Chapter 25.

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Os olhos esverdeados estavam há quase um minuto presos nos ferros a sua frente, tentando assimilar o que Lisa dissera para que ela fizesse. Confiava em Lalisa, contudo, seu verdadeiro medo estapeou-lhe bem na cara: E se não conseguisse?

-- Que tal se tentarmos depois? -- Jennie perguntou e Lisa riu suavemente.

-- O que combinamos na virada de ano, hm? -- Perguntou, erguendo uma sobrancelha, mas jamais perdendo o sorriso.

-- Que este ano eu andaria antes da primavera chegar. -- Jennie disse e Lisa aquiesceu.

-- Exatamente. -- Afirmou. -- E para isso você precisa começar a treinar na barra paralela. -- Jennie umedeceu os lábios pensativa antes de olhar para Lisa temerosa.

-- E se eu não conseguir?

-- Você vai. -- Disse veemente. -- Seus braços já estão fortes para sustentar o seu peso, agora precisamos trabalhar mais suas pernas.

-- Por que meus braços estão bons e minhas pernas ainda não? -- Perguntou.

-- Nossas pernas exigem mais força de nós, você vai chegar lá. -- Lisa insistiu pacientemente. -- Para irmos à piscina da sua casa em alguns meses quero que esteja boa, se não, eu não irei. -- Impôs. Jennie entortou a boca e olhou para a barra antes de voltar a olhar para Lisa.

-- Sem Lili de maiô ou biquini? -- Perguntou e Lisa segurou o riso.

-- Sem Lili de maiô ou biquini. -- Disse irredutivelmente, o que causou um longo suspiro em Jennie.

-- Você vai me ensinar a nadar? -- Jennie era esperta, queria negociar.

-- Sim, mas precisa testar a barra.

-- Se eu cair você não ri? -- Pediu envergonhada.

-- Você não irá cair. Eu estarei bem atrás de você, pronta para te segurar. -- Lisa informou e Jennie tomou fôlego antes de assentir.

-- Tudo bem, me leve até ela. -- Pediu. Queria, a todo custo, voltar a andar novamente; queria os passeios que Lisa lhe prometeu; queria poder ter a liberdade de tomar um banho sozinha; de poder subir a bendita escada sozinha; de poder se deitar por conta própria, pois apesar de isso ser algo que ela podia, sua mãe sempre a colocava para dormir.

Não que ela reclamasse, mas havia dias onde ela realmente queria estar sozinha. Aquele era um sentimento novo nos últimos dias, afinal sempre odiara ficar sozinha, porém ter as pessoas em cima dela o tempo inteiro estava começando a incomodar um pouco a menina, mas ela não diria nada a ninguém, não queria ser uma ingrata.

Lisa ajeitou a cadeira de rodas em frente à barra e estendeu os dois braços a ela, fazendo a menor segurar suas mãos. Aquele, de longe, era seu toque preferido: O de Lalisa. Havia se passado três semanas após o natal, porém já sentia falta de Lisa dormindo ao seu lado, porque a verdade era que Lisa contava as melhores estórias, todavia, o que prendia a atenção de Jennie era a voz eloquente de Lisa, cheia de vida, fazendo cada personagem ser compreendido perfeitamente.

-- Pronta? -- Lisa perguntou e Jennie engoliu em seco, mas mesmo assim assentiu. -- No três você vai fazer o que eu te disse, certo? -- Novamente Jennie aquiesceu.

-- Certo. -- Jennie disse se preparando.

-- Um... -- Lisa começou a contagem, tentando transpassar segurança, porém seu interior estava aflito e ansioso. -- Dois... -- Chahee se aproximou um pouco mais, mal podia esperar por aquilo. -- Três. -- Disse por fim, vendo Jennie tomar impulso e, com a ajuda do leve puxão de Lisa, a garota ficou em pé.

Jennie olhou para as próprias pernas sentindo-se diferente, bem distinta do que algum dia já se sentiu. Seus olhos umedeceram e um enorme sorriso preencheu-lhe o rosto, fazendo Lisa acompanhar a expressão.

-- Eu estou em pé, Lili... -- Jennie disse ainda incrédula. Sabia que não sairia andando por aí, que ainda tinha um longo caminho a percorrer. Claro que sabia! Lalisa já havia lhe explicado, mas o fato de conseguir se sustentar sobre seu próprio peso era magnífico e ela não podia medir a amplitude de seus sentimentos.

