combative or sweet cherry pie

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Resolvemos que a melhor opção seria viajar na época do aniversário do Calum, bem no meio do inverno. Se em Nova York o frio já congelava a ponta dos meus dedos e deixavam meu fino nariz vermelho toda manhã, imagina em Michigan.

Embora todos tendo concordado com a viagem, Ashton e Michael reclamavam bastante sobre alugarmos uma casa de inverno em Mackinaw, primeiro porque sempre que podia Ashton  reclamava comigo por me envolver logo com alguém de um dos estados mais frios do nordeste, ele vivia falando "Por que você não podia arrumar uma namorada abaixo da linha do Equador como na América do Sul ou Oceania para passarmos o começo do ano na praia tomando bebidas a base de frutas tropicais e usando sandálias huarache para voltar pra casa com o pé cheio de areia?" — só ele para achar esse tipo de sapato bonito — e Mike, por sua vez,  reclamava de porquê não alugamos um chalé diretamente em Cheboygan, perto do aeroporto, mas Mali — a linda irmã mais velha de Calum que eu secretamente tinha uma grande queda quando adolescente — nos ajudou a achar o lugar e conseguir um desconto.

Desde o dia que de fato começamos a pesquisar sobre Sabrina passamos a gravar tudo que envolvia nós. Me sentia um espião infiltrado ouvindo ela falar todas as suas histórias e postar todas as suas músicas e pinturas fingindo acreditar em tudo, extremamente devoto a sua teia de mentiras ou falsas verdades. Toda vez que ela começa a falar alguma história trágica ou mirabolante demais nós gravávamos.

[18:27 p.m, 21 de Janeiro de 2010 - Aeroporto Internacional JFK, Nova York]

Gastamos tanto no lugar que baratear a viagem pegamos um voo com escala tão longo que partindo no dia 21, quinta-feira às 19:00 chegaríamos apenas em Cheboygan dia 22, sexta-feira, por volta das 18:00 p.m pois era preciso fazer duas escalas: a primeiro em Clevand - OH e depois em Detroit.

Quando entramos no avião me senti um pouco relutante com a filmagem, o nervosismo me atingiu. Isso não apenas uma caça de gato e rato, é a minha vida e de outra pessoa também. Apesar de tudo é óbvio que eu ainda a amo. É ridículo, sei disso, mas não é como se eu tivesse controle.

— Não, Ash! Eu não quero fazer isso agora! — resmunguei enquanto afastava a câmera do meu irmão para longe de meu rosto. — Já estou nervoso o suficiente mesmo sem ninguém me gravar!

— É tarde demais agora! — ele respondeu — Agora meu documentário é sobre vocês, eu preciso gravar tudo, afinal é meu TCC e você concordou com isso! — ele disse e voltou com lente para o meu rosto, aproximando bem perto da minha boca enquanto eu falava.

— Está nervoso? — Michael, sentado na fileira atrás da minha, sacudiu meu assento. — Eu não acredito que você realmente pegou um avião pra porcaria do Norte de Michigan só pra ver uma garota, ninguém em Nova York era bom o suficiente pra você? — ele perguntava com a boca cheia de amendoins. — Pior, eu não acredito que você está nos arrastando pra essa porcaria!

— Não começa com isso de novo, eu não obriguei ninguém a vir comigo. Eu sugeri que pra esse aniversário do Calum alugássemos uma cabana em algum lugar onde a neve não fosse cinza e suja e todo mundo concordou!

— É Michael, você não pode simplesmente fingir que o Luke não me usou pra ver sua namoradinha? — Calum disse enquanto pegava o pacote de amendoins torrados da mão do Michael — Brincadeira, estou feliz em viajar com vocês e principalmente pelo Luke ter tomado coragem de enfrentá-la.

Não sei o quanto de coragem há em mim. Pego um goma de mascar no bolso interno do meu grosso casaco de frio, já sabíamos o que nos esperava. Quando o avião decola sinto um frio na barriga e com o nervosismo acabo engolindo o chiclete, vovó sempre dizia que engolir goma de mascar era um sinal de mau agouro e você poderia ter 7 anos de azar, mas não é como se minha sorte pudesse ser pior de qualquer forma.

THIN WHITE LIES - lrhOnde histórias criam vida. Descubra agora