Evanora
Eu passei esse tempo todo pensando em meus inimigos quando na verdade deveria estar focando em obter uma consolidação em uma base sólida para prosseguir. Eu não estava desistindo, longe disso, eu jamais pretendia fazê-lo. Havia muito para lutar, mas ao passar grande parte da noite conversando com Dan, eu notei que durante todo o tempo que cheguei em Euthoria, eu estava batalhando comigo mesma, travando uma guerra de unhas e dentes com minhas próprias vontades, sem fechar os olhos para refletir por um minuto no que eu havia conquistado, e na coragem que tive de sair de tudo o que eu conhecia e conformar-me com o que eu era. Ainda seria uma longa jornada de aceitação, mas era libertador saber que o primeiro passo havia sido dado. E o segundo passo seria o início de um plano, algo para que eu pudesse ter qualquer chance de, quem sabe, trazer meus amigos para este lugar, ou onde eles pudessem estar seguros. E eu mal podia esperar para receber a menor notícia que fosse, e iria em alguns dias quando iria até Blue Dove como o combinado com Neriah. Se ele houvesse chegado lá em segurança, ela deveria deixar um bilhete no farol onde nos conhecemos para que eu soubesse como estavam as coisas.
Por agora, eu devia me preocupar com a minha avaliação que seria no dia seguinte, e eu ganharia uma nova função em Euthoria. E em breve, secretamente, eu esperava conseguir ir até Salariah quando estivesse pronta para enfrentar os Patronos, mesmo que fosse uma das coisas mais perigosas que eu já havia pensado. Mas sendo sincera, não havia mais nada que eu pudesse temer além do óbvio. O confronto viria em breve, e eu sabia bem que Vergil e seus aliados não estavam sendo pacientes, e sim astuciosos. E conhecendo-o como eu fazia, provavelmente não estava me subestimando tanto, o que não tornava o caminho mais fácil, mas ainda sim não era impossível.
Eu estava sentada em um banco no balcão da cozinha de Dan, enquanto ele preparava um pouco de café.
— Não acredito que você passou esse tempo todo escondendo tantas coisas.
Dan dá de ombros e se vira para despejar o café nas canecas.
— Eu não tive tantas opções assim. — Justifica. — Morte e vida, caça ou caçador. Eu vesti a roupa do caçador e fui em frente e olhe só onde estou agora. Nada mal para um fugitivo da Corte, não? — Ele me entrega a caneca azul escura e o vapor aromático e delicioso de café me vem ao nariz, relaxando todos os músculos do meu corpo.
— Eu entendo como se sente. — Encaro o café. — Isso explica o porquê de você não ir até Salariah.
— Ir até lá seria pedir para que me matassem. — Retruca após tomar um gole. — Eu me escondi aqui e tenho fingido desde então.
— Como demônios não matam você? Achei que pudessem saber.
— Eu tenho natureza humana, qual não é pura. Então os anjos e demônios não podem me encontrar com facilidade. E bem, os humanos são tão maus quanto qualquer demônio pode ser de vez em quando, já que agem de má-fé por vontade própria e não porque tem de fazê-lo. Logo, posso ser facilmente confundido com um demônio, e é por isso que vim para cá para não morrer.
— Então, o seu olho foi realmente-
— Foi um demônio, sim. Criaturas não racionais, não os Renegados como Ozes, Azaroth e afins, os humanais que falam e pensam. Demônios, aqueles animais que apenas ferem, esses sim são o mal que eu temo. — Ele gira a caneca entre suas palmas e sorri de leve. — Foi quando eu percebi o quão frágil eu poderia ser caso não me protegesse como deveria.
— E é por isso que não toca nada com suas mãos nuas e usa luvas o tempo todo. — Denoto.
— Apenas quando estou treinando os outros.
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As Peças Celestiais: Condenação (Livro ll)
FantasyEva perdeu tudo. E agora com a Auréola Lunar se aproximando, ela deverá tomar sua decisão final entre o bem e o mal para sempre. Ela será possuída por sua sede de vingança ou o amor poderá salva-la? O fim é apenas o começo.