Enquanto Lisa ajudava Jennie a descer do táxi e se sentar na cadeira de rodas, Chahee foi na frente para abrir a porta e levar as coisas que Jennie havia ganhado de Lisa, tais como a flor e a cesta de chocolates.
A casa era linda. Um belo jardim na frente, um gramado estendido por todo o local, que só se perdía na trilha de calçada que se formava até a entrada da casa. Mais ao lado havia a calçada que dava para a enorme garagem, de porta branca de aço.
-- Mãe, eu dormi por quatorze anos, não foi? -- Jennie elevou sua voz, fazendo-a alcançar os ouvidos de sua mãe.
-- Sim, meu amor.
-- Então por que ainda está tudo tão... -- Seus olhos percorreram toda a extensão. -- Igual? -- Chahee sorriu antes de replicar:
-- Eu sonhava com o dia em que seu pai voltaria para esta casa, mas infelizmente ele não voltou. -- Ela disse tristemente, porém trazia consigo um sorriso inabalável. -- Depois fui deixando igual, somente renovando a pintura e mantendo tudo assim, apenas para que quando você voltasse não se assutasse com a mudança. -- Confessou. -- Demorou quatorze anos, filha, mas você voltou.
Jennie sorriu, sem barreiras, sem pudor. Sorriu de uma forma tão pura que atingiu cada canto da alma de Chahee e, é claro, de Lisa, que assistia tudo.
-- Eu te amo, mamãe. -- Jennie disse. -- Mas se eu jamais tivesse acordado eu realmente gostaria que você enfeitasse a casa de um jeito que não te lembrasse de dias ruins.
Sem ao menos perceber Chahee estava chorando. Não um choro triste, muito pelo contrário, eram apenas lágrimas de alegria, de alívio, de paz. Sua filha estava bem, no final das contas.
-- Ora, não me faça chorar na frente de Lisa, meu amor. -- Chahee pediu, levando o dorso de seus dedos até o canto de seus olhos para livrar-se das lágrimas. -- Vamos, não fiquem paradas aí, venham.
Lisa assentiu e começou a empurrar a cadeira na direção da casa. Seus olhos curiosos analisaram tudo, porque ao contrário do exterior, o lado interior da casa não se assemelhava em nada com o tradicional. Qualquer um notaria que uma família de classe alta vivia ali.
Todos os móveis de madeira maciça davam destaque dentre as paredes amarelas e brancas. Os enormes quadros abstratos que enfeitavam as paredes, com suas molduras douradas, entregavam o amor pela arte. No sala, que era o cômodo onde se encontravam, o enorme tapete preto felpudo cobria o chão, contrastando com o lustre de luzes brancas no centro do cômodo.
-- Mamãe, posso mostrar meu quarto para a Lili? -- Jennie perguntou animada, lembrando-se da quantidade de brinquedos que costumava ter.
-- Vamos ter que deixar isso para a próxima. Seu quarto fica em cima e não quero que Lisa tenha que tentar te subir. Dei folga para os empregados, então hoje terá que dormir em um dos quartos daqui debaixo.
-- E quando eles voltam?
-- Amanhã. -- Chahee informou.
-- Então a próxima vez que a Lili vier posso mostrar a ela? -- Perguntou esperançosa, vendo Chahee assentir.
-- Sim, querida. -- Disse gentilmente. -- Lili, sente-se, por favor. Fique à vontade. -- Pediu. -- Vou preparar algo para comermos.
-- Obrigada, senhora Kim.
-- Chahee, querida. Me chame de Chahee. -- Pediu sorrindo.
-- Certo, dona Chahee.
-- Sem o dona. -- Disse, fazendo Lisa rir.
-- Tudo bem, Chahee. -- Disse, vendo a mulher desaparecer do cômodo.
-- Lili, temos uma piscina grandona. Você acha que as minhas pernas vão ficar boas até o verão? -- Perguntou. Lisa caminhou até o sofá e deixou a cadeira de frente para ele, sentando-se diretamente de frente para Jennie.
