capítulo V - bolo de limão.

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resumo: harry é burro, o fantasma de salazar morreu de desgosto e malfoy não sabe mais beber.

O silêncio no escritório espaçoso era extremamente desconfortável. Malfoy, apoiado contra a mesa de madeira, batia os pés impacientemente, num movimento irritadiço e ritmado. Harry, por sua vez, dava voltas pela sala, pensando no que falar. Disse que se desculparia, que se explicaria, mas não sabia pelo quê, afinal.

― Você é burro, Potter. Extremamente burro. ― Malfoy falou, revirando os olhos ao notar, pelos trejeitos do mais novo, que ele não falaria nada.

― Perdão? ― questionou, torcendo o rosto num movimento de confusão.

― Você ia fazer o voto perpétuo, seu idiota! Entende que teria morrido, caso o fizesse?

Harry precisou se esforçar para recolher suas memórias, mas não tardou a achar a que Draco falava. A única vez em sua vida que se propusera a fazer um, é claro. O dia que vira o loiro em sua mais profunda camada, em que jurara para si mesmo que acabaria com quem quer que o fizesse se sentir daquele jeito novamente.

― Não estou entendendo, Draco. Como assim, eu teria morrido?

Malfoy suspirou, não fazendo cerimônia ao se abaixar e abrir os armários de Harry, procurando em cada um por qualquer coisa que o fizesse encarar aquela conversa. Se tivesse de lembrá-lo do que fizera, preferia que tivesse algo que o fizesse se justificar. Bufou, vendo que não encontraria nada além de água de Gilly e suco de abóbora.

― Eu já volto. ― avisou.

― Onde você vai?

― No meu escritório. Se vamos ter essa conversa, preciso de uma bebida de verdade para me acalmar.

Sem mais uma palavra, Draco aparatou. Harry se perguntou como conseguira fazer aquilo em Hogwarts, mas se lembrara das pequenas vantagens que trabalhar no castelo os dava. Em menos de um minuto, voltara, segurando uma garrafa fechada de firewhiskey e um copo de vidro. Sentou-se na mesa e Harry quis, com toda sua alma, comentar sobre a existência de cadeiras, mas preferiu ficar calado.

― Me diga o que eu fiz. ― após minutos calado, incapaz de ouvir algo além do barulho do líquido indo em direção ao copo, o moreno falou, a voz num fio, quase sussurrando ― Me diga por que sou um idiota, Draco. Me lembre do mal que eu te causei, porque eu não aguento ver você me olhar com tanto desprezo e achar que não há motivo algum para tanto ódio.

― Eu não te odeio, Harry. Não te odeio, muito menos te desprezo. ― falou, rindo num sopro, bebendo de uma vez o conteúdo de seu copo ― E, olha, eu queria muito, mas... não consigo, simplesmente não consigo.

Largando o copo na mesa e bagunçando mais ainda seus cabelos, Draco revirou os olhos. Um suspiro alto pôde ser escutado, e ele parecia reunir toda a coragem do mundo para lhe dizer o que queria. Pensava no quão patético era, lembrava-se do Draco de minutos atrás, o Draco que subia furiosamente pelas masmorras prometendo a si mesmo que só ouviria um pedido de desculpas, uma mínima justificativa e sairia, prestes a manter o mínimo de dignidade possível e nunca mais trocar uma sequer palavra com ele.

― Sabe por que não te odeio, Potter?

― Por quê?

― Porque você a porra de um herói. Um grifinório desgraçado, corajoso, que valoriza fazer o certo mais do que tudo. Porque, por mais que você ache que eu não saiba, que constantemente tente esfregar na minha cara, como se eu simplesmente não tivesse absolvido esse fato, eu sei que você foi uma das pessoas que mais me amou em toda a minha vida, e que só fez o que fez por me amar.

malfeito, feito • drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora