Nota: esse capítulo contém descrição de uma crise de ansiedade que pode ser gatilho para algumas pessoas. Além disso, também contém cena de sexo. Com isso dito, boa leitura a todes!
*
-Oi, - Adora ouve e para de comer para olhar para a fonte da voz. Em pé ao seu lado está uma das meninas de sua sala; Lonnie, se ela se lembra bem. - Por que você come sozinha?
-Não sei, - Adora responde. - A dona Sandra diz que eu não preciso de amizade.
-Que bobona!
-Ei! Ela diz que é pro meu bem! - as duas ficam em silêncio. - Por que você tá aqui?
-Eu, o Rogélio e o Kaio vamos tomar sorvete depois da aula. O Rogélio achou que seria legal te levar junto.
-A dona Sandra vai me levar pra tirar sangue, - Adora sorri gentilmente. - Desculpa, mas eu não posso ir.
-Essa dona Sandra atrapalha muito a sua vida! - Lonnie diz e sai andando, e Adora tenta não pensar demais no que ela falou. O sinal toca e Adora se levanta e começa a andar em direção à sua sala, passando em frente ao diretor no caminho.
Adora acorda com uma inspiração forte, a puxada de ar doendo em seu peito. Essas memórias que por vezes aparecem em sua mente a confundem, a espantam. Ela sempre tenta não pensar demais a respeito, tenta não investigar demais demais ou desenterrar as partes de seu passado que sua mente escolheu esquecer. Adora sabe bem o que estimulou esse sonho, e ela se pergunta se deveria dizer algo, se deveria fazer algo com o pensamento - com a desconfiança - que coça sua mente, comprime seu peito.
Então, ela olha para Catra, que dorme pacificamente com um braço ao redor de sua cintura. Seus lábios entreabertos soltam ar em intervalos regulares, fazendo cócegas no pescoço de Adora. Ela parece tão relaxada e contente, e essa é uma versão de Catra que Adora grava em sua mente para apreciar quando não estivessem juntas. Ela escolhe fixar esse momento em sua memória, em vez de remoer um passado do qual supostamente deveria se lembrar.
'Posso contar depois,' Adora pensa, beijando a cabeça de Catra. 'Ela já se estressa demais com isso. Temos todo tempo do mundo.'
Adora acaricia os cabelos de Catra, correndo suas mãos pelos fios escuros, desembaraçando cuidadosamente. Eles são macios e Adora consegue desfazer os nós com certa facilidade. Ela beija a testa de Catra e começa a fazer um leve cafuné. Adora sente Catra se ajustar contra ela, ficando mais próxima dela e apertando a cintura de Adora contra si. Adora sorri ao ouvir um pequeno "hmm" sair de Catra. Ela afunda seu rosto no pescoço de Adora, respirando fundo.
-Bom dia, princesa, - Catra diz contra o pescoço de Adora, sua voz levemente rouca e seus lábios roçando contra sua pele. Adora sorri com a sensação e a traz para mais perto, a abraçando e percorrendo suas costas com uma das mãos.
-Bom dia, - Adora se afasta um pouco para olhá-la nos olhos. - Dormiu bem?
-Dormi bem, sim. E acordei melhor ainda.
-Ah, é? - Adora sorri. - Me pergunto por quê…
-Quem não fica feliz acordando e vendo um céu azul desse jeito? - Catra dá um sorriso pequeno e doce, e então beija a parte de baixo da mandíbula de Adora. Então, ela acaricia os cabelos de Adora, correndo seus dedos pelos fios dourados. - E com o sol brilhando tão bonito assim?
-Depois a melosa sou eu. - Adora fala com uma risada. - Bom, eu também acordei muito bem! Você sabia o tanto que você é fofa dormindo?
-Eu não sou fofa! - Catra exclama, olhando para Adora com uma cara de brava.
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Dharma - Catradora
RomansaCatra, uma estudante de Direito em busca de mudar um velho hábito, segue o conselho de uma amiga e resolve praticar uma arte marcial. O que não esperava era encontrar em Adora, a filha do Mestre, seu Dharma. 𝙳𝚑𝚊𝚛𝚖𝚊 - 𝚘 𝚜â𝚗𝚜𝚌𝚛𝚒𝚝𝚘 𝚋𝚞�...