamado Glibenclamida para diabete. Brench impaciente pegou a foto da jovem e a observou.

— Você a conhece? — Perguntou Brench a Lysandra e ela negou. Brench encarou Lecter.

— Ela trabalhou aqui um pouco antes de você ser contradada. Ela fazia um trabalho que apenas dava para o gasto, então eu não gostava dela, vivia a repreendendo e Frederick a defendendo, não passou de dois meses aqui. Ela um dia foi embora e não tinha dito nada para ninguém, Frederick tinha o endereço de onde ela morava antes de vir para a mansão, disse que iria chamá-la para voltar, não dei importância. Passou um mês, dois, e eu acabei por perguntar para Frederick o que houve, ele disse que ela não queria mais voltar, que não podia apesar de precisar do trabalho e morar de aluguel em uma cidade próxima de Hill Angels, ele disse que a garota era humilde e não queria que ela passasse dificuldade, disse que a chamaria quando ela organizasse melhor sua vida. Passou um ano, ele disse que ela voltaria e não voltou. Passou outro ano, ele de novo disse isso e ela não voltou. Passaram uns 6 meses, ele disse que ela se dopou com remédios, ela teve hipoglicemia severa que a levou a morte. — Lecter suspirou olhando para baixo. — Vi o prefeito entregar esse envelope a um carteiro, que a propósito eu achava ser inofensivo, mas agora acho que não. Como o prefeito tinha me dado um tempo de folga, fui para o jardim tomar chá, foi quando vi que o carteiro ia sair, estava se afastando da mansão, indo até onde deixou sua bicicleta, na cerca. Imagine só minha surpresa quando vi de longe Felícia conversando com o carteiro e se afastando da cerca. Ele de costas para a bicicleta e a governanta Maynard indo até a bicicleta e pegando o envelope que estava dentro da bolsa de carteiro dele. Só não contei nada porque Jason me deu uma folga, então não era meu problema. Isso foi dias antes de Frederick me contar que ela se matou com remédios. Dois dias após a morte dela, ao meio dia o prefeito fez uma nova transferência de dinheiro.

— Como? Achei que ela ficaria bem se eu pegasse o envelope. Como pode ele ter conseguido matar ela? O envelope não foi entregue.

— Isso eu posso responder — disse Brench. — Apesar de eu não saber dessa história, é meio óbvio que a Coisa que matou ela combinou com Jason a quantia e o dia da morte dela. Provavelmente ficou esperando chegar o envelope com o que ele precisava, mas como não chegou contatou Jason e ai ele mandou de novo a foto e a receita para o Lixo, assim completou seu "trabalho". — Fez aspas com as mãos. — Depositou o dinheiro na conta do Lixo para evitar novamente a perda de dinheiro.

— Tem mais uma coisa... Acho que essa mulher já foi amante do prefeito — disse Lecter.

XXXXX

9:10 P.M, no escritório do prefeito...

— Já reviramos tudo. Não tem nada aqui — disse Fleury com os olhos caídos.

— Talvez seja melhor nós irmos para outro lugar procurar — disse Pedro. — A biblioteca. O prefeito guarda documentos por todo lugar, deve ter algo lá. — Fleury o olha entediado e suspira.

— Onde eu fui me meter... — Fleury disse para si, sussurrando. — Quanto mais rápido acharmos algo melhor, já estou indo. — Passou a mão pelo cabelo e caminhou até a porta do escritório.

Mizushima e Underwood se olharam de esguelha e concordaram com Fleury. Os quatro foram juntos a caminho da biblioteca, mas no meio do caminho encontraram uma mulher de longo cabelo azul que sorriu ao os ver.

— Vocês viram uma menina mais ou menos da minha idade com o uniforme da mansão? — Perguntou Louisi e Naomy negou. — O que fazem aqui sem nenhum dos detetives?

— Você é a empresária que trabalha no ramo de cosméticos, não é? Louisi Nazaki — disse Underwood e Nazaki assentiu. — O que você faz aqui sozinha?

— Já disse, procurando a menina com roupa de empregada, só que me perdi nessa casa enorme. Mas acho que não vou precisar ir mais procurá-la. Vou com vocês então.

Misty suspirou e assentiu, não queria perder mais tempo... Logo eles chegaram à biblioteca, pois ficava no mesmo corredor do escritório. A biblioteca parecia um lugar aconchegante, era mais ou menos do tamanho da cozinha que era um pouco maior que o escritório. Tinham cinco estantes grandes, todas as prateleiras estavam ocupadas, todas tinham livros, dos grossos aos mais finos. O cheiro de naftalina e desinfetante era muito presente. Todos se apressaram para procurar por algo, algumas prateleiras tinham pastas e então olharam nelas, mas Louisi preferiu não agir assim tão rápido sem pensar, ela observou o local e achou um canto no escuro onde tinha uma pequena mesa quadrada encostada a parede e em cima uma bagunça de papéis, canetas e alguns livros abertos, ela chegou perto da mesinha e quando ia olhar melhor o que tinha em cima dela levou um susto com a voz de um homem a suas costas.

— Você encontrou algo? — Perguntou Pedro e a mulher repara no rosto jovial do homem. Seus cabelos eram ruivos e seus olhos castanhos, ele parecia um boneco de porcelana. Ele era praticamente apenas um garoto ainda, pois aparentava ser ainda mais jovem que a empresária, nem parecia ter chegado a maioridade ainda, apesar da voz forte e presente. — Te assustei? Perdoe- me. — Sorriu fitando a mulher. — Vamos procurar com os outros. — Ele se virou para que a mulher o acompanhasse, mas ela negou com a cabeça fazendo Pedro desfazer o sorriso.

— Ainda não vi o que tem nessa mesa. — Ela abriu os livros que estavam em cima da mesa e os folheou, enquanto isso Pedro apenas a olhava e depois olhava para a mesa. — É, acho que não tem nada a... — Louisi achou o que seria um bilhete que parecia ser do assassino. Ela não disse o que achou, apenas leu em sua mente e ficou encarando o bilhete. Pedro se aproximou dela e também leu o bilhete, em seguida chamou os outros para lerem.

Todos chegaram perto de Louisi para ler o conteúdo do bilhete em sua mão, quando Misty viu que a primeira palavra no bilhete era o seu nome, pegou ele da mão de Louisi e começou a lê-lo. No bilhete dizia:

"Misty, eu sei seu segredo... Sei o que você quer! O prefeito mereceu morrer, não é mesmo? É bom saber que uma pessoa concorda comigo desde o inicio.

Agora, sua resposta... Sim, Jason Robers mandou matar seu papai e sua mamãe. Ele não vale de nada, não é? Você gosta do Batman, Misty? Do Alfred? Do Robin? Háha. Sua resposta está na estante que fica no meio da biblioteca, está na parte de cima dela seu desejo, Misty".

Misty deu a volta por toda a biblioteca até achar uma escada de abrir, colocou-a perto da estante do meio e subiu devagar. Fleury segurava a escada para evitar acidentes e os outros observavam.

— É agora... — Misty inspirou e expirou.

Notas do autor

(Capítulo revisado)

Por que será que os pais de Misty foram mortos? Vocês ainda acham que foi errado Jason Robers morrer?
Obrigado por ler!

{1383 palavras}

O Jogo do Detetive: Contra o TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora