Nota da autora: gostaria de avisar que esse capítulo terá cena de sexo. Não sei se vocês se sentem desconfortáveis com isso, então queria falar antes em vez de colocar um aviso no meio do capítulo e "quebrar o clima." Com isso dito, boa leitura a todes!
***
Quando Adora acorda, ela demora a abrir os olhos, a dor de cabeça que pulsa em seu crânio a fazendo odiar a ideia de ter luz em contato com sua visão. Ela se vira para deitar de barriga para cima, colocando um braço sobre seu rosto e tenta respirar fundo para controlar sua respiração, com esperança de que talvez isso ajude a dor a passar. Adora não se lembra da última vez que sua cabeça doeu tanto, mas tem consciência de que ela é a responsável por isso. Afinal, ela misturou várias bebidas e estava bebendo pela primeira vez.
Adora tira o braço de cima de seus olhos e os abre, eventualmente. O quarto está menos iluminado do que ela esperava, e ela vê uma janela tampada por cortinas de tecido vermelho transparente do outro lado do quarto. A leve iluminação que banha o quarto permite que Adora veja alguns pôsteres na parede onde a cama está encostada. Ela se vira na cama, vendo que a parede paralela é um armário embutido, com uma das portas sendo um espelho. Ao lado da cama há uma pequena cômoda de madeira, onde seu celular carrega perto de uma cartela de comprimidos e um copo com água gelada.
Por alguns momentos, tudo parece muito natural para Adora, até a percepção de que esse quarto não é seu. Ela levanta o edredom e o alívio por estar vestida passa rapidamente quando ela percebe que as roupas não são suas, e também a ausência de roupas íntimas. Ela se senta bruscamente, mas se arrepende pouco depois, a dor em sua cabeça ficando mais intensa. Adora apoia os cotovelos nos joelhos, segurando a cabeça com as mãos e soltando um grunhido.
Ela ajusta o travesseiro contra a cabeceira, se sentando melhor e pegando um comprimido e o copo de água, tomando tudo rapidamente. Só então ela vê um bilhetinho sobre a cômoda e o pega, curiosa para ver o que está escrito. Ela ri quando lê o "Oi, Adora", seguido por um desenho improvisado de Catra com orelhinhas de gato. Ela vê que tem mais coisa escrita, em letras menores: "sou só eu, não se preocupe. Vou tá na sala."
Isso parece lhe dar coragem para se levantar, e Adora o faz lentamente. Ela anda até o espelho e vê melhor a calça de pijama preta e uma camisa larga e branca. Depois de alguns segundos, ela começa a ficar ansiosa com o próprio reflexo. Sua postura não está reta o suficiente, o cansaço está evidente demais em suas feições. Ela não pode se permitir estar dessa forma. Ela não pode se permitir ser vista assim. Ela tem que estar impecável. Ela tem que ser…
-Perfeita, - sua cuidadora disse uma vez. Adora tinha seis anos, e dona Sandra havia acabado de corrigir sua postura novamente, seu olhar frio cortando Adora apesar da palavra que deixara sua boca. Não era um elogio; era uma exigência. - É isso que eu espero de você, Adora. O que todos esperamos. A perfeição. Você entende, Adora?
-Sim, senhora. - Adora responde. Seu coração bate em seu peito, acelerado.
-Então por que não segue as regras de postura? - o tom suave é eficiente em seu corte. - Você é uma menina inteligente e bonita, Adora. Mas apenas meninas educadas alcançam a perfeição. Você entende?
-Sim. - Adora diz, começando a tremer. - Sim, senhora.
-Entende que, para ser o que é esperado de você, deve fazer como eu digo? E é isso que você quer, não é? Ser suficiente, ser completa. - Sandra questiona, uma mão no rosto de Adora. O toque é gentil, mas carregado de um afeto que não tem carinho como fim. Um gesto supostamente maternal, mas que corrompe o real significado que deveria existir por trás dele. Manipulador, frio como as íris verdes que a encaram.
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Dharma - Catradora
RomansaCatra, uma estudante de Direito em busca de mudar um velho hábito, segue o conselho de uma amiga e resolve praticar uma arte marcial. O que não esperava era encontrar em Adora, a filha do Mestre, seu Dharma. 𝙳𝚑𝚊𝚛𝚖𝚊 - 𝚘 𝚜â𝚗𝚜𝚌𝚛𝚒𝚝𝚘 𝚋𝚞�...