resumo: harry não é um idiota por completo, draco não gosta do cheiro de sua amortentia e há amoras gigantes no castelo.
De todas as coisas anormais, atípicas e no mínimo duvidosas que Harry esperava acontecer em seu primeiro ano lecionando em Hogwarts, encontrar Draco Malfoy escondido no fundo de sua sala, espiando sua aula, era a menos provável.
― Se queria assistir a uma das minhas aulas era só me contar, Malfoy.
Ainda petrificado, Draco revirou os olhos. Ou pelo menos tentou, Harry não soube dizer. Tirou um tempo, é claro, para se permitir observar a cena, rindo descaradamente da posição em que se encontravam. Em sua mente, reprisava uma cena em particular que acontecera a quatorze anos atrás, quando em toda sua intromissão, achou uma boa ideia espiar Malfoy no trem para Hogwarts para saber se ele se fato estava saindo com Pansy Parkinson — desnecessário dizer que, ao ser pego no pulo, acabou como o mestre das poções naquele exato momento.
Sorrindo, abaixou-se na altura do loiro, tirando um tempo para observar o rosto deste. Draco Malfoy continuava lindo. O rosto ainda era pálido, branco como a neve, e os cabelos platinados não ficavam por menos. Estava, como sempre, muito bem penteado, sem nenhum fio para fora. Tentou não imaginar os momentos em que teve o luxo de vê-los bagunçados.
Arteiro, encarou a própria varinha. Deslizou a ponta pelo tecido preto do terno de Malfoy, parando nos bíceps magros. Conseguiu enxergar o olhar de quem mandava não fazer o que estava prestes a fazer, mas como toda e qualquer outra regra em sua vida, ignorou.
― Pott... hmmpf... ― não conseguia falar, é claro que não.
Num mínimo movimento, empurrou o corpo magro com a varinha, um riso curto saindo de seus lábios ao vê-lo cair no chão, duro como pedra. Os braços abraçavam os joelhos e Malfoy estava posicionado numa maneira de posição fetal. Em trinta anos de vida, Harry não havia visto nada mais hilário.
― Se vai me espionar, Malfoy, sugiro que aprenda a controlar sua respiração. Finite.
― Eu juro por Mérlin, por Salazar, por qualquer merda, Potter, eu vou te–
― Você vai me explicar o que caralhos estava fazendo escondido nos fundos da sala, assistindo minha aula sem consultar a mim ou a Minerva, eu presumo.
Malfoy, que parecia prestes a pegar a própria varinha e azarar não só Potter, como as próximas cinquenta gerações deste, parou abruptamente ao perceber que, de fato, estava fodido. Céus, como explicaria para Minerva que acidentalmente deixara Harry Potter com caroços vermelhos e amarelos ― cores da maldita casa por qual tanto se gabava, é claro ― por todo seu corpo?
Suspirou descontente, se levantando e eliminando a sujeira do chão pouco empoeirado do terno preto. Andou até a porta, ignorando os constantes chamados de Potter, que procurava a todo custo uma explicação para a cena inusitada. Com um sorriso, o sorriso que Harry conhecia muito bem, aquela expressão do diabo que só podia significar que Draco estava prestes a mostrar o poço de hostilidade que guardava dentro de si, o maior se virou, encarando-o antes de falar:
― Ouvi boatos de que sua aula era boa e decidi conferir, Potter. Me pareceu absurdo.
― E o que achou?
― Você não é mais tão burro quando era aos dezesseis. Parabéns, eu acho. ― Malfoy respondeu, logo saindo da sala e desaparecendo pelos corredores.
Harry revirou os olhos. Não tinha certeza do que pensar sobre a situação, agora que parava para analisá-la de forma não cômica. Malfoy, escondido no canto, assistindo sua aula. Talvez ele estivesse, de fato, falando a verdade, talvez só desacreditasse de suas habilidades a ponto de questioná-las até o último momento.
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malfeito, feito • drarry
FanfictionRecém-contratado em Hogwarts, Harry não entende por que o mestre das poções, Draco Malfoy, ainda parece ter algo contra si. Querendo tirar satisfações e saber o que fizera, ele decide que só há uma maneira de confrontar o loiro: enchendo-lhe a paciê...