garota conhece conflitos

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Algumas horas já haviam se passado desde o jogo da garrafa e o sol já estava começando a dar as caras. Riley e Farkle haviam ido dormir há horas atrás, já que daqui a pouco teriam que estar de pé para seus respectivos estágios. Zachary e Mackenzie também tinham ido embora, uma vez que suas casas eram do outro lado da cidade e eles também teriam um dia atarefado pela frente, restando apenas Lucas, Zay, Isadora, Josh e eu acordados. O apartamento estava uma bagunça, e a luz do amanhecer começava a entrar pela janela deixando o ambiente num tom cinza azulado, a música que antes estava alta e animada agora está baixa e tranquila.

– Pessoal, acho que já vou indo. – Josh, que havia passado os últimos minutos em silêncio se pronunciou. Ele não havia me dirigido a palavra desde o beijo que dei em Zay e eu não sabia dizer se era ciúmes, pirraça ou orgulho ferido.

– Fica Josh. Você bebeu e passou a noite acordado, é melhor dormir um pouco antes de pegar o metrô. – Lucas disse já se levantando. Josh não teve a oportunidade de responder pois o cowboy logo emendou: – Vou arrumar minha cama para você, eu posso ir dormir com a Riles.

– Obrigado, Friar. – Josh se levantou, pegou alguns copos e garrafas que estavam ao seu redor e se dirigiu a cozinha, olhei para Isadora e Zay ambos cochilando no sofá e vi uma boa oportunidade para uma conversa a sós. Também catei algumas coisas do chão e o segui. Na cozinha, Josh se servia de um copo d'água de costas para a porta, assim não me viu chegar.

– Bom dia, flor do dia. – Ironizei vendo-o tremer de susto com a minha voz e se virar inexpressivo. – Vai continuar me ignorando?

– Não estou te ignorando, Hunter. – Respondeu seco.

– Você fica uma gracinha quando está com ciúmes, já te disseram isso, Matthews? – Revirei os olhos irritada, pronta para sair e deixá-lo se remoendo no que quer que fosse que estivesse o incomodando. Não quer conversar? Ótimo, eu é que não vou me dar ao trabalho. Estava quase deixando a cozinha quando sua risada sarcástica interrompeu-me.

– Ah, então é disso que se trata? Você estava tentando me fazer ciúmes de propósito, Hunter? Você não cresce nunca, não é mesmo?

– Vá se ferrar, Joshua. – Respondi ferida pelo seu último comentário. Eu sabia que ele estava apenas tentando atingir o meu orgulho, mas eu não consegui evitar sentir uma pontinha de rancor. – Você não pareceu pensar assim em todas as vezes em que transamos na última semana.

– Não seja vulgar, Maya. – Josh respondeu entre dentes ficando vermelho de raiva.

– Infantil ou vulgar, Josh, por favor se decida. – Respondi dando o meu melhor sorriso cínico.

– Por isso nada entre nós nunca dá certo! Sempre que as coisas começam a se ajeitar você faz alguma coisa sem pensar e eu acabo agindo feito um...

– Feito um babaca, é isso que você é, Josh. Eu sou apaixonada por você desde que eu tinha 14 anos, e desde que fizemos aquele combinado que você sugeriu, de seguirmos com as nossas vidas eu tentei de todas as maneiras não deixá-lo mais interferir nas minhas decisões ou em quem eu me tornaria, mas você sempre se envolve! Você não decide se me quer ou se vai embora de vez, que droga! Sim, eu beijei o Zay numa droga de jogo porque estávamos nos divertindo e também porque eu quis, eu sou assim, eu faço o que eu quero e lido com as consequências depois, e se isso te incomodou o problema é seu! Eu não te devo nada, muito menos satisfação. – Quando finalmente acabei de falar um silêncio ensurdecedor invadiu o espaço. Josh me olhava sério, em parte incrédulo com toda a informação que eu acabara de despejar com tanta veemência e em partes consciente de que eu estava certa. Desde sempre Josh havia tido a oportunidade de viver sua vida sem nenhum tipo de restrições, e nunca ouviu uma palavra vinda da minha boca até mesmo quando eu tinha mil e uma opiniões sobre as atitudes que ele tomava. Ele, pelo contrário, sumia em grande parte do tempo e só dava as caras para dar o seu palpite. Devido aos meus sentimentos, eu nunca me importei, por saber que ele só queria o meu bem, mas essa situação de "chove e não molha" já havia chegado ao seu limite. – Se decida, Josh. Ou você está comigo, ou eu estou sozinha. Estou cansada de pensar no longo prazo, quero agora ou nunca.

