Power Play

Anytime you need.

Reagan

   Andar sem os braços de Trevor me ajudando é meio difícil, mas com um pouco de esforço eu consigo alcançá-lo na minha porta - Eu não tenho a chave - ele diz me encarando com um olhar obvio, já que o apartamento é meu - Eu também não tenho - quando saímos para a festa, Sabrina foi quem levou uma mini bolsa com nossas coisas, então eu não tenho nada comigo.

Trevor então pega o celular para ligar pra alguém, mas eu logo lembro que Sabrina sempre tem uma chave extra - Brina sempre deixa uma chave extra debaixo do tapete do senhor Darren - Eu aponto para única outra porta neste andar, já que como estamos no último andar do prédio os dois apartamento aqui são duas coberturas - Espere aqui - Trevor diz indo pegar a chave e eu rio, achando engraçado ele me mandar ficar aqui, como se fosse possível eu ir para outro lugar.

Eu observo ele voltar encostada no batente da porta, sentido minha cabeça latejar com todo esse nosso falatório, não consigo nem reclamar, apenas resmungar de dor - Você está bem, vai vomitar? - Ele tem um tom de preocupação e eu logo o respondo - Eu não vomito, tenho classe demais pra isso, eu só preciso ir dormir -

Ele abre a porta e vai direto para cozinha - Tome um remédio e beba um pouco de água antes de ir pra cama então - Ele vasculha a cozinha e eu apoio a cabeça no balcão, esperando o remédio e a água, observando ele procurar as coisas. E por um breve segundo eu meio que desejo não odiar ele tanto assim, porque Trevor pode ser afetuoso quando quer, eu percebo muito isso ao ver ele com Sabrina, com as irmãs dele e até mesmo com Riley, ele às vezes é tão carinhoso que me faz pensar que seria bom eu não ter que ser tão forte o tempo todo e deixar alguém cuidar de mim.

Não que minha família, ou Sabrina e Brax deixam de fazer isso, eles fazem, mas nos últimos dois anos eu precisei ser tão forte para minha família que eles nem perceberam que eu também precisava que alguém fosse forte para mim, ou que eu também precisava de ajuda, mesmo que eu não quisesse.

Eu sinto a mão dele tocar meu braço de leve e levanto a cabeça devagar, e ele me oferece o remédio para dor de cabeça e a água - beba a água toda - ele me observa em silêncio enquanto eu faço tudo devagar e no meu tempo. A tensão do que falamos no elevador ainda ronda entre a gente, mas ela parece ser suprimida por ele querer me ajudar e eu querer ser ajudada.

Quando eu termino ele pega minha mão e me guia até meu quarto, e eu agradeço ele novamente, meu apartamento é enorme, eu poderia literalmente cair no chão e dormir ali mesmo de tanto sono.

Ele me deixa passar na frente para abrir a porta do quarto e então passa na minha frente de novo, e com toda delicadeza do mundo me ajuda a subir na cama. Eu estou pronta para dizer tchau, me ajeitar na cama e apagar de sono quando sinto ele pegar meu pé e começar a tirar meu sapato - O que você está fazendo Trevor - minha voz de repente soa mais alerta, ele vai tirar mais alguma peça de roupa minha enquanto eu estou bebaça e quase incapaz de manter meus olhos abertos?

- Eu vou apenas tirar seus sapatos, ninguém deveria dormir enquanto ainda então calçando botas - Ele fala firme, sem nem olhar para mim. E é exatamente só isso que ele faz, tirar meus sapato e por mais pés na cama com gentileza.

Está tudo muito estranho entre nós dois ultimamente, em um minuto ele está jogando água em mim, e no outro me emprestando sua blusa para eu ir dormir, em um dia  estamos brigando no meio da calçada e no outro conversamos como velhos amigos no final da festa, uma hora em cobro um dívida e depois eu agradeço por ele ter ganhado o jogo. Em um segundo eu estou jogado verdades na cara dele dentro do elevador e logo após eu gosto de como me sinto quando ele cuida de mim.

- Você quer tirar sua maquiagem? - Ele me pergunta casualmente, como se fosse uma pergunta recorrente entre nós, e por mais surpresa que eu esteja eu não abro meus olhos, estou muito envergonhada para sequer olhar para ele. Eu quero falar para ele parar de ser tão gentil e legal, mas não é isso que sai da minha boca - Sim - minha resposta é baixa, mas como ainda não abri os olhos a situação parece um pouco menos humilhante.

Eu ouço os passos dele irem em direção ao banheiro, escuto mais alguns barulhos e depois mais passos voltado, até pararem e o lado esquerdo da cama afundar e ele se sentar ao meu lado. E pela terceira ou quarta vez essa noite, Trevor me surpreende novamente quando eu sinto o macio e úmido algodão encostar na minha pele, e eu derreto na cama, porque Trevor Colten está literalmente tirando minha maquiagem, e eu não acho que alguém tenha feito algo tão simples ou até mesmo fofo, e ainda sim tão significativo para mim desde o acidente.

