Ozes
Algo estava acontecendo em Salariah já faziam alguns dias, e eu já mantinha certa noção do que poderia ser, mas por dentro estava torcendo para que estivesse errado.
Nerith reuniu nossa elite na ala de treinamento, e enquanto todos estavam distraídos, ainda pude notar certa preocupação em suas expressões, e foi justamente a razão pela qual fui chamado até ali.
— Então, o que é?
Nerith respira fundo.
— Os Patronos estão tumultuados. Parecem estar procurando por alguém nos limites dos outros reinos, e até mesmo ficaram frente a frente com nossos homens na Fronteira, o que foi muito estranho.
Engulo em seco. Isso não eram boas notícias.
— E o que os homens disseram?
— Disseram que dois dos Patronos perguntaram se houve algo de estranho pelos arredores, como se eles tivessem qualquer autoridade sobre nossa parte do reino.
— Isso não parece ser bom. — Passo a mão pelo queixo. — O que você acha que pode ser?
— Provavelmente algum bastardo que desobedeceu às regrinhas estúpidas deles, como de costume. — Nerith ri de leve. — E eu digo para trazê-lo até aqui para comemorarmos juntos a coragem de alguém para enfrentar aqueles doentes.
— É possível que seja isso. — Mordo o lábio inferior. Era isso, e eu sabia bem. Eu devia alertar Eva quando a visse. E foi quando eu percebi. — Patronos não costumam vir para este lado procurar por nada.
— Foi o que eu pensei, por isso chamei você aqui. É o tipo de coisa que não se pode esperar muito para contar. Vai dizer ao chefe? Você o conhece bem, tem proximidade com ele. Se for para vir de alguém, melhor que venha de você.
— Não sei se devo preocupá-lo com esse tipo de coisa. — Passo a mão pela nuca. Não era questão de perturbá-lo ou não, e sim obviamente de arriscar o segredo de Eva, o que automaticamente também colocava uma corda ao redor do meu pescoço.
— Bem, tenho certeza de que se não se repetir, não precisaremos nos alarmar. Nunca tivemos uma relação bom com eles. — Nerith dá de ombros. — E falando em Azaroth, ele repreendeu sua protegida no outro dia.
— Do que está falando?
— No dia em que fui até sua casa para interrogá-la sobre a posse daquela arma angelical. Estava falando com ela até que Azaroth veio para falar com ela. Ele não faz muito isso com coisas tão pequenas ou casos dessa categoria.
— Eu não vejo nada de estranho, Nerith. — Asseguro, tentando manter o tom de voz convincente o bastante para não levantar suspeitas.
— Ele provavelmente viu como você a protege e quis saber o porquê. Vamos, desembuche: há quanto tempo estão juntos?
Não consigo evitar a risada que solto.
— Ela é como uma irmã para mim, não seja bobo.
— Perdoe-me por dizer isso, amigo, mas sem ofensas — ele dá uma pausa — você é gay? Se for, tudo bem, não há problema algum, até posso lhe apresentar alguns caras.
— Eu não a vejo desse modo, apenas isso. Somos próximos mas de um modo diferente.
— Ela é bonita. — Comenta, olhando para o chão. — E corajosa por ter enfrentado Dan também. Me lembra você quando brigou com ele no ano passado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Peças Celestiais: Condenação (Livro ll)
FantasyEva perdeu tudo. E agora com a Auréola Lunar se aproximando, ela deverá tomar sua decisão final entre o bem e o mal para sempre. Ela será possuída por sua sede de vingança ou o amor poderá salva-la? O fim é apenas o começo.