24. Entre turnos

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Deadpool finalmente havia parado para respirar depois de salvar tantas bundas sem nem mesmo aproveitá-las depois. Sempre soube que esse negócio de heroísmo não era para alguém como ele, e isso sempre se comprovava assim que terminava o seu turno. Tomar conta de Nova York era um porre, levar tiros era um saco, e salvar pessoas sem ganhar nada em troca era uma droga. Terminar sua vigilância apenas fazia Wade admirar ainda mais o Homem Aranha.

— Ele faz isso desde a porra do ensino médio, como caralhos ele consegue? — pensou alto adentrando um beco escuro, próprio para coisas ilícitas, assim como as que tinha ali. — Ou, seus porres!

Era um grupo de usuários; ficaram bem assustados ao se depararem com o homem trajado de vermelho.

— Cacete, é o namorado do Homem Aranha! — um deles exclamou, fazendo o mascarado sorrir imenso.

— Opa, sou eu mesmo! — Deadpool exclamou, sacando sua Deserto Eagle. Estava travada, mas ainda assim dava a autoridade que ele queria. — Seguinte: eu prometo ser bonzinho se vocês vazarem e deixarem um baseado pra mim!

Agitados, os homens obedeceram. Recolheram toda a sua bagunça e correram encolhidos, entregando um cigarro ao anti-herói. Deadpool levantou a máscara e deixou o baseado entre os lábios sorridentes.

— Finalmente um pagamento depois de um dia fodido! — exclamou animado, pegando o isqueiro e acendendo o cigarro. Tragou a fumaça e a prendeu nos pulmões, fazendo uma careta pelo gosto estragado que sentiu. Soprou a fumaça, nada satisfeito. — Ah credo, é isso que eu ganho depois de ter poupado a bunda deles? 

Apesar disso, continuou aproveitando o baseado ao se apoiar na parede. Sentindo a leveza característica, Deadpool se permitiu relaxar ao tirar o celular do bolso e o desbloquear para admirar a foto da tela. Não evitou sorrir ao ver a expressão tranquila de Peter enquanto dormia sobre o seu peito. Para falar a verdade, Wade não se importava se receberia mérito pelos seus esforços, se alguém o agradeceria, ou se receberia baseados no fim da tarde. O seu pagamento já era certo: o bem estar e a recuperação de Peter Parker.

Se quisesse garantir o bem estar de Peter, sabia que precisava ser cuidadoso com o emocional dele. O terceiro aniversário de morte da garota que ele amava estava chegando, e receava sobre como ele encararia essa questão, afinal, não era nada fácil. Wade sabia como era difícil, sabia muito bem como era. Como foi a reação de Peter quando a garota morreu? Ele chorou? Conseguiu tê-la nos braços uma última vez? Conseguiu se despedir? Ele foi no funeral? Quantas vezes ele visitou o túmulo dela? Quantas vezes acordou achando que ela ainda estava viva? Quantas vezes a chamou enquanto dormia? No dia em que viu ele surtar, Peter esteve chamando, chorando e gritando por ela. Quantas vezes isso já aconteceu?

Wade olhou para cima, enquanto tragava outra vez o cigarro de maconha. O céu estava preto, não tinha estrelas, só tinha luzes. Soprou a fumaça. Peter já havia feito promessas de amor àquela garota, assim como Wade havia feito à Vanessa? Olhou a ponta acesa do cigarro. Peter já havia pensado no futuro com aquela garota? Ele já havia planejado ter mini-aranhas com ela? 

Não era mera curiosidade. Wade realmente gostaria de saber como Peter havia amado Gwendolyne Maxine, mas tinha medo. Talvez ele não o amasse tanto quanto a amou. Nunca fizeram planos amorosos, nunca fizeram promessas. Nunca haviam trocado as três palavras.

Pelo menos ele sabia como seria se Peter dissesse.

— Talvez não seja tão ruim se contentar com uma Dead-imaginação. — sorriu sarcástico.

Na verdade, apesar do medo, Wade realmente gostaria de conversar com ele sobre toda essa merda passada, queria ouvir sobre o passado dele, talvez contar um pouco do seu também, mas ainda não tinham chegado no assunto de amor, muito menos de ex. Wade sabia que possivelmente não teriam essa conversa, ainda mais se ele descobrisse o que fez.

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