𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 13: 𝕰𝖒𝖇𝖆𝖙𝖊

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Evanora

Hoje era mais um dos dias em que eu tinha que fingir que pertencia a este lugar, mas para ser justa comigo mesma, eu havia aprendido muito com minha ida à biblioteca no outro dia. Tive tempo de organizar tudo em minha cabeça e pensar com calma. Era incrível como poucas palavras poderiam mudar minha concepção sobre toda uma história qual eu ainda não havia entendido ambos os lados. Como disse anteriormente, eu achava que os anjos haviam começado tudo, quando, na verdade, os demônios foram os primeiros a atacar. Em alguns outros capítulos do livro, era visível que o inferno quis fazer de tudo para desestruturar o céu por completo para dominá-lo. Desde sempre fora uma guerra sobre poder, era evidente, e agora eu sabia exatamente os reais fatos.

Era inocência minha achar que os demônios me acolheriam como uma refugiada indefesa e frágil, o que eu não me considerava de qualquer jeito. O que eu queria era apenas estar em um lugar onde eu não precisasse me preocupar em ser caçada, mas acho que não era possível sendo quem eu sou, não é?
A Auréola Lunar viria em alguns meses de acordo com o que Emerald havia dito. E até la, era melhor que eu já tivesse uma resposta na ponta da língua para qual caminho seguiria dali para frente. E não era a tarefa mais simples do mundo, por isso, dentre tudo, eu estava evitando de pensar nesta parte. Sem querer soar repetitiva, mas havia muito em minha cabeça agora, e talvez parte do peso que eu sentia, era de não ter Noah por perto para que ele fizesse qualquer comentário sarcástico que fosse, apenas como um sinal de que, no fim das contas, não era tão ruim.

— Eu juro, isso fica melhor a cada instante. — Ele bebe mais um gole da cerveja em suas mãos, tentando não fazer careta.

Hoje havia sido nossa formatura do tão torturante ensino médio. Estávamos sentados no terraço do prédio, olhando as estrelas em sua imensidão azul escura e brilhante, que parecia refletir nosso futuro dali para frente.

— Isso é tão amargo. — Franzi o cenho, olhando para a garrafa de vidro. — Onde conseguiu?

— Brian estava vendendo barato. Acho que agora sabemos o porquê. — Noah repousa a garrafa ainda pela metade no chão de concreto. — Vamos lá, me dê algumas palavras de inspiração. Terminamos aquela tortura, merecemos um discurso digno para dizer adeus.

Penso por um instante.

— Quer o modo formal da coisa?

— Com certeza. Não vejo maneira melhor.

— Acho que quando me perguntaram o que eu quis ser quando criança, não chega nem ao menos perto da pessoa que eu sou agora. É incrível a imensurável quantidade de versões que carregamos de nós mesmos ao longo da vida, como se a cada estação, estivéssemos destinados a mudar constantemente. Folhas caem no outono, como nossas lágrimas de decepção. Flores florescem na primavera como as esperanças de algo novo. O verão mantém sua alegria e carrega as memórias mais ensolaradas, e o inverno tem um quê de reflexão e renovação de energias, um amontoado de coisas que formou nosso ano. Então, desse modo, todas as versões de nós devem ser igualmente celebradas, pois cada uma delas, forma quem nós realmente somos.

— Uau. — Ele sorri. — Se você tivesse feito esse discurso no lugar da Evelyn, teria deixado todos mais chorosos do que já estavam.

— Obrigada, mas sabe, deixei os cinco minutos de fama que ela tanto queria. Não fui eu quem passou o ensino médio inteiro tentando chamar a atenção de todo o modo, estava ocupada jogando basquete. — Tomo mais um gole da cerveja, e à essa altura, não estava tão ruim. — Agora, sua vez. Expectativas?

As Peças Celestiais: Condenação (Livro ll)Onde histórias criam vida. Descubra agora