𝕮𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔 9: 𝖁𝖆𝖑𝖊 𝕯𝖆𝖘 𝕮𝖎𝖓𝖟𝖆𝖘

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Samiel

"Muito se discute sobre o bem e o mal. A maioria de nós, ao passar pela infância, somos doutrinados à base de religiões e crenças de nossos antepassados, e crescemos com ideias que podem ser limitadas e errôneas.

Humanos cristãos acreditam no Criador e em seu plano perfeito e seletivo para cada ser vivo que há. Para que o vento derrube uma folha de um galho sequer, a permissão Dele é necessária. E eu acredito Nele e em todo o seu grande propósito, embora, na bíblia, existam mentiras dadas como fatos, que envenenam a mente dos mais inocentes e aumentam a paranoia dos mais extremistas sedentos por sua religiosidade. E é onde reside o maior problema: a cegueira.

Anjos são ilustrados como seres alados e nus, de pele clara e cabelos ondulados, envoltos em mantos brandos e caminhando pelas nuvens com pés descalços, tocando harpa e cantando com suas vozes celestiais e hipnotizantes. E sem dúvida, essa é uma das maiores enganações já registradas na humanidade. Nada passa de um truque, uma façanha para que tudo seja mantido em segredo como deve ser.

Houve um tempo em que os anjos eram peritos em ajudar as almas mais necessitadas, principalmente os humanos mais desamparados e providos de compaixão. Isso até descobrirem que seu poder era forte demais, e a ganância invadiu uma grande parte da nação angelical, o que levou aos mais terríveis crimes e injustiças jamais vistas antes. O que antes era conhecido por rebeldia em nome da liberdade, tornou-se tortura em massa. e a supremacia foi alastrada por todo o reino de Alderland em grande escala. E muitos tiveram que sair do seu caminho para servir aos Líderes..."

- Eu não sei o porquê de você estar tão chateado, irmãozinho. - Ariuk comenta, enrolando gaze em sua mão esquerda, que estava ferida. Ele havia acabado de espancar um garoto que respondeu mal a Aarin, nosso comandante.

- Não estou chateado. - Retruco, fechando o caderno em que eu escrevia. Era uma válvula de escape pra mim, embora eu fosse constantemente interrompido, principalmente por ele. - Eu só não entendi, é isso.

Nós estávamos divididos em alojamentos na base militar antes conhecida como Academia, em Akhadia, ao oeste da sede de Alderland, que é onde moramos de fato. Nosso trabalho era o mesmo que fazíamos em nossa terra, que é manter tudo nos trilhos, e principalmente, vigiar os rebeldes que residiam ali, até que tudo voltasse ao normal. Se é que voltaria.

- Ouça, essa é nossa vida agora, está bem? Você tem bolas aí embaixo até onde eu sei, use-as.

- Eu não estou reclamando.

- E nem pode, mas não é com você que está o problema. E sim ali. - Ele aponta para Hamael, que estava visivelmente mais incomodado com a situação do que qualquer um de nós. - O que foi a cara que você fez mais cedo quando estávamos levando aquele garoto para a Sevícia? Devia ter metido medo nele, e não ter feito ele sentir pena de você.

- Eu só fui pego de surpresa quando Aarin me chamou. - Ele murmura, um tanto zangado. Eu podia ver através dele, sempre foi assim. Talvez fosse uma ligação estranha entre irmãos.

- Cara, Sam e eu não estaremos sempre por perto para dar um tapinha nas suas costas ou segurar sua mão. Você já tem dezesseis anos, Hamael, por Deus, comece a agir como um homem.

Era tarde demais para Ariuk. Ele já havia se perdido no mar de atrocidades que éramos forçados a fazer. E como novato, Hamael ainda teria muito o que aprender. E essa era a parte que me preocupava. Honestamente, em meu caso, eu já estava mais do que acostumado, e nada me aborrecia ao ponto de sentir remorso.

As Peças Celestiais: Condenação (Livro ll)Onde histórias criam vida. Descubra agora