Alcance de Seus Olhos - Série Aviesta Cyviliestión | LIVRO 1

Capítulo 10

"Te querer foi uma estupidez total
Um passo além do bem e do mal
Uma tempestade de dor, uma história de terror
Um sonho rosa que hoje é cinza, palavras sem valor
Sei que fui ingênua e me senti
Pendurando borboletas no céu
E hoje eu estou tentando voltar para o chão
Fui ingênua e dei a você meu ar
E hoje a vida é um deserto
Por te amar de coração aberto"
Ingênua - Dulce María

BETHANY

O dia do casamento havia chegado e trazido juntamente consigo a apreensão. A manhã brilhante, deixava perceptível que o dia já estava amanhecido. Não queria levantar, pretendia ficar com o corpo repousado e o rosto enterrado no travesseiro, até que sentisse dores que me obrigassem a me por de pés. Mas, como desejar não é poder, principalmente quando se tratava de mim, a porta do quarto foi aberta, dando-me a visão de Yessenia, que carregava um pacote grande nas mãos e era acompanhada por Rúbia, que vinha logo atrás de si.
As duas caminharam pelo quarto, até chegarem ao lado de minha cama.

— Ainda deitada? — Indagou a pergunta com um olhar triste. — Hoje é seu casamento. Ânimo querida, vamos fazer do seu dia inesquecível. — Sorrio simpaticamente, balançando a cabeça em afirmação.

Mesmo que a ideia de ter que me casar por obrigação não estivesse sendo a melhor coisa com a qual estava lidando, eu não iria magoar Rúbia. Desde que nos conhecemos ela me encheu de gentileza, então, não era justo chateá-la.

— Bom dia, senhora! — Yessenia cumprimentou-me, estampando um sorriso lindo no rosto, enquanto eu me levantava e caminhava até o banheiro. — Precisa de algo, senhora?

— A momento não. — Respondi compulsivamente, sem ao menos pensar, e adentrei o banheiro em seguida.

Eu não entendia o porquê de tamanho cinismo da parte de Yessenia. Eu iria casar com o homem que ela queria e tinha pra si, não existiam motivos, e de maneira nenhuma era possível enxergar sensatez para que ela estivesse tão feliz.

— Dia mais inesquecível da minha vida?! — Repeti as palavras de Rúbia para mim mesma, e ri sem graça. — Esse tende a ser o pior. Isso sim. — Coloquei as palavras para fora em tom de voz reduzido para que não fossem ouvidas pelas mulheres que estavam no ambiente que apenas a porta e a estrutura do banheiro separavam.

Me concentrei em fazer minha higiene pessoal, demorando mais que o necessário, pois eu sabia que assim que eu saísse do cômodo, uma avalanche iria vir para cima de mim. Cabeleireiros; maquiadores; manicures; costureiros para ajustar o vestido que eu, se quer havia provado, e toda essa baboseira para preparar a noiva.

A  cytión tinha muitos negócios, o que determinava que no mínimo cinco vezes no mês, por regra, deveriam ocorrer cerimônias matrimoniais. Eu já havia acompanhado algumas amigas nesse dia, e possuía perfeita consciência sobre o fato de eles praticamente sufocavam a noiva.

Procurei ar nos pulmões, demorando alguns segundos para encontrá-lo, já podendo sentir a asfixia, e ao encontrar a coragem necessária saí do banheiro com o roupão de banho e uma toalha enrolada na cabeça, ficando surpresa por não ter visto um quartel de pessoas a minha espera. Estavam apenas Rúbia e Yessenia. Yessenia mantinha o olhar atento ao lado de fora da janela, como se fosse um falcão focado na espreita antes da caça, mas que ao notar minha presença desviou rapidamente sua atenção para mim.

— Seu vestido chegou, senhora. — A jovem anunciou com imenso sorriso nos lábios.

— Chegou?! — Questionei sem interesse, mas virei-me rapidamente para checar a vestimenta de noiva exposta pelo manequim, sentindo minha boca abrir, surpresa com o quão lindo era.