17, Trilogia

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Abraçar o travesseiro com tanta força não leva embora a aflição. Talvez o sol esteja bonito hoje, ou é só o desânimo que não me deixa ir para longe dele. O edredom nunca esteve tão gelado. Meus pés e mãos não acham suficiente receber o calor do sol. A cortina totalmente aberta mostra a vida corrida das pessoas.

Vida corrida.

Já se passaram dois dias desde que Jihyun, junto com Heejoon, nos proibiram de sair do quarto, e nesse tempo, que era pra ser usado com treinos, tenho prestado atenção em detalhes que passaram despercebidos, detalhes esses que poderiam ter sido evitados se eu pensasse mais uma vez. Eu me empolguei tanto em participar da collab, agi como uma adolescente ao me perguntar se Ten estaria ou não comigo mais uma vez. Me diverti muito com as meninas, mas também fui egoísta em pensar somente no meu amado quando estávamos todas juntas. Já se passou uma semana desde a formação oficial da collab. Ah... aqueles momentos não voltam nunca mais.

O celular ao meu lado vibra por uma notificação. Na verdade é só mais um comentário negativo em uma foto minha. Jihyun pediu encarecidamente que nenhuma de nós ativasse as notificações de post para saber o que as pessoas estão falando. Infelizmente, ou felizmente, não escuto o que diz sobre isso tem um tempo, e quando há uma oportunidade sempre leio os comentários nas coisas que posto. Sem surpresa, há mais pessoas falando mal do que dando algum tipo de apoio. Mas, algumas vezes, uma quantidade razoável de fãs internacionais deixam mensagens positivas ou comentam algo relevante sobre o que postei. Mas é natural que eu leia primeiro os negativos antes de qualquer coisa. Por outro lado, Ten não recebe nenhum comentário negativo. E quando recebe, ele é ofuscado pelo mar de fãs que limpam o seu nome. Queria poder ter essa mesma sorte.

Respiro fundo soltando o ar de uma vez só. Nunca me senti tão entediada num quarto porque sempre tive as meninas para me animar, seja com a presença delas ou uma simples conversa. Mas agora não tenho nada. E, só talvez, eu não queira ter já que desativei as notificações de mensagens. Não é que eu queira ficar sozinha. Mas não vou suportar receber um olhar julgativo e qualquer tipo de fala indireta. Na verdade, agora, eu não queria nem estar apaixonada.

Batidas leves me despertam de um profundo sono, uma dormência entre a realidade e os meus muitos devaneios. Levanto o rosto virando meu corpo para a porta. Talvez eu esteja ouvindo coisas.

Mas em um súbito a porta se destranca. Sou rápida em consertar meu corpo em cima da cama colocando parte do edredom sobre as pernas e o busto.

Fechando a porta até ela ser trancada, Ten dá dois passos rápidos para trás com a respiração meio afobada. Seu olhar assustado se encontra com o meu, mas logo um sorriso toma conta do seu rosto.

– Eu quase fui pego você tinha que ver! – ele ri de sua própria travessura, mas não consigo acompanhar seu sorriso e muito menos o seu ânimo.

Vestido da forma mais casual que eu vi até agora, Ten está até mesmo descalço, mas parece sentir frio por, às vezes, colocar um dos pés por cima do outro.

– Ah – depois de muito ele percebe a situação que me encontro. Mesmo que meu pijama seja comprido, estou totalmente descabelada e com rosto inchado. Fora as olheiras enormes devido a noites longas sem sono. – Desculpa, eu–

– O que você tá fazendo aqui? – corto sua possível explicação. Agora o que menos importa pra mim é como estou vestida ou se minha aparência vai agradá-lo de alguma que forma.

– É que você não anda respondendo minhas mensagens, pensei que estivesse passando mal ou alguma coisa do tipo. – evita contato visual.

– Eu tô bem não precisa se preocupar. – relaxo meus braços sobre as pernas, o edredom não cobre mais o meu busto. – Pode ir embora agora.

Me apaixonando por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora