times square can't shine as bright as you

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[22:38 p.m, 17 de Julho de 2009 NY-MI]

Assim que Ashton sai pela porta eu corro para o meu celular, pressiono o aparelho entre meu ombro e rosto enquanto abro os armários da cozinha procurando algo para comer.

— Boa noite, Hemmings. — Sabrina atende o telefone me fazendo derreter com sua voz — Pontual como sempre.

— Na verdade 8 minutos atrasado, mas resolvi esperar o Ash sair. — pego uma pipoca de microondas com uma mão e com a outra abro a geladeira procurando algum refrigerante, afinal desde o acidente evito beber, mesmo que seja pra ficar em casa.

— O que veremos hoje? Já sei o que vai responder, nem sei porque pergunto. — ouvi o barulho de seu microondas  apitar no fundo da ligação, nesse último mês toda sexta feira assistimos um filme juntos enquanto comemos pipoca ou algo do tipo, isso me faz pensar que Sa não é apenas uma amiga.

— Sabrina, eu esperei dois anos pra continuação da saga, até te mandei o livro! — ela riu do outro lado da linha, sei que não leu — O filme já estreou tem dois dias e eu não só não fui no cinema como já achei uma versão na internet pra gente assistir, hoje é Harry Potter e o Enigma do Príncipe, sem discussão!

— Tudo bem, tudo bem, hoje é o seu dia mesmo, semana passada eu te fiz assistir Ele Não Está Tão a Fim de Você — ela riu porque sabia que eu, por mais que negasse, eu tinha gostado — Hemmings, antes do filme queria lhe perguntar o que você queria dizer quando me ligou mais cedo, a loja estava muito cheia e barulhenta, mas lembro que era algo sobre seu irmão.

— Sabe que nem me lembro - menti, não quero contar que sem sequer pedir sua permissão eu deixei que gravassem nossa ligação.

Olho para a mesa de centro na sala e vejo a câmera de Calum e Ash, lembro que Michael sugeriu que mesmo se eu estivesse sozinho deveria fazer gravações com ela no telefone, trocando e-mails, cartas ou desabafando mesmo. Penso por um segundo e no impulso começo a gravar, coloco o celular no viva-voz sobre a mesa e não conto a Sabrina, parece errado e invasivo, mas continuo.

— Você está ficando velho e esquecido, Luke. Pra trabalhar mais a sua memória me conte como foi seu dia. — sempre gentil e atenciosa, toda noite ela me perguntava o que fiz, os lugares que visitei, as pessoas que fotografei, como eu estava me sentindo.

Não tenho muitos amigos pra me ouvir e mesmo assim me sinto exposto contando tudo sobre mim, mas com ela é diferente, é natural. Quero que ela saiba como foi meu dia, quem sabe dessa forma pareça com que ela estava aqui ou que eu estava em Michigan com ela, não sei, parece loucura, mas na minha cabeça faz todo sentido e sei que também faz na dela. Só isso importa.

— Sabe aquela banda que você me indicou? Paramore? Apresentei para os rapazes, Mike está completamente apaixonado — o que eu simplesmente entendo — compramos ingressos pro show deles aqui em Nova York!

— Sério?! — ela perguntou animada, amo ouvir como sua voz fica quando ela está empolgado sobre algo — Estava pensando em viajar até Chicago, mas estou sem dinheiro.

— Você poderia vir pra Nova York, eu compro o ingresso do show pra você de presente! — eu sempre criava cenários para ver Sabrina, mas ela não ganha bem como professora para conseguir uma viagem pra cá e eu estou totalmente quebrado e ao mesmo tempo atolado com os trabalhos de fotografia — O show vai ser dia 21 de Outubro no Hammerstein Ballroom, até lá você pode conseguir guardar um dinheiro e posso tentar ajudar no que faltar também, não precisaria pagar hotel, você sabe que pode ficar aqui por quanto tempo quiser!

