Capítulo 8 Amanhecer

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Ikún e Roxie


O sol estava prestes a nascer e depois de uma longa noite de caça, Ikún e Âmbar estavam ao lado do grande carvalho onde a energia de Roxie descansava.

"Porque eu fui falar do cheiro dela? Onde eu estava com a cabeça?" — Se questionava olhando para a árvore, quando o primeiro raio de sol do dia entra por entre os galhos, iluminando o local de repouso da bela fada e ela, em um feixe de luz, surge diante de seus olhos.

— Certo! Hoje vou mostrar pra ele que eu não sou presa fácil! — Exclama Roxie assim que desperta.

— Bom dia, Roxie! — Diz Ikún seguido por um latido de Âmbar, que também parecia saudar a fada radiante. — Não espere que eu seja presa fácil também. — Diz sorrindo.

— Ora ora, quem está esgueirando quem agora? — Diz se recuperando da surpresa.

Ikún apenas sorri da resposta de Roxie.

— Bem, se está aqui me esperando deve ter uma intenção, diga o que quer para que eu possa seguir meus deveres. — exige cruzando os braços.

— Estou voltando de uma caçada com Âmbar e ele precisava parar para descansar, mera coincidência. — fala em um tom de brincadeira.
Âmbar vira a cabeça olhando para Ikún e se levanta mostrando que ainda tem vigor para caminhar.

— Seu lobo te traiu! Não pense que cairei em suas artimanhas. — Fala apontando para Ikún — Mas, você estava caçando com o lobo?

— Sim, ele está ficando velho e com a falta de caça no bosque ele precisa se aventurar nas planícies toda noite atrás de coelhos.

— Você é um guardião mesmo? — Diz fazendo referência a mesma pergunta feita por Ikún no último entardecer — Não pode ter favoritos! Somos guardiões do ciclo da natureza, temos que preservá-lo.

Ikún olha para o velho lobo cinzento ao seu lado e o afaga, porém Âmbar se afasta e desaparece em meio às árvores.

— Eu sei disso, mas por algum motivo me sinto culpado o deixando ir. — Ikún estava com o rosto baixo, Roxie podia sentir sua tristeza, ou seria arrependimento?

— Porque culpa? — ela se aproxima.

— Algo que eu fiz ou deveria ter feito no passado, sinceramente não sei. — tenta disfarçar com um sorriso — Ele é um bom companheiro e quem sabe eu esteja cansado de estar só.

Roxie é encarada pelo olhar triste e penetrante de Ikún e algo dentro dela queria apenas confortar o feérico, envolvê-lo em seus braços e dizer que tudo ficaria bem, mas ela também estava com aquele sentimento de solidão e não sabia como preenchê-lo.

— Quem sabe se você não fosse uma pessoa suspeita teria mais companhias. — responde contra seu próprio julgamento.

— Certamente as palavras de Alec'Sei tem grande efeito em você. — diz tentando voltar a sua postura original — Eu pareço tão suspeito assim?

— Mestre Alec'Sei se importa com minha segurança, já você... — desvia parcialmente o olhar — não parece ser tão mau assim.

— Isso quer dizer que eu venci novamente hoje? — Pergunta provocando Roxie.

— Isso quer dizer que se você não ficar mais falando coisas estranhas e manter uma distância segura, pode vir me ver às vezes. — Seus cabelos se tornavam mais rosados a cada palavra da frase.

— Eu adoraria isso. — diz em tom calmo, mas ainda expressando estar feliz.

O Sol estava expulsando os últimos vestígios da noite e Ikún tinha apenas poucos instantes até ser tragado para onde quer que fosse quando o dia nasce.

— Você pode fazer como eu fiz e seguir minha energia para descobrir onde eu repouso durante o dia, assim pode me esperar despertar caso assim deseje, é claro.

— Achei que estavam aqui por uma mera coincidência? — diz reconhecendo a artimanha de Ikún — Se eu terminar meus deveres cedo, quem sabe, eu possa ir.

A pequena fada despertava em Ikún uma força que ele desconhecia possuir para combater o nascer do dia, mas por mais que lutasse, o sono que o traga para o fundo do bosque o venceu.

— Espero que consiga tempo entre seus afazeres, pequena Roxie. Tenha um bom dia. — E volta em forma de energia ao fundo do bosque.

— Pequena? Tu que é enorme e... — ela nota estar falando sozinha — tenho muito o que fazer!

Ela podia tentar enganar quem estivesse ouvindo sobre suas ações, mas ela sabia que certamente estaria lá quando ele despertasse.

Crônicas de Albaran: Amor de Fadas e Sombras (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora