Enfim, o dia do clube do analógico

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 Ana chegou as duas da manhã em casa.

Se jogou na cama com roupa e tudo, mas teve que levantar correndo pra vomitar.

Passou mal de tanta bebedeira, assim que aliviou o estômago, deitou-se novo.

Meio corpo pra fora da cama.

E de repente já eram oito da manhã.

E chovia, aquela chuva clássica de São Paulo, um chuvisco constante.

Ana olhou nas notificações, ninguém do evento dizia nada sobre ir, muito menos João Pedro.

Ana, pensou e repensou, estava muito a fim de sair e fotografar.

Acordou de ressaca, mas ainda restava uma disposição.

Olhou suas roupas e queria tanto usá-las. Então separou um suéter preto, calça preta e sua bota estilo Doc Martens (esse estava em bom estado) uma capa de chuva meio sobretudo amarela e ainda uma mochilinha vintage.

Também se maquiou, usou um batom vinho amarronzado, combinava com o clima de inverno.

E foi para a estação de metrô. Não quis cobrar ninguém do evento, na verdade até estava achando atraente a ideia de fazer esse 'passeio' sozinha.

Já eram 10 horas, o horário marcado. Resolveu aguardar no máximo 10 minutos.

E encostada numa marquise, de forma a não atrapalhar os passantes, ela olhava as mídias sociais, uma por uma. Se atualizava da vida dos outros, até que quis checar seu aplicativo de mensagens e sem querer seus dedos seguiram pro contato de JP.

Muito cuidadosamente ela queria ampliar a foto para vê-lo, é engraçado como esquecemos o rosto de alguém em que pensamos muito, Ana tinha esquecido.

Assim que ampliou, a foto sumiu.

Desapareceu.

Ele teria voltado ao status inicial de não colocar foto ali, devia estar querendo recuperar sua total discrição do mundo digital.

Ana ficou levemente triste por esse fato, desligou a tela do celular. Cruzou os braços, respirou fundo e olhou para as catracas daquele maldito metrô, alguém iria naquela porcaria de evento ou estava perdendo seu tempo?

No meio da multidão apressada, um rosto conhecido.

Era João Pedro? Não, apenas uma outra pessoa qualquer.

Engraçado também quando estamos apaixonados e as outras 7 bilhões de pessoas do planeta passam a te lembrar aquela que a gente gosta. Não é assim?

Se não era o rosto, era o cheiro, se não era o cheiro era o tipo de roupa, se não era isso, era porque tinham braços, JP também tinha braços, que coincidência.

E em meio a esse pensamento, novamente aparece alguém parecido com ele.

Carregava uma ecobag com desenho moderno, dava pra ver que tinham vinis dentro, o cara usava uma blusa de gola alta (e como Ana achava sexy homens de gola alta, meio frenchy) casaco longo, botas de couro, tudo na cor preta, cabelo bagunçado e molhado por causa da chuva.

Ana ficou reparando mais no modelito do homem do que no rosto, já que era principalmente assim que julgava as pessoas, quando viu que ele acenou pra ela.

Era João Pedro mesmo.

Era? Era sim.

Ela ficou confusa e seu coração começou a palpitar forte. Muito forte. Passou a catraca, foi até ele.

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