— Não é tão simples, Luke, eu queria muito te visitar, mas você sabe como eu trabalho muito e recebo pouco — ela suspirou, quero muito vê-la, só a simples ideia me deixa animado pensando em todos os lugares que queria levá-la — Sem contar que eu ajudo a minha mãe também, esqueceu? Desde que ela caiu e fraturou o fêmur não consegue trabalhar e eu a ajudo pagando algumas de suas contas. Me desculpa, mas não é um bom momento pra mim. 

Nunca parecia ser um bom momento. A vida de Sabrina não era nada fácil, ela me contou que tinha mais dois meio-irmãos, Tom e Phill eram gêmeos e mais velhos que ela, porém ambos não são neurotípicos e não sabem se cuidar sozinhos. O pai de Sabrina faleceu antes do seu nascimento, já o pai dos gêmeos nem sequer apareceu. Toda vez que tento traçar um plano para visitar ela em Michigan ou ela vir para Nova York alguma coisa dava errado, o que é um saco, mas ela tem muitos problemas e me sinto injusto descontando minha frustração em algo que sequer é sua culpa, às vezes parece que a vida dela começa a dar certo e basta surgir a oportunidade de nos vermos pessoalmente e tudo desanda, não sei se o universo não nos quer juntos. Ela não sabe, mas venho guardando dinheiro e na primeira oportunidade vou conseguir encontrá-la, sei que vou, preciso disso.

Tocar nesse assunto lhe deixa triste, então mudo e conversamos por mais alguns minutos, rimos enquanto ela conta sobre as crianças para qual leciona artes, cada palavra eu anseio por mais. Queria poder encostar minha cabeça no seu colo e massagear suas mãos salgadas de pipoca e a assistir falando por horas e horas, não me canso de ouvir sua voz, mas queria poder ver seu rosto. Estou completamente submerso e sem ao menos perceber entre risadas eu solto:

— Te amo, Sabrina — no primeiro segundo eu continuo rindo, mas logo percebo que ela suspirou e ficou em silêncio. Eu também paro de rir, são segundos intermináveis — Está com o filme pronto? Vou contar até três e soltamos!

Ela apenas fala um "aham" baixo, ainda desconfortável. Enquanto faço a contagem desligo a câmera. Inferno! Não posso acreditar que gravei isso, eu sou muito idiota. O filme começa, enquanto o símbolo da produtora carrega eu me pergunto "Por que ela não respondeu de volta? Eu sei que ela me ama, eu sinto".

— Está ansioso, Luke? — ela fala, quebrando o gelo.

Não é o que eu queria ouvir, mas é o suficiente para saber que estamos bem, respondo "aham" sem graça e volto meus olhos para a tela.

Quando o filme acaba percebo que Sabrina já estava dormindo, 22 anos e com o sono de uma senhora de 70 e poucos. Desligo o celular, fecho a tela do filme e abro meu e-mail, temos o hábito de enviar arquivos de músicas ou links do YouTube por e-mail, ela não sabe mas estou colocando todas em um CD para escutarmos juntos dentro do meu Peugeot S206 de 2007.

mais uma musiquinha pra você, sabrina
Luke Hemmings <luke_is_a_penguin _@yahoo.com>
Sab, 18/07/2009 02:02
Para: Sabrina C. Price <sa.price.c@yahoo.com>

Venho escutado essa música repetidas vezes, não tem uma que eu não me lembre de você.
Com amor, LH
<hey_there_delilah-plain_white_t's.mp3> 

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e aí catfishers, resolvi postar dois cap de uma vez pq são curtos e é pra situar vocês no tempo/espaço. estou conferindo cada evento de música e show que aconteceu na época para que as datas batam. eu tbm postei no meu twitter uma plasylist bem nostalgica anos 2000 pra vocês ouvirem no motorola v3 sony ou ericsson w380 que trocava de musica na frente.

queria agradecer também as minhas desconnectadinhas que sempre me apoiam

beijos ate a proxima att, quem nao gostou dá ban 


THIN WHITE LIES - lrhOnde histórias criam vida. Descubra agora