                                   ***
Acordei horas depois com uma dor de cabeça inconcebível e sons de gritos do lado de fora do meu quarto. Me levantei num pulo assustada. Nossas brigas nunca chegavam àquele ponto, o que poderia estar acontecendo? Ao chegar na sala encontro Josh de um lado, vermelho e com veias saltando em seu pescoço, emquanto Zay estava do outro lado sendo segurado por Lucas.

– O que diabos está acontecendo aqui? – Praticamente gritei me enfiando no meio dos três. Nada adiantou, a terceira guerra ainda parecia prestes a explodir na minha sala.

– Como você deixa esse cara brincar com os seus sentimentos dessa forma, Maya? – Zay indagou indignado. Franzi o cenho sem entender nada. Josh riu sarcasticamente atrás de mim.

– Eu nunca faria isso, Zay. Não venha me atacar por conta de suas frustrações, não é culpa minha se você não foi homem o suficiente para conquistá-la! – Como um reflexo me virei para Josh, não acreditando nas palavras maldosas que haviam acabado de sair de sua boca. O que aconteceu em seguida se passou em questão de segundos, Lucas soltou Zay e atravessou a sala em passos largos, quando alcançou Josh agarrou-lhe pelo colarinho da camisa e o empurrou contra a parede. Um grito nervoso escapou minha garganta.

– Josh, eu e você somos praticamente família, mas Zay é meu irmão. Se você mexer com ele, está mexendo comigo. – Lucas disse baixo, praticamente sussurrando, com o rosto a centímetros do de Josh. O silêncio que se seguiu foi absoluto. Lucas ainda segurava Josh contra a parede quando ouvimos o barulho da fechadura e então Riley e Farkle entraram no apartamento.

– Que loucura é essa? – Riley quase gritou desesperada. Lucas soltou Josh e voltou-se para nós sério. – Lucas?

– Ele perdeu a linha, Riley. – Respondeu simplesmente indo para o lado de Zay.

– E você acabou de fazer o que, exatamente? – Sua voz continuava estridente, revelando sua indignação e decepção. 

– Riley...

– Eu não quero saber, Josh. Vá embora! Aliás, todos que não moram nessa droga de apartamento vão embora. – Riles marchou até o seu quarto e bateu a porta. Respirei fundo tentando encontrar algo para dizer sem sucesso.

– Eu não sei o que acabou de acontecer, mas não é assim que nós resolvemos as coisas por aqui. – Farkle disse antes de deixar o apartamento. Um por um eles saíram, Josh por último.

– Maya... – Se virou antes de sair. Apenas suspirei cansada e neguei.

– Só vai embora, Josh. – Assim que a porta se fechou caminhei até a bay window e me sentei abraçando os meus próprios joelhos, tentando digerir tudo o que havia acontecido. A porta do quarto de Riley se abriu timidamente e minha amiga veio se sentar ao meu lado.

– O que aconteceu?

– Não sei, Riles. Quando acordei já os encontrei naquela situação. Josh foi tão mesquinho com Zay... Você sabe como Lucas fica quando atacam o melhor amigo dele, é como eu fico quando fazem algo com você. – Respondi vendo-a negar com a cabeça e olhar pela janela.

– Josh é família, Peaches. Lucas não pode perder o controle assim, principalmente com alguém que eu amo.

– Josh também perdeu o controle, Riles. – Disse me sentindo mal por vê-la tão triste com o namorado.

– Ele sempre perde quando se trata de você. – Concluiu.

– Não era pra ser assim. – Disse agora me sentindo mal pela minha própria tristeza. – Eu devo romantizar isso, por um acaso?

– Claro que não, Maya. Nunca! Vocês devem se resolver ou deixar essa história de lado  antes que todo mundo se machuque. – Respondeu segurando minha mão. Respirei fundo novamente, sabendo que minha amiga, mais uma vez, estava certa.

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