Vera Truemiles era uma senhora magra e velha. Vinha dos Estados Unidos, conheceu o capitão do DC 001 em seu país de origem. Tinha uma péssima comunicação com outras pessoas, era fechada ao mundo inteiro ao redor, e havia cometido diversos crimes como roubo, assassinato de sua própria sobrinha e, o pior, matança de uma família inteira sozinha. Ela era má, não era a toa que vivia isolada do resto do navio.
Como descobrimos tudo isso? Watson e eu fomos fazer uma visitinha ao gabinete do capitão que, por acaso, tinha muito que revelar sobre ela, o médico descobriu seus documentos numa gaveta abaixo da escrivaninha. Eu descobri seus crimes analisando diários do capitão (nos quais ele guardava informações escandalosas a respeito da esposa) e também fazendo uma breve análise de objetos pessoais dela, guardados a chave em um baú, que abri com meu velho e útil broche em forma de C.
Mas, Watson e eu não descobrimos nada que a incriminasse diante do meu caso. Então, partimos para o interrogatório.
•••
Se você entrasse naquele navio aquele exato momento e naquele dia, veria uma velha amiga de Vera Truemiles andando pelo convés: Avina Finch, loira, olhos castanhos esquivos, gorda (talvez num estado levemente acima do de uma baleia) e da mesma idade da esposa do capitão.
Apesar do nome bonito, era feia e tinha más maneiras, ninguém gostava muito dela na cidade onde Vera costumava morar. Talvez nem a própria Vera. Avina andou por toda a extensão do convés, cuspindo onde achasse que convinha, procurando a antiga amiga e colega de faxina. E sim, Vera conheceu o capitão quando ainda trabalhava limpando as salas da escola secundária de sua cidade natal, cujo nome não importa no momento.
A velha loira alcançou a proa batendo os saltos ruidosamente no piso de madeira, esperando chamar a atenção de sua ex-colega de trabalho. Truemiles, no momento, estava sentada carrancuda perto da carranca de sereia na frente do navio, resmungando enquanto dava nós numa série de cordas que provavelmente amarrariam as velas do barco (ou enforcariam inimigos do capitão) depois que ela terminasse.
Avina pigarreou alto, dizendo logo em seguida:
— Creio que sua memória continua tão ruim quanto seus nós, Verme.
Somente neste momento que a velha criminosa ergueu a cabeça para escutar a loira, dizendo com vil senso de humor em sua voz rouca:
— Tenho um passado mais sujo do que o de um verme, e você sabe disso, Avinagrem.
Avinagrem era o apelido de Avina por conta de um incidente com vinagre na cantina da escola onde as duas eram faxineiras. Ele explodiu no piso, e Avina quase tinha sido expulsa da escola por conta disso. Vera Truemiles se levantou de seu banquinho diminuto, indo em direção à amiga. Deu um tapa um tanto quanto forte em suas costas, mas a esposa do capitão foi respondida em igual tom pela loira grisalha.
Avina Finch e Vera se dirigiram ao gabinete do capitão, onde planejavam roubar uma "pequena dose" do rum que este mantinha escondido em seu baú. Logo recomeçaram sua conversa, Vera foi a primeira que falou, após um bom gole da bebida alcoólica mais forte dos sete mares:
— E aí Avinagrem, como é que vão as coisas lá em Soursid City?
— Melhor do que a sua situação atual com certeza, senhorita Truemiles.
Vera com certeza não esperava pela voadora que levou no rosto logo em seguida. A senhora caiu de costas no chão, batendo a cabeça de leve contra um baú, completamente chocada. Com as mãos tremendo, se pôs de quatro no chão, olhou de maneira mortal para Avina, dizendo com seu tom horripilantemente sombrio, intensificado pela rouquidão da voz:
— Por essa eu não esperava, senhor Sherlock Holmes.
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Sherlock Holmes em um caso em mar aberto
FanfictionCheguei correndo na rua, o 221 B era meu destino. Fui para Londres só para encontrá-los, meu ídolo e seu ajudante contador de histórias. Meu sonho estava sendo realizado, porém não estava exatamente animada: O motivo de ter ido na capital da rica I...