prólogo.

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resumo: há um novo diretor na sonserina, harry dará aulas e minerva não gosta das piadas de malfoy.

Draco Malfoy não podia acreditar no que via. Ali, sentado no lado oposto da mesa, conversando alegremente com Minerva, estava Harry Potter. Faltavam poucos momentos para os alunos chegarem em Hogwarts, e seu peito não poderia estar pior, de frente à grande desgraça que se postava a metros de distância.

Uma desgraça com um sorriso luminoso, covinhas fofas e olhos hipnotizantes por trás de fundos óculos redondos. Mas ainda sim, uma desgraça.

— O que ele 'tá fazendo aqui?

Pansy, distraída ao seu lado enquanto brincava com a própria taça de hidromel, levantou o olhar ao amigo. Seguindo os olhos cinzentos, parou os próprios no professor novo, que mantinha um papo amigável com a diretora. Voltou a encarar Draco, o rosto bonito se contorcendo num tipo de obviedade escancarada.

— O Potter? É meio óbvio, não?

— Não. — sim, era óbvio e ele sabia. Queria adiar o inadiável, apenas.

— Defesa Contra as Artes das Trevas, idiota. — Pansy acertou um tapa em sua cabeça, bagunçando os fios loiros milimetricamente penteados — Minerva está tão animada com isso, não parou de falar o verão inteiro. Você saberia se tivesse ido nas confraternizações dos professores.

Abriu a boca para falar, mas a porta do grande salão foi mais rápida ao se abrir. Contorceu os lábios num mínimo sorriso, vendo os alunos adentrarem o salão. Olhou para o lado novamente, observando o novo professor. Não queria encarar, mas havia algo nele que o impedia de não olhar. Agora mais velho, compartilhando consigo os mesmos trinta anos de vida, ainda usava aquele maldito óculos que contribuía para a maldita aparência de bonzinho, indefeso, salvador da pátria.

Que, obviamente, era só uma fachada. Um disfarce para o cruel e sem coração Harry James Potter.

— Malfoy, seu tapado. — ouviu Pansy chamar — Minerva irá te apresentar. Pare de encarar o Potter e fique atento.

O loiro contorceu o rosto numa careta, mas fez o que lhe foi mandado. Olhou para a diretora McGonagall pelo que seria a primeira vez no dia, dando seu máximo para não revirar os olhos diante do discurso que ouvia há cinco anos. A mesma porra de discurso, sem nenhuma palavra tirada ou posta.

— Agora, com sua palavra, o novo diretor da Sonserina... — McGonagall pausou, sorrindo tenra e olhando para o professor — Professor Malfoy!

Draco não era um professor carrasco ou nada do tipo. Pelo contrário, se importava com seus alunos mais do que consigo mesmo — e aquilo era difícil, porque se importava muito consigo mesmo —; era rígido, porém, e alguns alunos podiam confundir sua sede por disciplina com marcação, implicância ou até mesmo chatisse. Não que não fosse aquilo tudo, as três estavam muito presentes para um aluno ou outro. Num geral, porém, o professor Malfoy era adorado. Por todos de Hogwarts, mas pelos de sua casa um pouco mais. Por isso mesmo não se surpreendeu ao ouvir o barulho que fizeram ao ouvir a anunciação.

— Ok, podem parar! — ele riu, ficando sério quando não se calaram — Sério, chega. Isso, obrigado! É uma pena que o professor Snape tenha se aposentado, é óbvio, mas agora Severo está descansando em seu... hm... covil? — riu, acabando com a piada ao receber um olhar severo da diretora — Brincadeira, brincadeira! Bom, eu sou muito grato a Severo. Não sei se sabem, mas ele é meu padrinho. Ele sempre esteve ao meu lado, sempre prezou por mim– Por todos nós. Snape sempre prezou pelos outros, em toda sua vida, e sejamos sinceros: era hora do velho pensar um pouco em si. Não sei ele se está num covil, num porão sujo ou numa praia grega reclamando dos jovens, mas ele merece ser feliz e descansar, onde quer que esteja. Por Mérlin, se uma praia não der um jeito naquele mau humor, mais nada dá! Bom, eu só sei que agora eu sou o diretor da Sonserina e que nós vamos nos divertir 'pra caramba! E não, sétimo ano, vocês ainda não podem contrabandear firewhiskey 'pra sala precisa!

— Bom, professor Malfoy, foram palavras... tocantes? — olhou repreensiva ao platinado, que não conteve um sorrisinho ao levantar a própria taça num brinde irônico — E já que citou Severo, me sinto na obrigação de apresentar, agora mesmo, o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas! Alunos, por favor, uma salva de palmas para Harry Potter!

Um pouco constrangido pela atenção repentina, o moreno se levantou de sua cadeira. Agradeceu à diretora, sorrindo pela apresentação. Tomou um gole do suco de abóbora — porque era realmente fraco para qualquer gota de álcool, então estava fora de questão beber dentro de Hogwarts —, limpando a garganta antes de começar a falar com as centenas de estudantes que o encaravam.

— Hm, oi! Como a senhorita McGonagall lhes disse, me chamo Harry Potter. Já faz um tempo que estudei aqui, tempo esse que obviamente não vou falar porque é bem mais prudente imaginarem que tenho vinte anos. — emburrou-se ao ouvir as risadas — Ah, qual é, eu não me barbeei a toa! Preciso manter a cara de neném. — riu novamente — Bom, como já sabem, lhes ensinarei Defesa Contra as Artes das Trevas. É claro, sem os empurrões de cabeça de Snape. Só eu e o professor Weasley sabemos o quanto doem! Enfim, os verei a partir de amanhã! E, por favor, Grifinória... ganhe a bendita taça de Quadribol esse ano, não sabem o quanto me doeu chegar aqui e ouvir que a Sonserina é tricampeã!

— Bom, apresentados o novo diretor e o novo professor, respectivamente... fico feliz de estarem aqui! Vamos ao chapéu?

Pelo resto da noite, Malfoy não se impediu de encarar o Potter. Havia uma mágica — irônico, não? —, uma faísca de sentimentos muito específicos que ligavam as orbes cinzentas ao novo professor. O sorriso ao ver quando um novo grifinório era revelado, os suspiros exageradamente excitados enquanto conversava com Granger e Weasley, tudo em Harry Potter era exageradamente bonito, indelicadamente perfeito, e nada no mundo despertava mais a ira de Draco Malfoy do que aquilo.

Harry, por outro lado, não era bobo e percebia as encaradas. Não sabia o porquê da cara fechada do loiro, tal como estava no mínimo intrigado pelos olhares constantes. Quando decidiu olhar de volta, não viu nada além de uma revirada de olhos. Soltou um olhar debochado, recebendo um discreto dedo do meio.

A partir dali, interessou-se ainda mais. Não sabia por que raios Draco o olhava assim, mas estava disposto a descobrir. Tinha o ano inteiro, é claro, mas queria– Não, não queria, iria. Estava decidido: Harry Potter iria descobrir por que Draco Malfoy o olhava com tamanho... desprezo, talvez? Era incapaz de perceber o que indicavam o misto de expressões, mas sabia que coisa boa não era.

Não ligava muito para o que era, para ser sincero. Se havia, porém, algo para que ligava, era o porquê daquele específico e misterioso olhar. E iria descobrir, custe o que lhe custasse.

malfeito, feito • drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora