A segunda e a terça-feira que seguem o dia na Pampulha são tranquilos. Catra se sente mais leve do que imaginou que seria capaz de se sentir sua vida inteira. Ela sabe que isso não decorre apenas dos treinos de karatê, mesmo eles tendo uma grande influência em seu comportamento. Adora faz bem para ela, e isso a motiva ainda mais em seus esforços. Ela quer ser alguém que faça bem para Adora também, e se o domingo serviu para alguma coisa, foi para a certeza de que ela era capaz de fazê-lo.
Na quarta-feira, ela acorda se sentindo tão bem quanto nos dias anteriores. Ela se alonga - uma recomendação de Adora - antes de ir para o banho e de prosseguir com sua rotina matinal. Antes de sair de casa, Catra afaga a cabeça de Melog e então acaricia sob seu queixo.
-Acho que as coisas vão melhorar, Melog. - ela sorri para o gato. - Quem sabe você conhece ela um dia desses? Seria legal, né?
O gato mia de volta, e Catra gosta de imaginar que ele disse que sim. Ela caminha completamente guiada por memória muscular, se dirigindo ao ponto de ônibus. Ele não demora a passar, e Catra entra no veículo com um sorriso, dando bom dia para o motorista. Seu bom humor parece contagiá-lo, pois ele sorri e assente para ela. Catra encontra o lugar onde costuma se sentar e coloca seus fones de ouvido. O modo aleatório do Spotify faz tocar Girls Like Girls, da Hayley Kiyoko, e Catra sorri.
Saw your face, heard your name
Gotta get with you
Girls like girls like boys do
Nothing newA mente de Catra a leva de volta para o Parque Guanabara, as memórias aparecendo em sua mente pelo que parecia ser a milésima vez no espaço de três dias. Ela se pergunta toda vez como pode o beijo de alguém - o toque de alguém - ser tão viciante. Enquanto pensa a respeito dos beijos que trocaram, das palavras provocantes de Adora, ela consegue sentir as mãos dela em sua pele. As carícias parecem frescas ainda, o calor daquelas mãos fortes permanente em cada canto que elas tocaram.
Adora é tão injusta. Ela a beija, a toca, a provoca e sempre a deixa querendo mais. Sua mente grita para que ela implore, seu coração chega em um ponto no qual nem consegue se manifestar. No entanto, Catra pode ser orgulhosa e competitiva, e tem a convicção de que também terá Adora em suas mãos, da mesma forma que ela a tem.
A viagem e as músicas continuam enquanto os pensamentos de Catra fluem, principalmente envolvendo Adora, mas não apenas sobre ela. Quando chega ao seu ponto, Catra desce a rua em direção à portaria. Tudo corre bem até ela avistar um carro preto em frente ao Centro Universitário. Pelos cabelos escuros e o terno branco, ela reconhece o homem parado próximo ao carro imediatamente. Ela tenta se manter tranquila ao desviar sua rota para ir ao encontro dele.
-Bom dia, Catarina.
-O que foi, Hordak? Eu enviei o relatório do meu desempenho na segunda-feira, como combinado. - Catra responde e cruza os braços. - Você não tem um colégio pra dirigir?
-O que ouço sobre essa instituição realmente é compatível. Você está perdendo o senso de autoridade, Catarina.
-Eu nunca tive senso de autoridade, Hordak. Você, mais que ninguém, sabe muito bem disso.
-Eu sei o que tentou fazer ao enviar o seu relatório por e-mail em vez de entregar diretamente a mim, como de costume. - Hordak a encara, olhos castanhos a analisando com frieza. - Por quanto tempo vai ficar brincando com suas responsabilidades, Catarina?
-Acho que o Mestre tá te deixando ficar desleixado, Hordak. Não leu o relatório direito? Tenho o melhor desempenho participativo da minha turma. As provas estão para começar, e eu fiz diversas questões de nível elevado. Eu tenho muita consciência de minhas responsabilidades, e você deveria ter das suas e ir cumprir com sua função em vez de me aborrecer.
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Dharma - Catradora
RomanceCatra, uma estudante de Direito em busca de mudar um velho hábito, segue o conselho de uma amiga e resolve praticar uma arte marcial. O que não esperava era encontrar em Adora, a filha do Mestre, seu Dharma. 𝙳𝚑𝚊𝚛𝚖𝚊 - 𝚘 𝚜â𝚗𝚜𝚌𝚛𝚒𝚝𝚘 𝚋𝚞�...