Lisa sorria diante da emoção no rosto de Jennie e de Chahee, mas as borboletas em seu estômago vieram lhe visitar assim que Jennie apertou mais suas mãos e a puxou para mais perto. Seu rosto se levantou alguns centímetros e seus olhos subiram, acompanhando seus cílios, apenas para encontrar as orbes esverdeadas fixadas em si, tão cintilantes quanto nunca. Lisa estava em uma espécie de transe, até ouvir Jennie dizer algo novamente:

-- Eu sou menor do que você. -- Jennie disse sorrindo singelamente, fazendo Lisa engolir em seco devido à proximidade das duas.

Claro que ela não beijaria Jennie ou vice-versa, não ainda sequer trocado outro selinho depois do primeiro e, mesmo que tivessem, ela tinha a plena ciência de Chahee as vigiando. O que fazia Lisa sentir sua pressão baixar foi a sensação de Jennie em pé tão perto; uma real e clara melhoria; uma sinal de que as coisas não estavam estacadas.

-- Sim, não é muito difícil ser mais alta do que você, sabe? Levando em conta que não sou pequena. -- Lisa disse rindo suavemente, sentindo Jennie se agarrar mais em si como apoio.

-- Eu sempre imaginei se eu seria mais baixa. -- Jennie disse sorrindo. -- Você continua linda daqui.

Certo, ainda havia momentos onde Lisa enrubescia fortemente ante aos elogios de Jennie. Eram elogios inocentes, mas que faziam seu coração flutuar mesmo assim. Um pigarro de Chahee fez Lisa corar ainda mais, focando no que realmente devia.

-- Certo, vou para trás de você e te guiar. -- Lisa disse, segurando a cintura de Jennie e indo para trás dela. A menor empurrou um pouco a cadeira para trás e se ajeitou no corpo da maior, tendo suas mãos segurando firmemente na pele de sua cintura. -- Segure nas barras, Jen. -- E assim a menina fez, levando suas mãos brancas até as barras.

-- Eu realmente sustento meu próprio corpo com os braços. -- Jennie disse entusiasmada, vendo que Lisa não era nada mais que um apoio.

-- Agora quero ande. -- Lisa pediu. -- Aplique todo o peso que suas pernas aguentarem, mas fique atenta aos braços, eles te segurarão quando as pernas não ajudarem.

-- Você vai ficar aí, não é? -- Jennie perguntou. -- Mamãe, eu vou andar! -- Exclamou com entusiasmo.

-- Vou ficar com você todo o tempo. -- Lisa disse, esperando Chahee dar um beijo no rosto da filha por cima da barra antes de se afastar de novo.

Durante todo o tempo Jennie fez todos os exercícios sem reclamar, colocando máximo empenho em tudo, mas houve uma hora em que seu corpo estava extremamente cansado, que ela já não aguentava muito. Lisa soube ler seus movimentos, a colocando na cadeira novamente. Apesar da evidente exaustão, Jennie parecia tão feliz que acabou por segurar a mão de Lisa e plantar um beijo sobre a delicada pele.

-- Obrigada, Lili. -- Pediu alegremente, fazendo Lisa sorrir diante do gesto.

-- Obrigada você por tentar. Agora preciso continuar o trabalho, tenho mais alguns pacientes. Nos vemos amanhã pela manhã. -- Lisa disse, pois já fazia parte de sua rotina visitar Jennie e Chahee todos os dias. -- Fiquem com Deus. -- Lisa disse, se inclinando para deixar um beijo no rosto de Jennie, sem embargo, foi surpreendida quando a menina virou o rosto, fazendo seus lábios se encontrarem.

Lisa corou assim que se afastou e seus olhos, automaticamente, foram para Chahee. Será que a mulher pensava que sempre que elas ficavam sozinhas faziam isso? Céus, o embaraço a dominou completamente.

-- Huh, eu... -- O riso calmo de Chahee contradizia o aparente constrangimento em seu rosto.

-- Vá, querida. Está tudo bem. -- Chahee disse e Lisa assentiu, segurando a mão de Jennie e depositando um beijo ali.

-- Nos vemos, princesinha. -- Disse sutilmente, vendo Jennie assentir freneticamente.

-- Até amanhã, Lili. -- Jennie disse, fazendo Lisa sorrir antes de sair. Apesar do evidente embaraço, ela ainda assim podia sentir seus lábios formigando e seu coração agitado.

Sem perceber um sorriso brincava em seus lábios.

Em um piscar de olhos - Jenlisa Version.Onde histórias criam vida. Descubra agora