20

66 13 122
                                    

Pai, por que voltou?

AYLA

Ao meu lado, sentou-se um garoto de pele morena, cabelo com corte curto e os fios com gel para cima. Olhei com mais atenção para a sua camiseta rosa clara e calça jeans. Sem dúvidas charmoso, mas sua expressão me faz sentir um incômodo incomum. Luan me olha de cima a baixo, com um sorriso largo. Provavelmente está bêbado demais.

— Oi, novata.

Já se passaram semanas e eu ainda sou novata?

“Acho que Luan estava se importando demais para reparar o tempo” a voz sarcástisca dentro de mim repara.

— Oi, desconhecido. — Pisquei como se estivesse flertando, mas com a intenção de desinflar o seu ego de garoto propaganda. Não consigo nem comparar com Isak, não teria argumentos, pois tenho certeza que sou uma tola assumida. Isak não parece ser tão cruel quanto deseja, nem Luan tão atraente como tenta transparecer flexionando os bíceps sobre o balcão. Eu já escolhi o babaca premiado.

— E então, curtindo? — continua.

— Curtindo o quê?

— O colégio, a festa... Eu e você aqui?

“Como não rir?”

— Ah, claro que estou — respondo.

— Está? — indaga Isak, ainda sentado atrás de mim e com Anny ao seu lado, me encarando e franzindo a testa ao inclinar as sobrancelhas.

Procuro em mim a força necessária para não explodir em risos e digo: — Claro que estou.

Luan encara Isak com o tipo de olhar que eu declararia como orgulhoso, já Isak apenas o olhou, rapidamente, de cima a baixo antes de virar-se para o balcão e beber um pouco do líquido dentro da garrafa. Anny ainda está ali, olhando-o e tagarelando enquanto balança um canudo colorido dentro do copo de plástico vermelho.

A voz de Anny-Marie saiu das caixas de som ao lado da mesa do DJ. Quando Luan me olha, sei exatamente o que quer.

— Quer dançar, Ayla?

— Eu hã... — Não achei uma resposta. Eu queria, mas...
Isak se levantou e segurou minha mão, transmitindo um arrepio certeiro na espinha.

— Quer?

Eu apenas sorri e ele interpretou como sim, o que de fato era. Levantei e me soltei de seus dedos, indo para o meio dos outros que já estavam no centro cantando, dançando e pulando, na energia de uma noite com muitos adolescentes, tendo a certeza de que Isak estava bem atrás de mim.

Me apresso em nos distanciar poucos metros e começo a dançar ao som de Friends, sabendo que ele estava logo ali, me observando, como eu gostaria que estivesse. Olho para ele e ergo um pé ao requebrar o lado esquerdo do quadril, trazendo o braço direito sobre a cabeça ao puxá-la na mesma direção, e deslizá-la pela frente do meu corpo com um sorriso sapeca ao reparar nos cantos erguidos da sua boca, enquanto ele observa a mim, somente a mim, com suas mãos nos bolsos do jeans. Ergo os braços para cima, movendo a cintura ao ritmo, em seguida, subo e desço os ombros o desafiando. Pensei que não seria capaz, mas, claro que Isak Mendes é.

Isak se aproxima, coloca uma mão na minha cintura e nos cola um ao outro, com sua testa na minha, mas logo o empurro e volto a encará-lo, esperando por mais. Seus olhos varrem dos meus pés aos olhos e sorri. Prontamente, tira a poeira inexistente do ombro e faz um passinho daquelas típicas “Dança de Rua"  — caramba, os pés dele são ágeis! — então, gira e senta-se sobre os calcanhares, acenando com a palma da mão acima do joelho. Ele quer que eu continue.

As mil melodias que cantei por você [Em Atualização]Onde histórias criam vida. Descubra agora