-- Eu acho que até a primavera elas já estarão boas, Jennie. -- Respondeu. -- Suas pernas estão perfeitas, só precisam aprender a se adaptar ao seu novo tamanho e peso e recuperarem a força.
-- E você vai vir nadar comigo?
-- Se você quiser que eu venha, virei.
-- De maiô? -- Perguntou arqueando uma sobrancelha. -- Não se deve entrar na piscina de roupa.
-- De maiô ou de biquini, tanto faz. -- Deu de ombros. -- Sua casa é muito bonita.
-- Você também. -- Jennie respondeu dando um sorriso suave.
-- Obrigada. -- Respondeu naturalmente; ela já estava acostumando-se aos elogios de Jennie, eram puros e genuínos, algo que enchia o coração de Lisa de um sentimento bom.
-- Posso me sentar aí no sofá com você? -- Perguntou, vendo Lisa assentir e se inclinar, puxando Jennie para o sofá com toda a delicadeza que havia em si. -- Obrigada. Acho que estou cansada.
-- Quer descansar um pouco? -- Lisa perguntou, vendo Jennie assentir. -- Então deite-se que eu ficarei ao seu lado até que pegue no sono.
-- Deita comigo? -- Pediu, coçando um de seus olhos.
-- Claro. -- Ela disse, se deitando no sofá e trazendo Jennie para cima de si.
-- Lili, o Leo também quer um abraço seu. -- Jennie disse, prendendo a visão no ursinho que estava na cesta sobre a mesinha de centro. Lisa riu e esticou o braço, pegando o ursinho e o colando sobre o outro lado de seu peito.
-- Assim está bom? -- Lisa perguntou e sentiu Jennie assentir antes de afundar seu rosto na curva do seu pescoço.
-- A Miyeon me disse ontem que depois que ela cresceu ela parou de ouvir estórias. -- Jennie informou com a voz mais baixa, fechando os olhos ao sentir o carinho de Lisa em seus cabelos. -- Então eu decidi que como estou ficando grandinha não vou mais ouvir também.
-- Tem certeza? -- Lisa perguntou, surpresa demais, afinal Jennie adorava ouvir contos e estórias, principalmente as românticas. -- Jennie, não precisa parar com as estórias.
-- Eu já me decidi. -- Ela disse com veemência, levando seu braço esquerdo até o Leo, abraçando assim ele e Lisa ao mesmo tempo.
-- Tudo bem, então. -- Lisa disse, mantendo suas carícias em Jennie.
-- Lili? -- A voz rouca voltou a soar.
-- Sim, meu amor? -- Perguntou com a voz repleta de doçura e paciência.
-- Será que você poderia contar uma estória para o Leo? -- Lisa riu graciosamente, desfrutando do calor do corpo de Jennie sobre o seu.
-- Contar uma estória para ele? Acha que ele gostaria?
-- Sim. Ele ainda é neném. -- Respondeu.
-- Suponho que ele queira ouvir romance, hm? -- Lisa perguntou em tom divertido.
-- Sim. Ele adora romance. -- Jennie disse e Lisa assentiu.
-- Bom, era uma vez uma garota que se chamava Bela...
-- Não, Lili. Essa não! -- Jennie a interrompeu. -- Conta uma onde a garota se chama Lisa. -- Lalisa riu alto, pois todas as estórias que contara à Jennie ela havia substituído os nomes dos protagonistas por Lisa e Jennie e, aparentemente, Jennie havia gostado disso.
-- Certo. Era uma vez, uma garota que se chamava Lisa... -- E assim foi, contou sua estória até o sono chegar. Ela não soube dizer quem dormiu primeiro, mas quando Chahee apareceu na sala não resistir em rir baixinho diante da cena que vira:
Lisa abraçava com possessão o corpo de Jennie com um braço, enquanto com o outro fazia o mesmo com o ursinho de pelúcia. Já Jennie, com apenas uma braço abraçava os dois ao mesmo tempo. A mulher suspirou bobamente, aquela definivamente fora as coisa mais fofa que já presenciara em toda a sua vida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Em um piscar de olhos - Jenlisa Version.
Fiksi PenggemarCONCLUÍDA. Jennie Kim tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam duran...