Capítulo 9

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Meu coração se desfaz
Meu pulso desacelera
Carrego um fardo pesado
Lembranças que contaminam
Sua ausência é uma tormenta
Que destrói minha alegria
Sou uma lágrima seca
Sou um galho caído
E o mais triste de tudo
É aceitar que meus lábios imploram por seus beijos
E o mais triste de tudo
É que você não volta, não volta, você vai e me esquece
Amnésia - Anahí

JUAN GUILHERME

Eu poderia ter ficado em Sevilla, mas a tentação de ter Bethany morando no mesmo teto que eu, era quase que irresistível. Ela entrou em meu escritório, me tentou e eu não fui capaz de resistir. Ótimo começo para uma relação com caráter de vingança! Zombei de mim próprio. Eu poderia colocar a culpa no perfume, nos olhos ou então no corpo. Mas eu sabia perfeitamente que não era, pois a excitação era despertada apenas ao ouvir sua voz. E as afrontadas e sobressaltadas que ela parecia não se esforçar para dar-me, só pioravam a situação.

Havia sido descoberto um pedófilo e traidor em uma das ramificações localizadas em São Tomé e Príncipe. Precisávamos de alguém para executar o serviço, pois Alexsander, o encarregado nesse tipo de trabalho estava em uma missão designada para a revelação do infiltrado foggiano, assim, não precisei pensar duas vezes antes de me oferecer para ir até lá e armar o circo.

Ninguém estava acostumado a ver o viéu se deslocar de sua cidade para uma ramificação, correndo riscos, apenas para cumprir sentenças dadas. Mas isso seria perfeito, pois resolveria dois problemas de uma única vez; puniria o traidor e deixaria o recado sobre o que acontece com quem comete tais delitos. Morrer pelas mãos do primeiro encarregado pela cytión era uma das punições mais graves, a vista disso, todos pensariam duas vezes antes de nos trair ou se aproveitarem de crianças indefesas.

Eu era o próprio diabo quando cometia meus crimes, mas o estrupo contra crianças era uma das práticas que eu abominava, e sempre que descobria que o ato ocorreu, preparava imediatamente a punição, pesando a mão vinte vezes a mais na hora de decidir a condenação.

Desembarquei do avião exclusivo para mim. Quatro seguranças se posicionaram ao meu encalço e uma fúria enorme ardia em meus olhos. Peguei o telefone no bolso do meu paletó e disquei o número de Pablo.

Irmão? — Atendeu, depois de alguns segundos chamando.

— Estou em bandeira azul. — Aviso.

— Certo. Buena suerte! — Desliguei.

Era preciso falar em códigos, pois ainda não tínhamos conseguido fazer um acordo com o policiamento da região. Ou seja, todo cuidado seria pouco, pois ter os policiais envolvidos seria uma merda. Ainda mais por ser eu a estar ali. Não que eu tivesse medo deles, longe disso, pois se fosse esse o caso, eu não sairia de meu país, muito menos gerenciaria o crime. Para mim eles eram apenas paus mandados de um país que abusa das leis, corrompe o poder e ainda por cima, recebem um salário miserável.

Adentrei o carro preto posicionado ao meu aguardo. Dentro estavam o motorista e dois seguranças. Os homens que me acompanhavam cuidaram da escolta que nos seguia no veículo logo atrás.

Passado algum tempo, chegamos na casa do coordenador dos negócios da ramificação são-tomense.

— Córdoba, como está? — Sou cumprimentado assim que adentro a casa.

— Vou bem, Bornes. — Respondo secamente, sabendo perfeitamente que na verdade a pose de bom anfitrião era mantida apenas em minha frente.

— Fico feliz.

Alcance de Seus Olhos - Série Aviesta Cyviliestión | LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora