Hotel dos Corações Partidos

Fanfics mentais & Xérox

25 era o número de confirmados ao evento que Ana criou " Clube do Analógico" . Mas de verdade, ela nem se animava com isso, porque queria mais distância de João Pedro, eu não te avisei ainda, mas Ana tinha uma boa carreira em se apaixonar pelo impossível. Pra se ter ideia, o primeiro amor foi um personagem de desenho animado. Sim. Tão patético quanto. Demorou para Ana aceitar que não poderia amar um personagem de desenho e cá entre nós ela ainda sente alguma coisinha quando o vê. Vou manter em segredo qual personagem é para não expor nossa Ana tanto assim.

Por isto, você vê que se apaixonar por um 'quase-chefe' comprometido não é nada para ela. Mas antes dele, houveram professores solteiros, casados, houveram colegas homossexuais, houveram simplesmente meninos que não davam a mínima para ela e antes que uma patrulha moralística se forme, nenhum deles sequer souberam que Ana 'os amou'. Pode-se chamar de amor, um sentimento vivido á sós? Ana chamava de quase-amor. Se não o era, era bem próximo.

Ao que me parece, Ana gostava de manter a pessoa em sua decência, em sua uniteralidade ao máximo. Como se se ela dissesse algo, a pessoa sairia de sua penumbra, como se ela furasse a 'quarta parede' que era onde se escondia e julgava amar a pessoa. Algo assim...

Ás vezes queria que elas adivinhassem sozinhas... Plot Twist: Nenhuma adivinhou. Nunca.

Isso significava que Ana fazia bem seu trabalho.

E estava decidida a não se apaixonar por João Pedro. Pelo menos não externamente.

Chegou ao trabalho. Tomou seu café. Adentrou sua sala.

Maria Fernanda parecia a aguardar com ansiedade.

Dizia "Ana! Elogiaram muito sua página e disseram que seu design ficou incrível." Ana realmente tinha um senso estético apurado. Sua principal paixão era, Moda, depois fotografia e então design. O que ela pretendia unificar tudo.

"Analisamos também as mídias digitais que você mantém e estão realmente de muito bom gosto! Tanto que querem emprestar seus serviços em outro departamento..." continuou Maria Fernanda.

Quem queria? Ana pensava.

João Pedro surgia por trás, mãos no bolso, mais uma variação de camisa xadrez. Esperava que Ana supusesse de cara, mas ela não esboçou qualquer reação compatível.

João Pedro resolveu então deixar mais claro

"Ana, queria que você ficasse no meu departamento de Música por uma semana ou duas pra elaborar uns designs pra usarmos nas mídias daqui pra frente."

Ana enfim entendeu.

Queria mesmo era perguntar se iria ganhar a mais por isso, mas não pareceu ser uma preocupação de ninguém.

Ela disse apenas que tudo bem e se sentou.

Maria Fernanda e João Pedro se olharam, indecisos.

Ana os observou e enfim compreendeu.

"Ah...começando agora?"

Eles riem em confirmação.

Ana se levantou, agrupou suas coisas no colo e acompanhava JP.

É verdade que mal cabia uma quarta pessoa naquela sala, mas João Pedro facilitou tudo improvisando um canto na sua mesa que era levemente maior que as dos outros.

Ela se ajustou e também ele. Ana percebia que estariam mais próximos do que nunca. Por meia polegada estariam perna com perna, encostadinhos. Ana afastou tanto sua cadeira que ela ficou metade pra fora da sua área de trabalho.