Thirty-six

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Marília Mendonça

Depois que mandei a mensagem para o Ricelly, desliguei o celular pois ele começou a me ligar, e dormi como Lena ainda em meus braços. Precisava descansar e já que os meus filhos estavam dormindo, seria um absurdo não dormir também.

Acordei com o colchão afundando do meu lado, abri os olhos e sorri, era o Tchula, eu sabia que ele viria me visitar aqui na fazenda, só não sabia que seria tão rápido assim.

Senti um carinho leve na minha cabeça e sorri, era tão bom ter meu melhor amigo ali comigo.

— Minha princesinha agora é mamãe, como eu consigo lidar com isso?

— Eu não sei lidar com o fato de que aqui a um ano terei duas crianças lindas me chamando de mamãe, imagina você?

— Eu tô sabendo, Amanda e Helena te adotaram como mãe.

— Sim... Você já viu o meu filho? Ele é lindo! – falava baixo para não acordar a Lena.

— Sim, ele é muito lindo. Juliano está com ele lá embaixo.

— O Léo não está no berço?

— Não, ele estava chorando então o levaram lá pra baixo para você dormir.

A forma como eles se preocupam com o meu bem estar é lindo, com o maior cuidado coloquei Helena entre nós na cama e fiquei admirando a cópia mais linda do Henrique. Ela era tão ele, tinha a cor da mãe, alguns pouco traços da Amanda, mas era o Ricelly todinho, desde o sorriso até a forma de prestar atenção nas palavras que ainda nem entendia.

— Ela é idêntica a ele, não tira nada, só acrescenta.

— Assim como o Léo, é a cópia mais perfeita da minha Marília Dias Mendonça, os traços do Huff só acrescenta a beleza extraordinária do garoto.

— Acha que o nosso filho se pareceria comigo ou com ele?

— Acho que você precisa parar de viver o passado... Sei que ainda dói ter perdido aquele bebê, mas lembre o Gustavo Mioto disse que: Deus escreve certo por linhas tortas e a gente nunca sabe de nada.

— Acho que já está na hora do Huff conhecer o filho dele né?

— Sim Marília, está na hora. Você não tem o direito de proibir isso, por mais que eu não goste dele, não acho certo sua atitude.

— Ele praticamente abandonou a gente, porque não atendeu a porcaria do celular? Foram dois dias sofrendo sozinha com as dores e ele ao menos me mandou uma mensagem perguntando se eu e o filho dele estava bem.

— O erro foi dele, quem vai conviver com esse erro é ele, não faça isso com você, não cometa esse erro.

— Mas é muito fácil ele vir agora com essa de arrependido, de depois do filho dele nascer quer o segurar no colo quando quem estava na sala de parto foi o Juliano, quando quem atendeu o celular no primeiro toque foi o Henrique, vou ser sincera com você meu amigo, pai mesmo seria o Ricelly. Eu teria muito orgulho de ver meu filho chamar o Henrique de pai, ele sim estaria na sala de parto, e mesmo com raiva, mesmo brigados ele me atenderia.

— Essa sua mania de comparar os dois me irrita sabia? Para poxa, o Murilo nunca vai ser como o Henrique, o Murilo nunca vai chegar perto de ser pra você o que o Henrique foi e é. Você está vivendo o que escreveu. Só não deixe o Huff saber, que você ainda ama loucamente o seu passado.

Respirei fundo e foquei os olhos na pequena Tavares, ela ainda dormia tranquilamente, acho que alguém não dormiu de noite. Juliano entrou no quarto com o Léo chorando e me entregou, disse que já precisava ir para Alagoas, senti um vazio no peito, queria estar lá também.

Segunda Chance 1.0Onde histórias criam vida. Descubra agora