01

19K 1.2K 559
                                    

Layza

Mestre: 1,2,1,2...3! -bateria começou no miudinho antes do mestre pedir pra acelerar o ritmo e eu segui no mesmo pique só quebrando de ladin.

Adoro fazer essas graças, quando o ritmo tá daquele jeito é só jogança de cabelo, quadradinho e pose, fico toda me sentindo. Modéstia parte esculacho no miudinho! Samba tá na veia, exxquece.

Layza: A mangueira chegou, ô... ô...! - o puxador anunciou antes de travar na percussão.

Me desculpem as outras, mas minha estação primeira de Mangueira é a melhor!!! Eu sou apaixonada e não nego, sangue verde e rosa corre nas veias. Ninguém bate na gente na garra e no samba no pé não!!!

Papo reto... Minha bateria é pica, minha escola, minha verde e rosa querida! Me faltam palavras pra descrever o quanto amo essa escola, o quanto amo esse barracão e o quanto minha verde e rosa significam pra mim!

Desde menina po, tô aqui desde criança vivendo dentro desse barracão vindo com a minha mãe. Ela é passista há quase 22 anos, eu tenho 19, então desde que me entendo por gente tô aqui mexendo o cuscuz.

Ainnn! Comecei na ala mirim, pulei pra turma avançada de samba, fui pra juvenil, até que fiz dezoito e virei passista também. Sonho de consumo, sempre morri de vontade!

Minha roupa, cabelo, maquiagem tudo assinado pelo meu amigo. Viado esculacha pra caralho, não tem igual e não é porque é meu amigo não. Fiquei do caralho, tava me sentindo a rapunzel com um rabo de cavalo babado que ele me botou.

Layza: Ó Mangueira, teu passado de glória, ficou gravado na história, é verde-Rosa a cor da tua bandeira, pra mostrar a essa gente guerreira, que o samba, é lá em Mangueira ! - bati no peito enquanto cantava e apontei pro centro do barracão jogando o rabo de cabelo pra frente e pra trás. - Chegou, ô... ô.. A mangueira chegou, ô... ô... - girei e fui com tudo pra trás quando senti me puxarem pelo rabo de cavalo.

Aí, caralho! Nem deu tempo de voltar, tentar firmar, sabe? No que ela me puxou pelo cabelo a mona já foi logo me dando uma bandão e eu desequilibrei pelo salto altíssimo que eu estava usando. Caí no chão com tudo!

Bateria parou não, salão da Estação primeira virou um ringue, espaço abriu e eu no meio tomando só na cara mais que tamborim.

Mulher parecia um touro, gente! Imensa. Eu xoxa, super despreparada tive nem reação na hora, única coisa que eu fiz foi tentar cobrir meu rosto de primeiro momento!

Roberta: Isso... aqui... é pra tú aprender a não se meter mais com homem casado! Piranha! Mamada!Vagabunda do caralho. - silabava cada palavra enquanto tentava me socar e eu tapava meu rosto.

Tentava chutar ela, fazer com que ela saísse de cima de mim, mas era mesmo que nada. Mulher tava que nem bicho, me amassou todinha.

Bateria ja tinha parado, pessoal tentava tirar ela de cima de mim, mas a mona não desgarrava não, tava na sede. Minha fantasia essa hora já tava toda acabada, boddy todo cravado nas pedrarias já tava sem nenhuma! Que ódio.

Maysa: Me solta, caralho! - disse chutando ela e logo em seguida consegui acertar um soco.

Ai, também meti uma bicuda com meu salto do caralho. Bagulho era pesado abeça, com certeza machucou também. Nessa que ela sentiu, dei um soco que pegou nos peitos e outro na cara!

A gente se berimbolou e dessa vez eu já mais ciente, apanhava e revidada, até que o povo conseguiu desgarrar. Eu assumo que apanhei horrores de início, mas também bati quando deu.

Roberta: Suja! Imunda! Mirim... - berrou. - Vagabunda do caralho, se tem disposição pra sentar em homem casado tem que ter pra bater de frente com a mulher do cara também po. Sai aí, bora pra rua! - me chamou pra fora dos salão. - Era pra eu ter te arrebentado mais, piranha! - tentou se soltar.

Layza: Nem sabia da tua existência, cara! Pra mim ele disse que não tinha mulher, te renegou ué. - falei mesmo. - Então você deveria ir tirar satisfação com ele, não comigo. Quem omitiu e mentiu foi ele! - senti algo quente descer pro meu rosto, surtei quando vi que era sangue. - Ai, tú é uma covarde, isso que tu é! Por que tu não me pegou de frente, cara? - afrontei mesmo, fiquei puta.

Quando falei isso ela viu bicho, queria vim de novo, mas o povo arrastou ela pra longe. Nem deu tempo de eu respirar, minha mãe já chegou com tudo me arrastando pelo braço pra fora do centro do barracão.

Evelyn: Caralho, Layza! Caralho, cara. - disse puta. - Olha pro teu rosto... - mel tava descendo, bicha partiu meu supercílio. - A porra que tu se meteu, garota. - gritou. - Tu não disse que ela nem ligava??? Não sabia???

Não que minha mãe acolvitasse minha mancada, mas eu sempre fiz questão de jogar limpo com ela em relação a tudo.

Quando comecei a namorar eu contei, quando me perdi com meu primeiro namorado eu contei, quando terminei fiz o mesmo e quando conheci o Rennan e consequentemente me envolvi, também falei! Nunca esperei que ela soubesse por fofocas.

ZERO 2 🌪 (DEGUSTAÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora