POR QUE EU DEVERIA SER LEGAL?

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Com apenas três dias convivendo sob o mesmo teto que o seu "possível e ignorado" irmão, lá estava Jeon destruindo completamente sua vida: adeus  liberdade, adeus ficar acordado até de madrugada assistindo animes ou jogando, adeus revistas eróticas e festinhas.

Rangia os dentes realmente irritado enquanto encarava uma mãe completamente sorridente na cozinha. Ela cantarolava e se remexia ao atravessar o cômodo de um lado para o outro segurando uma panela. Nem parecia se importar com o quão irritado estava diante de toda a situação.

— Tae... — Seu tom manso parecia querer acalmá-lo por algum motivo. — Tente enxergar os dois lados da situação, não deve estar sendo fácil para ele também. É tudo muito novo. — Seu rosto era gentil, como se ela tentasse realmente entender ambos os lados.

— Tsc... — A imitou antes de murmurar de forma implicante. Ele conseguiu virar sua vida de cabeça para baixo, sem contar que agora ele também ia para a mesma escola. Não queria nem saber se ele era filho do novo namorado de sua mãe, só o queria bem longe.

— O que é, ele vai roubar meus amigos também? Minha comida e minhas cuecas? — Batia o talher nervosamente no prato ainda intocado que estava exposto diante de si. — Se ele roubar minhas cuecas eu acabo com ele.

— Tae... — Sua mãe parecia realmente triste com toda aquela situação, mas ele simplesmente a ignorou. Se desse importância aos seus resmungos, aquela briga iria longe. Tae já sabia quem é que perderia ao final.

Quando deu a primeira garfada na comida, ouviu a voz rouca do outro que, finalmente apareceu naquela manhã.

— B-om dia! — Soltou o mais novo ao bocejar preguiçosamente enquanto ainda esfregava os olhos junto a cara amassada. Ele pegou seu prato que já estava preparado e sentou-se na mesa diante de Tae.

Seu semblante era dos mais felizes, ele não deveria estar tão feliz daquele jeito.

Jeon o encarava sem parecer discreto e hora nenhuma desviava seus olhos, mas Tae também não cedeu. Tinha a testa franzida a cada nova garfada, não conseguindo evitar bufar vez ou outra.

Não se permitiria ser intimidado por aquela criatura sonolenta das trevas. Terminou de comer em silêncio até finalmente poder se levantar para arrastar a mochila que se encontrava encostada na parede do lado.

— Estou saindo. — Falou rapidamente enquanto torcia mentalmente para que ele não falasse consigo. Quanto menos se envolvessem, melhor seria.

— Querido, espere por Jeon. É uma escola nova, precisa lhe ensinar o caminho. — A voz feminina pedia docemente o obrigando a parar irritado por um milésimo de segundo antes de sair pela porta de casa ao bater a porta.

Seus passos eram firmes e despreocupados, mas ainda conseguia ouvir aqueles passos ligeiros atrás de si. Aquela sombra atrás lhe era desconfortável, as pessoas pareciam olhar o tempo todo, não sabia se era por estar sendo seguido ou por aquela cara abobalhada que estampava o rosto do mais novo.

— Vai mesmo ficar me seguindo por aí parecendo um cachorro? — Reclamou sem olhar para o outro que finalmente o alcançava. Encarou-o pelo canto dos olhos e ele parecia sorrir pelo canto dos lábios. Talvez Jeon se divertisse com toda aquela situação esquisita.

— Eu não sei o caminho. — Pronunciou o fazendo suspirar ao chutar uma pedrinha na rua. — Pelo menos precisa me ensinar.

— O que eu fiz para merecer um castigo desses?! AAAAH, SINCERAMENTE! — Bufava consigo mesmo.

O percurso havia sido silencioso desde então, e até agradeceu mentalmente por isso. Provavelmente teria a paciência esgotada se ele falasse qualquer besteira.

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