Eu lembro do que Trevor disse para mim no bar aquele dia, sobre ele não ser cego e ver tudo que eu tento esconder, em como eu não engano ele. Será que a armadura que eu construí pensando ser indestrutível não é tão indestrutível assim? Seria muito azar ou muita sorte ser logo Trevor que vê além das minhas barreiras?

  Eu não consigo deter a lágrima que me escapa com esse gesto, mas trevor apenas a seca e continua a tirar a maquiagem. Quando ele passa o algodão pelos meus lábios para tirar meu batom, um suspiro baixo lhe escapa, fazendo com que meu corpo inteiro reaja a ele com um arrepio, por um momento eu quero que ele toque meus lábios com os dedos e depois com a boca dele, querendo sentir eles de novo, mas o desejo logo se vai quando ele rapidamente sai da cama e volta para o banheiro.

  Eu me deito de lado e viro em direção ao banheiro, e arranjo coragem para abrir os olhos quando ouço os passos dele perto da cama de novo - Você vai ficar bem? - Ele pergunta se ajoelhado na barra da cama para ficar na altona do meu rosto, cara a cara comigo, ele está perto ao mesmo tempo parece não perto o suficiente - Você sabe que eu vou - Eu abro um pequeno sorriso para disfarçar a mentira, mas ele não sorri de volta. Durante dois anos ouvir essa pergunta é horrível, odeio essas palavras, mas a pratica leva à perfeição e a mentira desliza da minha boca com cada vez mais facilidade.

  - Tudo bem se eu esperar aqui até Brina chegar? - Ele pergunta enquanto tira uma mecha do meu cabelo que caiu no meu rosto, e eu pisco por um longo tempo, aproveitado o gesto carinhoso dele. Mas calor preenchem minhas bochechas, ao processar o que ele disse, ele quiz dizer esperar na minha cama ou eu entendi errado?

   - Esperar aqui na minha cama? - Minha voz sai meio incrédula e pela primeira vez em anos, soa inocente.

E então, desde que saímos da festa um de nós ri de verdade - Eu acho que você realmente bebeu demais, eu quis dizer esperar na sala, Reagan - minha confusão pareceu o divertir e mesmo no escuro do quarto sei que ele pode ver o rosado das minha bochechas - Você parece meio desapontada - Ele ri um pouco mais, e isso faz com que ele chegue ainda mais perto de mim e eu sinto um perfume familiar.

- Você cheira a projeto de modelo da Victoria's Secret - O sorriso dele aumenta ainda mais com a provocação
- Bom, isso é o mínimo né, já que nós estávamos vendo o quão sexy as lingeries da Victoria Secret são, se é que você me entende - Ele dá uma piscadinha se achando - Eu não sei se tenho mais pena dela ou de você porque... - Eu dou uma pausa dramática e finjo pensar - esquece, eu não tenho como dizer que você saiu perdendo nessa, ela era realmente gata - Ele ri alto dessa vez e meu sorriso se abre - Muito, mas eu pego garotas como ela quase toda noite - Eca Trevor, você é tão galinha - Eu falo a não tão difícil verdade pra ele e a gente ri de novo - Bom, são os ossos do ofício quando se é um jogador de hóquei -
   Meu sorriso desaparece instantaneamente, eu sei que ele não quis dizer isso, mas as palavras dele trazem nós dois de volta a dura realidade, porque esse é o problema, ele é um jogador de hóquei prestes a virar profissional, e eu, não.

  - Me desculpa Reagan, eu não quis dizer isso - ele imediatamente se corrige quando vê minha expressão derrotada - Está tudo bem Trevor, eu só estou muito cansada. Você pode esperar Brina na sala, ela vai querer te ver aqui quando chegar - eu volto a fechar meus olhos, não querendo encarar a súbita tensão ruim entre a gente - Você tem certeza de que está bem? - Ele pergunta pela ultima vez, pegando minha mão para evitar que eu dê as costas pra ele e eu finjo que o calor das mãos dele na minha não é reconfortante.

  - Eu estou - a mentira sai mais fácil agora que eu a repito, e o falso sorriso o parece convencer dessa vez - Ok então - ele soa relutante, mas mesmo assim aperta minha mão e se levanta para ir embora, mas eu agarro sua mão entes que ele me solte - Espera, eu, eu só quero pedir obrigada por hoje - Minhas bochechas não poderiam estar mais vermelhas, palavras gentis dirigidas a Trevor são sempre difíceis de dizer.

- Sempre que você precisar Reagan, sempre - Ele deixa um beijo rápido na minha mão, e deixa o quarto tão rápido que quando eu interpreto completamente o que ele disse, eu já estava sozinha no quarto.