1

327 21 26
                                    

(Kenna POV's)

- Peguem a garota!- escuto um dos guardas gritarem, enquanto eu tento correr mais rápido.

Eu não posso. Eu não posso voltar para aquele lugar.

Eu já estava cansada demais, eu sabia que não iria aguentar muito tempo. Mesmo se eu cometesse o mais hediondo crime, eles não iriam me matar, iriam me jogar naquelas celas, e torturariam até eu me render aos seus ideias e políticas.

- Rebeldes!- escuto um dos guardas gritar, corro mais rápido sem olhar para trás, eu conseguia ouvir gritos e barulhos de tiros e flechas sendo lançadas.

Eu fiquei tão assustada que acabei me desconcentrando e tropeçando em um galho, de modo que me machuquei.

- Porra!- escuto os barulhos ficando mais próximos, tento me rastejar, mas só consigo por alguns metros. Vejo um cara alto vindo em minha direção, tento ir mais rápido, mas aquele par de olhos azuis foi a última coisa que vi antes de desmaiar.

***

Acordo sem saber onde estou, tento me mexer mas fui amarrada em uma cadeira, percebo que tudo que eu fizer pra me soltar vai ser em vão. Avisto um cara no canto da sala, e meu medo aumenta.

- Acordou boneca?- ele vem até mim e para em minha frente, pegando meu rosto em suas mãos de forma bruta, me fazendo soltar um gemido de dor - Até que é bonitinha...- diz virando meu rosto e analisando, na primeira oportunidade cuspo em sua cara - Vadia!- ele me xinga, logo sacando um canivete e colocando a poucos centimetros do meu rosto.

Fecho os olhos com força, temendo o pior, mas abro quando escuto uma porta se abrir.

- Já chega Prenter- um cara de bigode diz, indo até a mesa e pegando uma garrafa - Beba, deve estar com sede - ele coloca a boca da garrafa em minha boca, bebo no mesmo instante, eu realmenteve estava sedenta.

Reparo nos outros três caras na sala, que tinham entrado atrás do de bigode.

Um tinha o cabelo na metade das costas, moreno, estava encolido no canto. O outro era alto, com cabelo cacheado na altura dos ombros, e um loiro que estava de costas.

- O que querem comigo?- falo baixo.

- Primeiro saber se não é uma deles...- o tal de prenter diz rodando a lamina entre os dedos, enquanto me olha de uma forma sem sentimento algum.

- Você pode por favor ser mais gentil com ela?- o cacheado diz entre dentes.

- Por que brian?- prenter diz com um sorriso cínico - Se interessou nela foi?- na hora meu coração dispara.

- Chega Paul...- o de cabelo longo intervi.

- Qual é! Qual foi a ultima vez que se deitaram com uma mulher?!- ele diz como se eu não estivesse na sala - Até que ela é boazinha vai...- ele diz vindo em minha direção.

- Encosta nela e você é morto- o loiro diz se virando, na hora reconheço o par de olhos azuis - sabe que não toleramos estupros nesse lugar- ele diz frio, e na hora prenter sai de perto de mim.

- Rapazes,- o loiro faz um sinal com a cabeça e todos saem da sala, ficando somente eu e ele.

- O que quer de mim? Onde eu estou? Quem são vocês?!- disparo de uma vez.

- Calma...- ele para na minha frente - tudo vai ser respondido na hora certa....

- Eu quero respostas, agora.- digo firme, e ele parece surpreso com minha atitude.

- Você é ousada sabia?!- diz cerrando os olhos - Eu te vi ontem na floresta fugindo, não parecia tão corajosa...

- Quem é você?- ignoro sua fala e pergunto mais uma vez.

- Me chamo Roger, Roger Taylor, e você?

- Kenna, só... Kenna.

- Entendi... Bom, me diz, o que te levou para aquela floresta ontem a noite?- ele diz cruzando os braços.

- Eu não aguentava mais. Ser vigiada vinte e quatro horas por dia, nunca poder acreditar em nada que estivesse nos jornais, ver como todos eram alienados durante os dois minutos de ódio- essa era minha parte mais odiada. Te obrigavam vaiar e ver imagens de Goldstein de modo ensurdecerdor.

E todos aceitavam como verdade absoluta. Modificavam Livros de história, jornais, apagavam todos os rastros de alguém apenas para manter seus ideais na cabeca do povo, moldando sempre que quisessem como uma massinha de criança.

- Compreendo...- ele começa a andar em circulos ao meu redor - Eu também nunca aceitei o jeito que as coisas são, trabalhei no ministerio da verdade e forjei muitas noticias em nome do grande irmão- ele faz uma pausa- Fugi durante uma das execuções em praça pública, pelos esgotos- ele explica - Mais alguns rapazes vieram junto, e sempre chegam mais escondidos.

- Vocês são como um partido contrario? Apoiam os ideais de Goldstein?

- Defendemos a liberdade de expressão, de imprenssa e reunião, então sim- ele se agaixa á poucos centimetros do meu rosto -defendemos os ideais de Goldstein- ele fica nessa posição por alguns segundos, depois dá a volta e fica atrás da cadeira.

- O que vai fazer?- pergunto assustada.

- Calma, vou te soltar- sinto suas mãos frias em meus pulsos desfazendo os nós, e a hora sinto meus pelos arrepiarem "mas que porra?"

- Vai precisar de um medico pra esse tornozelo- ele diz quando desfáz os nós em meu calcanhares, pegando meu pé de forma delicada e analizando.

- E quem você me sugere?- pergunto irônica.

- Brian é quem cuida dessas parte por aqui- ele dá de ombros.

- O cacheado?- ele concorda.

***

Dystopia ; Roger Taylor.Onde histórias criam vida. Descubra agora