Set me Free

2.1K 279 499
                                    

Kiss me on the mouth and set me free
Sing me like a choir
I can be the subject of your dreams
Your sickening desire

(Troye Sivan - Bite)

Madison

Mesmo com a minha insistência em dizer que eu poderia pegar um Uber para ir até o restaurante, meus pais não se deram por convencidos e exigiram me buscar de carro em meu apartamento no campus para que fossemos todos juntos ao jantar. Mesmo contrariada, aceitei pois no fundo eu sabia que eles apenas sentiam falta da nossa família e da minha dependência deles.

Meu coração batia com força em meu peito, e durante o trajeto, sentada no banco de trás, tentei não pensar no que viria a seguir. Greg e Mahara conversavam animadamente sobre o andamento do trabalho do meu pai e seu progresso no novo cargo de reitor, rindo ao relembrarem as dificuldades do homem. Eu tentava acompanhar o assunto, mesmo que minha cabeça relutasse em se manter presente.

Suspirei, relaxei os ombros e com cuidado para não borrar minha maquiagem, apoiei a testa na janela do carro. Fragmentos da conversa que tive com Mads ao telefone insistiam em revisitar minha memória, me causando um desconforto em todo o meu corpo. Eu me recordava claramente de dizer ao dinamarquês que eu o amava, e em troca receber um "nos vemos amanhã". O pior de tudo não foi ele não ter dito que também me amava, o pior foi a frieza e indiferença com que ele me tratou ao se dirigir a mim como "senhorita Ross".

Eu nunca havia tido uma desilusão amorosa, mas acredito que a sensação deveria ser parecida com o que eu estava sentindo naquele instante.

Fiquei me perguntando onde eu havia errado. Será que entendi tudo errado? Na minha cabeça, o que sentíamos um pelo outro parecia recíproco, e tudo o que Mikkelsen dizia e demonstrava me levava a crer que ele também possuía sentimentos por mim. Fechei os olhos por longos segundos e engoli o gemido que precedia o choro.

Eu me recusava a derramar uma única lágrima pelo estrangeiro sem antes ter uma conversa com ele. Queria entender em que ponto acabamos nos perdendo, e torcia de todo o coração para que a nossa relação não tenha sido como sua relação com Alana, onde ela o amava, contudo, ele não consegui retribuir o sentimento.

Estava tão distraída com meus pensamentos que mal notei que o carro havia estacionado. Voltei para a realidade quando meu pai bateu na janela onde eu estava apoiada, me fazendo dar um pulo. Desci do veículo, e uma vez em pé, ajeitei o vestido que terminava quase dois palmos acima do meu joelho, alisando-o em meu corpo e arrumando a fenda lateral que dava visão de boa parte da minha coxa.

Me equilibrando nas sandálias de salto, segui meus pais no breve caminho até o interior do restaurante. Como da última vez, meu pai havia feito uma reserva para nós quatro, logo, bastou apenas que disséssemos nossos nomes para que um homem de aspecto jovial e elegante nos guiasse para uma das mesas que comportava quatro cadeiras.

Acomodei-me em um dos assentos com espaldar alto de ferro retorcido e coloquei-me a observar o ambiente, que consistia em um amplo salão, cujo teto roxo e iluminação escura de tonalidades de azul davam um ar de sofisticação sombria ao restaurante.

Uma sensação de inquietação se apossou de mim quando, caminhando a passos lentos porém firmes, avistei Mads entrando pela porta da frente. O homem parecia se mover em câmera lenta com seu sorriso perfeito congelado no rosto misterioso e sedutor.

Brooklyn BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora