A secretaria do Núcleo de Práticas Esportivas do Centro Universitário Etheria é bem diferente do que Catra havia imaginado sobre o local. Começando pela quase ausência do cheiro de suor, o lugar é bem mais organizado do que havia julgado que seria. As cadeiras, situadas no lado oposto ao guichê onde se encontra o pessoal da recepção, estão ocupadas por alguns estudantes. A televisão acima do vidro com duas perfurações - as quais permitem comunicação entre quem é atendido e atendente - mostra as senhas. A de Catra, que seria a próxima, é de informações.
Não sabe por que não podia simplesmente chegar e perguntar, e tamanha sistematização começa a irritá-la. 'Mas que saco,' Catra pensa. 'Nem o Núcleo de Práticas Jurídicas é assim.'
Chamam a senha de Catra e ela se levanta para ir até lá. Ela é atendida pela mesma garota chata a quem ela tentou perguntar sobre a tal She-Ra e foi rejeitada cinco vezes até quase socar o balcão e resolver simplesmente pegar a porcaria da senha e ir se sentar. Ela sorri de canto para a menina, que é claramente jovem demais para estudar na faculdade, aparentando ter, no máximo, dezesseis anos.
'Deve ser do projeto de inserção,' Catra pensa.
-E aí, floquinho? - Catra pergunta, zombando a camisa com flocos de neve da mais jovem. - Pode me atender agora?
-Comigo é assim, sua peste. Regra é regra.
-Ok, ok. Calma aí, esse tanto de raiva não deve ser saudável pra alguém tão… pequenininha.
-Falou a meio metro.
-Noooossa, congelante!
-Que que cê quer, hein? Peste.
-Você sabe onde eu posso encontrar a She-Ra?
-Tá atrás dela por quê?
-E isso é importante?
-Obviamente.
-Uma amiga minha me disse que ela poderia me ajudar a me inserir em alguma arte marcial. Cíntia Lua Clara, conhece?
-Você conhece a Glimmer…? - os olhos puxados da garota se arregalam. - Pera aí, você que é a tal Catra?
-Aaaah, que gracinha! A Brilhinho fala de mim? Que fofura!
-Ela tava certa, você é irritante demais.
-Ih, garota, fica na sua. Me fala onde é que eu encontro a tal da She-Ra antes que eu perca a paciência contigo, anda logo.
-Ela tá no prédio de artes marciais. Sai por aquela porta, - a garota aponta para a porta oposta à de entrada - desce a escada, vira à esquerda e vai andando. É o último prédio. Ela provavelmente é a única lá nesse horário, então não vai ser tão difícil de achar. Ah! Toma aqui. - a garota entrega uma chave para Catra. - Não é autorizada a entrada com mochila que tenha material acadêmico. Então guarda no armário antes de sair.
-Falou. Obrigada.
Catra segue as instruções da garota e, saindo da secretaria, vê dois campos de futebol paralelos entre si à sua direita. Ambos possuem arquibancadas, e Catra se pergunta se elas ficavam lotadas alguma vez. Além dos dois campos, ela vê pessoas jogando tênis e, mais além, avista uma quadra de areia, onde há pessoas jogando vôlei. Para a esquerda, Catra vê alguns prédio. Ela respira fundo antes de começar descer a escada.
Com passos leves, ela caminha sobre a calçada de cimento. Catra lê as placas acima das portas de cada prédio. O primeiro diz "vôlei" e, depois dele, "badminton". O terceiro indica "handebol e futsal" e Catra escuta alguns gritos vindos de dentro, denunciando a presença de jogadores. O quarto, e penúltimo, tem as palavras "artes marciais" escritas, a placa sendo maior. Sua porta é a única aberta e ele tem três andares. Ela se aproxima do prédio para ler o que está abaixo de sua denominação.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dharma - Catradora
RomanceCatra, uma estudante de Direito em busca de mudar um velho hábito, segue o conselho de uma amiga e resolve praticar uma arte marcial. O que não esperava era encontrar em Adora, a filha do Mestre, seu Dharma. 𝙳𝚑𝚊𝚛𝚖𝚊 - 𝚘 𝚜â𝚗𝚜𝚌𝚛𝚒𝚝𝚘 𝚋𝚞�...