Capítulo 1

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"Eu fui destruído desde pequeno
Levando meu sofrimento pelas multidões
Escrevendo meus poemas para os poucos
Que me encaravam, me levavam, me sacudiram, me sentiram
Cantando com um coração partido pela dor
Captando a mensagem que está em minhas veias
Recitando minha lição de cabeça
Vendo a beleza através da
Dor!"
Believer, Imagine dragons

SEVILLA – ESPANHA

JUAN GUILHERME
Anos Antes...

— Preciso que você esteja no galpão localizado no bairro triana, perto da estrada velha, imediatamente. — Atendi o telefone e antes mesmo que eu dissesse "alô", meu pai pronunciou essa ordem.

— Estarei lá. — Não houve resposta, na verdade, nem sei se ele ouviu minha afirmação.

Terminei de tomar o líquido da bebida costumeira que ainda restava no copo e me levantei, caminhando para fora do bar e indo diretamente para meu carro. Adentrei o veículo e dirigi a caminho do galpão. Foram cerca de dez minutos para chegar até lá.

Durante o percurso, eu tentava procurar algum motivo para que meu pai estivesse no local que me ordenou ir. A meses aquele galpão estava vazio, desde que um dos associados nos delatou e a polícia tentou armar um flagrante para descobrir e capturar os cabeças da nossa organização criminal. Evidentemente os tiras fracassaram, porém, foi concluído que ali não era mais um lugar seguro para estarmos, e o associado foi morto por um de nossos aliados que se encontrava preso no mesmo presidio que o delator.

Me movi para fora do carro e caminhei até a entrada do galpão, sem saber o que encontraria, dado o fato de meu pai não ter me revelado nada. A estrutura estava mais deteriorada do que me lembrava, e sem dúvidas pela quantidade de tempo que não recebia manutenções, logo todas as latarias que o compunham estariam enferrujadas.

Eu compreendia que toda atenção era pouca. A ligação foi estranha. O local era estranho. E o silêncio que se instalava naquele lugar era esmagador. Certamente ninguém estava ali e talvez aquilo fosse apenas mais um teste de meu pai, a fim de testar minha lealdade.

Um tiro vindo de dentro do local, ecoou.

Estremeci, imediatamente aumentando minha atenção, e percebendo minha respiração pesar quando a preocupação do que poderia encontrar colidiu com meus pensamentos.

Saquei o revólver que se encontrava em minha cintura, como de costume, e adentrei no local o mais rápido que pude. O que estaria acontecendo? Meu questionamento se perdeu, juntamente com toda a cautela que me percorria minutos atrás, ao avistar meu pai caído ao chão, sangrando, e Ernani Peña, mirando sua pistola na cabeça de meu progenitor, dizendo palavras as quais não consegui ouvir.

Não demorou muito tempo para que Ernani disparasse contra meu pai, mas eu senti como se aquele momento estivesse em câmera lenta. Meu coração pareceu parar e a respiração congelar, quando eu busquei o ar no fundo de meus pulmões e não o encontrei.

O tiro foi certeiro e acertou diretamente na cabeça de meu genitor, sem deixar chances de ainda estar vivo. Eu não estava vendo ou pensando muito, mas o pouco que eu fazia era direcionar e fixar meus olhos, dividindo-os em duas direções; o assassino e ao cadáver do homem que um dia foi meu pai. Embora os pais do mundo do crime não sejam os melhores, o meu, era o que eu levava como exemplo. Ele não foi cruel, mas sim, um pai como todos os outros, mesmo que dentro dos parâmetros da realidade em que vivíamos.

Ernani finalmente pareceu notar que não estava sozinho e quando seus olhos se voltaram para mim, eu despertei e tudo voltou ao seu estado normal, pois, a velocidade que vi sua pistola ser apontada para mim, pareceu dez vezes maior do que a de todos os movimentos de segundos atrás, fazendo com que meu cérebro recebesse todas as coordenadas rapidamente e o disparo que saiu de minha arma, fosse mais rápido do que eu próprio pude perceber.

Alcance de Seus Olhos - Série Aviesta Cyviliestión | LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora