Capítulo 9 Florescer

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Roxie e Ikún

A noite se aproxima, e Ikún surge ansioso para ver o belo sorriso de Roxie novamente.

"Ela já sorriu para mim? Não importa, hoje a farei sorrir de alguma maneira."

Porém, Ikún é recebido por uma fada de cabelos claros, levemente azulados e olhos cheios de lágrimas, sentada em uma pedra que ficava em frente ao seu local de repouso.

— Roxie, você está bem? — Pergunta se aproximando rápido dela, abaixando-se para ficar da mesma altura — O que aconteceu?

— Estão mortos... — Roxie levanta a mão suja de sangue — Fui afagá-los e eles estavam mortos...

Ikún olha ao redor rapidamente, tentando encontrar sentido nas palavras da frágil fada, que a essa altura já estava envolvida por seus braços, e encontra um par de coelhos gordinhos, mortos aos pés de sua árvore.

— Seu amigo lobo os deixou aqui, as marcas neles, foram um lobo. — Roxie tenta explicar ainda visivelmente triste — E foi minha culpa, eu desafiei ele ontem...

— Ontem você estava certa, eu não devia ter favoritos, Âmbar sabe que eu não como caça, isso foi uma demonstração de que ele ainda pode caçar. — Ikún diz, ainda abraçando Roxie.

— Então eles morreram em vão...

Ikún não conseguia entender porque ver um par de coelhos mortos chocava tanto Roxie, certamente ela já encarou a morte centenas de vezes em sua vida imortal, mas algo nos olhos dela lhe lembrava a primeira vez que ele esteve frente a frente com a morte.

— Roxie, você está bem? — coloca a mão no ombro da fada, que parece prestes a desmoronar — Você conhecia esses coelhos?

Ela balança a cabeça negativamente e finalmente desvia o olhar do casal de coelhos, parando no olhar de Ikún, que só agora ela nota estar lhe abraçando.

— Não... eu não conhecia eles, mas eu nunca tinha tocado um cadáver antes.

— Realmente é difícil de acreditar, considerando que vivemos em um bosque com vários predadores, e seu trabalho é proteger este lugar contra invasores. — Ikún estava realmente descrente das palavras de Roxie, mas pelo olhar dela, o feérico sabia que ela falava a verdade, mesmo que não fizesse sentido.

— Não precisa acreditar em mim — diz, empurrando Ikún para trás — e como ousa se aproveitar do meu momento frágil para me abraçar?

— Eu apenas reagi assim ao te ver chorando, me perdoe.

Ele realmente não sabia o porque de abraçar Roxie tão instintivamente, apenas parecia certo e era um instinto que certamente não fazia questão de lutar contra.

— Quer enterrar os coelhos? — Pergunta para a bela fada sentada na pedra.

— Âmbar deveria comê-los ou levar para sua alcatéia, dar um sentido para a morte do pobre casal gordinho. — Se levanta e enxuga as lágrimas — Essa será sua missão nessa noite, guardião!

— Assim farei, guardiã do dia. — Ikún faz uma reverência para ela, mas não segura o riso.

— Está rindo de mim ou dos seus deveres? — Diz, assumindo sua pose com as mãos na cintura e bochechas vermelhas — É triste ver que a morte não te incomoda mais.

— Ela incomoda, acredite. Mas infelizmente depois de tanto tempo, eu me acostumei. — diz encarando a lua tomando conta dos céus — Eu não acho que você deveria ir para o fronte de batalha, você não está preparada.

Crônicas de Albaran: Amor de Fadas e Sombras (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora